O mês de agosto ficou consagrado como “Mês Vocacional” em 1981 pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, na sua 19ª Assembléia Geral. Em 1983, reforçando esta caminhada, foi celebrado em todo o Brasil um Ano Vocacional. O objetivo principal foi o de instituir um tempo, o mês de agosto, voltado prioritariamente para a reflexão e a oração pelas vocações e ministérios. Este ano de 2011 o tema proposto para nossa reflexão é: “Anunciar a Palavra que gera Vida”.
A atenção às vocações constitui para cada diocese uma das prioridades pastorais.
Com abundância e gratuidade, o Senhor lança a semente da Palavra de Deus, mesmo consciente de que ela poderá encontrar um terreno inadequado, que não lhe permitirá amadurecer por causa da aridez, ou que apagará a sua força vital, sufocando-a no meio dos arbustos espinhosos. No entanto, o semeador não desanima, porque sabe que uma parte desta semente está destinada a encontrar o “terreno bom”, ou seja, corações ardentes e capazes de acolher a Palavra com disponibilidade, para fazê-la amadurecer na perseverança e para lhe oferecer de novo o seu fruto com generosidade, em benefício de muitos. Eis o sentido de toda vocação!
A imagem do terreno pode evocar a realidade das famílias; um ambiente às vezes árido e árduo do trabalho vocacional; os dias do sofrimento e das lágrimas. A terra é principalmente o coração de cada homem, de modo particular dos jovens, aos quais o serviço de animação vocacional dirigi um trabalho de escuta e de acompanhamento: um coração muitas vezes perturbado e desorientado, e, no entanto capaz de conter em si uma grande vontade de doar-se totalmente: dedicando sua vida por amor a Jesus, capaz de segui-lo com a totalidade e a certeza de ter encontrado o maior tesouro da existência. O jovem anseia por algo realizante, e em Cristo está a grandeza e a realização da vocação. Quem semeia no coração do homem é sempre e só o Senhor. Só depois da sementeira abundante e generosa da Palavra de Deus é possível aventurar-se pelas sendas do acompanhamento e da educação, da formação e do discernimento vocacional. Seguir a Cristo é uma grande aventura. Porém, Deus merece esse risco e o jovem deve desejar aventurar-se neste seguimento.
Existe outra palavra de Jesus, que utiliza a imagem da semente, e que se pode comparar com a parábola do semeador: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, permanece ele só; mas se morrer, dará muito fruto” (Jo 12, 24). Aqui o Senhor insiste sobre a correlação entre a morte da semente e o “muito fruto” que ela há de produzir. O grão de trigo é Ele, Jesus. O fruto é a “vida em abundância” (Jo 10, 10), que Ele nos adquiriu mediante a sua Cruz. Esta é também a lógica e a verdadeira fecundidade de toda a pastoral vocacional na Igreja: como Cristo, o sacerdote e o animador devem ser um “grão de trigo”, que renuncia a si mesmo para cumprir a vontade do Pai; que sabe viver escondido do clamor e do rumor; que renuncia à busca desta visibilidade e grandeza de imagem que hoje em dia, com freqüência, se tornam critérios e até objetivos de vida em muitas partes da nossa cultura, fascinando muitos jovens.
Esta renúncia deve ser antes de tudo uma realização que seja testemunho para que outros desejem viver o mesmo ideal, pois “o testemunho suscita vocações”.
Conquistado por Cristo, São Paulo foi um suscitador e um formador de vocações, como se vê muito bem nas saudações das suas cartas, onde são citadas dezenas de nomes próprios, ou seja, rostos de homens e de mulheres que colaboraram com ele no serviço do Evangelho.
Possa nossa diocese descobrir o valor e a alegria em doar-se a cada dia com liberdade na vocação para a qual fomos chamados. E que nossa vida suscite muitas e generosas vocações para a Igreja de Cristo.
Que o Senhor da messe e Pastor do rebanho nos ilumine neste mês tão especial para nossa Igreja!
Pe. Leandro dos Santos
Assessor Diocesano do Serviço de Animação Vocacional
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