Mas o que é a Via Sacra? O exercício da Via Sacra consiste em que os fiéis percorram o caminho de Jesus que carrega a Cruz desde o pretório de Pilatos até o monte Calvário, meditando simultaneamente a Paixão do Senhor. Esse rito, muito usual no tempo da Quaresma, teve origem na época das Cruzadas (entre os séculos XI/XIII): os fiéis que então percorriam na Terra Santa os lugares sagrados da Paixão de Cristo quiseram reproduzir no Ocidente a peregrinação feita ao longo da Via Dolorosa em Jerusalém.
O número de estações ou etapas dessa caminhada foi sendo definido paulatinamente, chegando à forma atual, de quatorze estações, no século XVI. O Papa João Paulo II introduziu, em Roma, a mudança de certas cenas desse percurso não relatadas nos Evangelhos por outros estações narradas pelos Evangelistas. O exercício da Via Sacra tem sido muito recomendado pelos Sumos Pontífices, pois é ocasião de frutuosa meditação da Paixão do Senhor Jesus.
A “Via Sacra” compreende quatorze estações ou etapas, cada uma das quais apresenta uma cena da Paixão a ser meditada.
Percorramos, portanto, rapidamente o histórico da “Via Sacra” para entendermos o significado dessa prática.
Há certas devoções do povo cristão que nada mais são do que a forma simplificada de exercícios de piedade solenemente praticados pelos cristãos antigos ou medievais.
Tal é o caso, por exemplo, do Santo Rosário. Na antiga Igreja os ascetas tendiam a rezar diariamente ou, ao menos, a intervalos regulares os 150 salmos da Sagrada Escritura. Com o tempo, porém, esta tarefa tornou-se impraticável, seja porque a vida cotidiana se tornou mais complexa, seja porque os fiéis foram perdendo o entendimento dos salmos; daí a substituição destes por 150 “Ave Marias” distribuídas em dezenas; cada uma das quais representa um dos mistérios de nossa Redenção (por sua vez os salmos nos falam dos mistérios do Redentor e do seu Reino na terra).
Pois bem; nesta série deve-se enumerar também a Via Sacra. Já que a peregrinação aos lugares santos da palestina é um ideal para todo cristão, ideal, porém, que nem todos conseguem realizar, a Igreja consentiu em que os fiéis pratiquem uma peregrinação em espírito, enriquecida de graças semelhantes às que estão anexas a uma verdadeira peregrinação. É o que se dá justamente no rito da Via Sacra.
Desde os primórdios do Cristianismo, os fiéis dedicaram profunda veneração aos lugares santificados pela vida, a morte e a glorificação do Senhor Jesus. De longínquas regiões afluíam à Palestina, a fim de lá rezar, deixando-nos, em conseqüência, suas narrativas de viagem, das quais as mais importantes na antigüidade são a de Etéria e a do peregrino de Bordéus, no século IV.
Voltando às suas pátrias, esses peregrinos não raro procuravam reproduzir, por meio de quadros ou pequenos monumentos, os veneráveis locais que haviam visitado.
Em 1187, porém, apareceu o primeiro itinerário que visava à via percorrida pelo Senhor Jesus ao carregar a cruz. Somente no fim do séc. XIII começaram os fiéis a distinguir nesse itinerário etapas ou estações, cada uma das quais dedicada a um episódio da paixão de Cristo.
A Via Sacra é uma oração que tem como objetivo meditar na paixão, morte e ressurreição de Cristo. É o reviver dos últimos momentos da sua vida na Terra. São 15 estações, que nos ajudam a percorrer um caminho espiritual e a compreender melhor a pessoa de Jesus e o amor que teve por nós ao ponto de se deixar matar, sofrendo muito, para que todos nós aprendêssemos o que é verdadeiramente amar.
O Superior Geral dos Oblatos de São Francisco de Sales, Pe. Aldino Kiesel, fez uma reflexão para a Rádio Vaticano.
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