Por: DOM PAULO MENDES PEIXOTO
BISPO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP
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Na vida, a virtude da compaixão deve ser sempre acionada. É expressão de sentimento diante das dificuldades enfrentadas por muitos. O espírito de solidariedade é próprio da reação do coração sensível e aberto para ajudar os necessitados.
Há quem vive situações de total abandono e sem proteção. Faltam-lhe os recursos necessários para sobrevivência, podendo até cair no desespero e atitudes de agressão para defender a vida. É uma via de morte que acompanha o trajeto dos improvidos.
As atitudes de ternura e compaixão são o mínimo que devem acontecer. Não é fácil acolher quem é desproporcional, se todos deveriam ter as condições de vida digna. Entendemos que alguma coisa está errada. Nascemos para viver bem.
Mais do que compaixão, o Brasil apresenta sinais fortes de vida, mas vive afogado na prática da morte. São muitas as realidades contra a vida. É uma prática viciada de violência, de impunidade e de uma política que não liberta. Não enxerga o bem comum como prioridade.
As eleições têm sempre ares de esperança. Alguém precisa inaugurar um tempo novo, capaz de compaixão para salvar a nação do afunilamento no vício destruidor de seu povo. Alguém que seja capaz de identificar o clamor dos desesperados.
Não há vontade política sem uma ampla e efetiva reforma política. O vício do individualismo tomou conta de tudo e os políticos, em geral, não conseguem olhar além de seus próprios interesses. Não conseguem medir o rombo que afeta a dignidade das pessoas.
Alguém precisa devolver a vida e a esperança para o povo. Só é capaz de fazer isto quem for pessoa de Deus, quem se identifica com o projeto de vida, conforme a palavra bíblica: “Agora vejo que és um homem de Deus e que a palavra do Senhor em tua boca é verdade” (I Reis 17, 24).
O Brasil é país de um povo solidário, mas capaz também de jogar fardos pesados sobre os outros. Basta ver o absurdo dos impostos que todos pagam. Isto favorece atitudes de desonestidade, de sonegação e de caixa dois. Não é este o país que queremos.
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