A FAMÍLIA – ESPERANÇA PARA A HUMANIDADE!

*Sofro comum problema seríssimo de ler rapidamente um texto ou artigo, gostar e salvar para reler novamente mais tarde, saboreando cada palavra, cada mensagem… e assim, acabo lendo muuuuuita coisa “ao mesmo tempo”, digamos assim, e na ansiedade de não perder de vista depois, salvo no meu pc, mas sempre – e juro que não é por malícia mas fraqueza mesmo – sempre esqueço de anotar em algum cantinho quem escreveu ou de onde tirei… por isso peço perdão a quem possa estar “prejudicando” com isso, e também agradeço por compartilhar! Aliás, acho que essa mensagem devia ficar na minha barra lateral não é mesmo?! …rs…

1.     FAMÍLIA – QUE IDENTIDADE?
“O matrimônio e a família constituem um dos bens mais preciosos da humanidade”. Entretanto, hoje é comum dizer-se que a família está em crise. De fato, a família vive “uma situação  presente muito estranha e muito confusa”.
No contexto contemporâneo, as famílias parecem concentrar no seu seio todos os paradoxos. Elas são descritas simultaneamente como “importantes” e “em crise”. Crise essa cuja constatação é, por um lado, inevitável, e, por outro, não nos pode deixar no pessimismo e na inatividade.
Assim, importa identificar as sombras que escurecem a nossa visão da família devem ser identificadas, pois a ação pastoral tem de ter sempre em conta a realidade vivida. Três sombras, entre outras, se abatem hoje sobre as famílias:
– A superficialidade dos relacionamentos: Podemos dizer que o homem de hoje é o “homo stressatus”. Pára pouco ou nada para pensar. Vivemos a “cultura do vazio”, com a sua relativização de valores e princípios, perda de confiança num futuro melhor… Surgem egoísmos individualistas, pessoais e grupais, sem perspectiva do bem comum e de um bem pessoal integral.  Este vazio obscurece também o sentido da relação, tendendo a fazer do outro um “complemento utilitarista”. A família, considerada a célula básica da sociedade, tem sofrido ataques diversos, vindos uns da própria degradação dos costumes e do relativismo moral, além da própria legislação de muitos países. A moda da “união de fato” é bem um sintoma da superficialidade referida.
– A transitoriedade dos afetos: Uma vez que se cultiva a superficialidade relacional, surge a transitoriedade afetiva, no sentido de que se passa insaciavelmente de uma relação a outra, com claro risco de não se chegar a viver o amor em sentido profundo de doação e entrega recíproca. O pragmatismo apaga o horizonte da transcendência, numa sociedade sem substrato espiritual.  Uma das consequências do pragmatismo imediatista está  no acentuar de atitudes de individualismo e egoísmo cínico.
A transitoriedade manifesta-se, não só, na facilidade da separação, mas também e sobretudo, na pressa com que se passa a uma nova relação, mesmo que seja para terminar rapidamente.
A procura imediatista da felicidade:  Se a procura da felicidade faz parte da própria natureza humana e essa procura pode ser vista como uma procura indireta de sentido, também é verdade que hoje há uma certa impaciência em ser feliz e uma enorme falta de tempo para “construir” a felicidade. Por isso, exige-se uma felicidade “pronta a usar”. Dá-se assim uma alteração no conceito de felicidade e de realização humana, muito centrada no bem-estar material, no progresso económico, no prazer, com pouco lugar para a alegria e plenitude interiores, o que pode levar nomeadamente à corrupção do conceito de amor. E não admira, pois o consumismo apenas pode propor valores efémeros. Trata-se de uma felicidade “já”, com pouco espaço para a “paciência de ter filhos”.
2.     A ESPERANÇA CRISTÃ
Bento XVI, na sua recente encíclica sobre a esperança, distingue duas formas essenciais de esperança.
As pequenas esperanças:
É a partir da Páscoa de Cristo que brota para a humanidade a estrela da esperança. “Certamente, nos nossos inúmeros sofrimentos e provas sempre temos necessidade também das nossas pequenas ou grandes esperanças – de uma visita amiga, da cura das feridas internas e externas, da solução positiva de uma crise, etc. Nas provações menores, estes tipos de esperança podem mesmo ser suficientes.
No caso da família, as pequenas esperanças são formadas pelo espírito positivo, pela coragem, pelo otimismo em resolver os problemas, em sonhar formas de cultivar os valores essenciais.
A grande esperança:
