Ser inútil significa incapacidade de alguém produzir frutos na vida, ou uma quase falta de serventia e sintoma de esterilidade. Jesus falou da figueira estéril (Lc 13,6-9). Ela ocupava espaço no terreno e nunca produzia figos. O dono da terra quis cortá-la, mas foi impedido pelo cultivador, dizendo: vou cuidar melhor dela. Quem sabe, no ano que vem, ela vai produzir frutos!
Todas as pessoas têm alguma capacidade para fazer o bem. Capacidade que também pode se converter em maldade, em frutos amargos e prejudiciais para a sociedade. Parece que a atual cultura vem criando abertura para a prática do mal, motivando pessoas inescrupulosas entrarem para o mundo de todo tipo de violência e criminalidade. São práticas que deprimem a dignidade humana.
No contexto da prática cristã, nenhuma pessoa é inútil na sociedade. Mas há necessidade de motivações positivas para que as ações também sejam como frutos bons e saudáveis. Recai sobre as instituições e pessoas de bem o fardo de uma educação que motive as novas gerações para a importância de construir uma cultura com responsabilidade. Pesa sobre as famílias essa incumbência.
Não existe neutralidade natural nas pessoas. Produzindo ou não, todas elas são objetos e sujeitos da prática do amor. Mesmo aqueles que nascem totalmente marcados pela impossibilidade física e/ou mental, são assumidos com carinho por alguém, acontecendo gestos fecundos de gratuidade e alegria. O sentido da vida humana ultrapassa todo tipo de condicionamento.
Falando da figueira estéril, citada acima, podemos dizer que o dono dela, e do terreno onde foi plantada, é Deus; o cultivador é Jesus Cristo; e a esterilidade é comparada com as pessoas que não colocam seus dons para realizar as coisas boas. Ninguém foi criado para destruir a natureza. Quem constrói a realização da vida participa da obra criadora pertencente ao Criador, a Deus.
Estamos no Ano da Misericórdia, tempo próprio para as pessoas descobrirem seu papel de utilidade na sociedade. A maldade e a falta de Deus no coração, não só ocasionam situação de desprezo e atos irresponsáveis, como a violência, mas também a perca de oportunidade para uma vida otimista e feliz. Não podemos deixar passar as oportunidades que temos para ser melhores.
Por Dom Paulo Mendes Peixoto – Arcebispo de Uberaba (MG)
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