O modelo literário do relato de 2Reis 4,42-44 nos faz lembrar a multiplicação dos pães do Evangelho. A ideia fundamental é que, quando se partilha o pouco que se tem, o alimento dá para todos e ainda sobra. Não deixa de ser uma proposta profética e ousada para os tempos que vivemos. A multidão dos famintos vai aumentando cada vez mais, enquanto os poucos milionários vão engordando suas fortunas.
São Paulo, da prisão, sem saber do seu destino futuro, escreve aos efésios com uma forma de escrever que mais parece um testamento. O que no Livro dos Reis era partilha do pão, em Efésios 4,1-6 a partilha é dos dons interiores, que se transformam em gestos concretos, bases para edificação da unidade, fruto do esforço e do trabalho de todos com a graça e a ação do Espírito de Deus.
Jesus se encontra em região pagã e deserta. Diante de si, uma multidão faminta. O local é descampado e aquelas pessoas merecem uma provisão alimentar para não passar fome devido à distância.
Indagados, os discípulos são rápidos em fazer contas e chegar à conclusão de que, para alimentar aquele povo, precisam pelo menos do correspondente a um ano de trabalho de um homem. No entanto, do mais inesperado, de uma criança, é que vem a solução.
Cinco pães de cevada e dois peixes dão um total de sete, símbolo da totalidade, tudo que aquele povo possuía. Pão e peixe, símbolos eucarísticos, e o Messias alimentando a multidão como em um grande banquete escatológico. O povo está sentado, em sinal de dignidade, como pessoas livres.
São João se preocupa em dizer que há relva naquele lugar (cf. João 6,1-15). Todos se alimentam à vontade. Quando há partilha, quando se ouve e se cumpre sua Palavra, ninguém passa fome. O número cinco pode significar alguns e, acrescido de mil, torna-se uma multidão. Jesus abençoa o pão, pois é Deus quem o concede.
O próprio Jesus é quem o distribui para a multidão. O trabalho dos discípulos é recolher os pedaços que sobram, pois nada pode ser desperdiçado com o dom de Deus. O número doze lembra as doze tribos de Israel. O alimento deu para todos e ainda sobrou para todos se alimentarem novamente.
Jesus alimenta uma multidão com um mínimo de recursos disponíveis. A partilha e a bênção alimentam a todos. A multidão o aclama como o profeta esperado, mas querem fazer dele um rei. Jesus percebe e se retira para o monte. Que lições de vida se pode tirar dessa multiplicação dos pães?
“O Rosário é, por natureza, uma prece orientada para a paz, precisamente porque consiste na contemplação de Cristo, Príncipe da Paz e ‘nossa paz’ (Ef 2,14). Quem assimila o mistério de Cristo – e o Rosário visa a isso mesmo – apreende o segredo da paz e dele faz um projeto de vida. Além disso, devido ao seu caráter meditativo com a serena sucessão das ave-marias, exerce uma ação pacificadora sobre quem o reza, predispondo-o a receber e experimentar no mais fundo de si mesmo e a espalhar ao seu redor aquela paz verdadeira que é um dom especial do Ressuscitado (cf. Jo 14,27; 20,21).” (João Paulo II, Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, 40)
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