Para aqueles que desejam seguir um itinerário de vida espiritual, e em sua jornada encontram o empecilho dos escrúpulos, surge o grande testemunho de Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, que com a sua experiência, faz haurir nos horizontes da vida espiritual turvada pelo escrúpulo, o amor Misericordioso de Deus.
Em uma luminosa noite de Natal, a jovem Teresa recebe de Jesus a graça de se libertar dos escrúpulos, entendendo que não por seus esforços, mas por graça de Deus poderia ascender na vida espiritual: “Num instante a obra que não pudera cumprir em dez anos, Jesus a fez contentando-se com a boa vontade que nunca me faltara” (Ms A, 45v). Mergulhando no Amor Misericordioso de Deus, Teresa aceita suas limitações e que não por ela, mas Deus que lhe inspirou este bom propósito de ser santa, podia então Ele mesmo realizá-lo: “Deus não poderia inspirar desejos irrealizáveis, portanto posso, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade; não consigo crescer, devo suportar-me como sou, com todas as minhas imperfeições”. (Ms C, 2v) e compreende meditando nas sagradas escrituras, no livro do profeta Isaías, que os braços de Jesus são o elevador que deve elevá-la até o céu (Cf. Ms C, 3f). Assim, Teresa nos ensina que é necessário abandonar-se nos braços de Jesus, deixar com Ele nos conduza, como ela mesmo reza: “desejo ser santa, mas sinto minha impotência e vos peço ó meu Deus! Que sejais vós mesmo minha Santidade” (Or.6)
Portanto, deixando as ambições egoístas de perfeição (escrúpulo), reconhecendo quem somos e quem Ele é, se pode deixar com que o Amor Misericordioso preencha o nosso nada, sendo Ele mesmo o tudo em nós, se abandonado nos seus braços, como nos deixou o exemplo Santa Teresa de Lisieux.
Frei Higor F. de Oliveira, Noviço Carmelita
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