Como afirma o Papa, “precisamos de esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. (…) Deus é o fundamento da esperança, aquele Deus que possui um rosto humano e nos amou até ao fim”.
Só alicerçados em Deus, poderemos viver a esperança, essa que não morre nem diminui diante das enormes dificuldades do nosso tempo.
A única forma de levarmos a esperança à família consiste certamente em mostrarmos famílias que alicercem toda a sua vida: de relação a dois, de amor e educação dos filhos, de participação na comunidade cristã e de inserção na sociedade, toda a sua vida na grande esperança que é Deus.
É este o grande alicerce da espiritualidade familiar, porque é também a base de toda a espiritualidade cristã.
3.     A GRANDE ESPERANÇA E A FAMÍLIA DE HOJE
Para que a família seja esperança, ela tem de viver na esperança.
Um dos sinais de que a família vive na esperança, a grande esperança, está em cultivar um amor verdadeiro, em que o eros não é desprezado, mas elevado pela ágape. Assim, o amor torna-se “êxtase”, “não no sentido de um instante de inebriamento, mas sim como caminho, como êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus”.
O amor não é um procurar-se a si próprio, mas partir constantemente à procura do outro, que, por sua vez, nos remete para o encontro do Totalmente Outro.
Assim, “a aliança de duas pessoas, um homem e uma mulher, como comunidade de amor que dá vida, é a participação humana naquele amor divino que “foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo” (Rom 5, 5)”. E essa participação há-de dar frutos, frutos de “amor, entrega e doação”.
Mostrar às famílias qual a fonte do seu amor e que o amor divino  é também o horizonte em direção ao qual a sua entrega deve sempre crescer… Mais, testemunhar que este amor-ágape projeta constantemente a família para a plenitude de harmonia e felicidade… Esta é certamente a grande boa-nova que precisamos, em Igreja, de anunciar neste nosso tempo.
A família como esperança:
Por fim, se a família encontra a sua esperança, a grande esperança, ela torna-se naturalmente, fonte de esperança para o nosso mundo, na construção da enunciada “civilização do amor”.
Esta esperança há-de ser traduzida em ações concretas, tais como:
– Atenção especial “à educação para o amor nos jovens e noivos, através de específicos itinerários de preparação para a celebração do sacramento do matrimônio”. Se a realidade se alterou tanto, não será que as práticas pastorais não devem também mudar, concretamente por uma catequese específica sobre a vocação matrimonial?
– Solicitude aos recém-casados, acompanhando-os também depois da celebração das núpcias. Se o futuro da família se decide nos primeiros anos, não deveríamos procurar formas de apoio e acompanhamento?
– Encontrar uma pastoral familiar de apoio ao longo da vida, a exemplo do que já fazem alguns movimentos eclesiais. Não seria desejável aproveitar essa experiência para uma ação mais abrangente?
– Ajudar os cônjuges a “entender melhor o carácter sagrado da procriação e do amor procriador”, colocando-se ao serviço de uma cultura da vida.
– “Ocupar-se também das situações dos crentes que se divorciaram e voltaram a casar pelo civil. Eles não estão excluídos da comunidade; pelo contrário, são convidados a participar na sua vida, percorrendo um caminho de crescimento no espírito das exigências evangélicas”, apesar de certos limites dessa participação.
– Ajudar a família de hoje a tomar consciência da sua “influência decisiva na educação humana e cristã dos filhos”.
– Por fim, “destacar a importância da família como ambiente de vida cristã em que a vocação pode desenvolver-se e crescer”.
CONCLUSÃO:
Importa, antes de mais, testemunhar a alegria de ser família alicerçada na grande esperança, vivendo um amor feliz e aberto aos sofrimentos da humanidade, fazendo-se um com todos, como Jesus Cristo que quis ser um de nós e nos ama “até ao fim”.
Juntamente com esse testemunho, importa que as comunidades se consciencializem que é preciso uma ação acompanhada por profunda e serena reflexão, isto é uma ação “especializada”. Isto para que a esperança se torne uma grande “árvore”, a dar frutos eivados dos valores do amor, respeito, entrega, abertura e paciência. Frutos de uma esperança “desestressada”.                                           

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