Por sua vocação, ao acolher o catequizando com deficiência, o catequista tem em mãos a fórmula da partilha e da solidariedade para “curar” o preconceito e a exclusão existentes na sociedade doente, com necessidade do amor de Deus. Por isso é possível considerá-los como os farmacêuticos do Pai, uma vez que esses profissionais elaboram fórmulas e remédios para curar doenças.
Nossa sociedade é deficiente, pois sofre a síndrome do preconceito, que não conhece nenhum tipo de tratamento que a amenize. A única terapia para obter sua cura será o amor incondicional demonstrado e vivido pelas crianças denominadas por ela como deficientes, mas crianças que são PhD no amor incondicional e na experiência da solidariedade e do respeito ao outro.
Diz a história que José, dono de uma bem-sucedida farmácia numa cidade do interior de Minas Gerais, era bastante inteligente, mas não acreditava na existência de Deus, pensava apenas no seu mundo material.
Certo dia, estava fechando a farmácia quando chegou aos prantos uma criança de aparentemente dez anos, dizendo que sua mãe estava passando mal e que se não tomasse o remédio logo iria morrer e ele não poderia ficar sem a mãe que tanto amava. Muito nervoso, e após a criança muito insistir, resolveu reabrir a farmácia e pegar o remédio.
Sua insensibilidade naquele momento era tal que acabou pegando o remédio no escuro, sem ler o nome e até mesmo seu princípio ativo. Sem saber disso, o menino pegou o vidro, agradeceu e saiu dali às pressas. Minutos depois, já no caminho de sua casa, o farmacêutico se arrependeu, voltou para trás e reabriu as portas para conferir o remédio. Aí se deu conta de que havia dado o medicamento errado e se a mulher o tomasse teria morte instantânea.
Desesperado tentou alcançar a criança, mas não teve êxito, já estava longe. Sem saber o que fazer e com a consciência pesada, ajoelhou-se e começou a chorar e a dizer que se realmente existisse Deus que não o deixasse passar por assassino e que mudasse o princípio ativo do remédio. De repente, sentiu uma mão tocar-lhe o ombro esquerdo e ao virar, deparou com a criança a dizer: “Senhor, por favor, não brigue comigo, mas é que caí e quebrei o vidro do remédio, dá para o senhor me dar outro?”.
Muitas pessoas não conhecem Deus, não tiveram ainda uma experiência de vida com Ele e, por isso, pensam que não Ele existe. Ele está em nós, mas se não O permitirmos entrar em nossos corações, Ele jamais forçará a entrada.“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir Minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e tomaremos a refeição, Eu com ele e ele Comigo” (Apocalipse 3,20).
Deus nos deu liberdade, mas, mesmo sendo livres, a melhor escolha é ficar completamente presos ao Seu amor e à Sua misericórdia. “Entrega ao Senhor o teu futuro, espera Nele, que Ele vai agir” (Salmo 37,5).
Em força do seu Batismo, todo catequista recebe a missão de acolher e anunciar aos catequizandos excluídos da sociedade o que é ser filho de um Deus que ama e acolhe os diferentes sem discriminar ninguém.
Catequistas, Jesus deixa uma mensagem para vocês: “Não tenham medo” (Mt 28,5). Os catequizandos correrão até vocês levados pela velocidade do Pai para curar a sociedade-mãe, pois, sem o remédio que possuem, morreremos no individualismo e no preconceito.
Vamos seguir o exemplo de Maria e responder como ela: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua palavra” (Lucas 1,38).
“Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-Lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (Documento de Aparecida, n. 18).
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