Trastornos da atenção das crianças
24/08/2010O predomínio educativo da televisão
24/08/2010Em outubro do ano passado tivemos uma série de desgraças familiares. A mais importante, constituída pela morte de meu sogro, foi motivo para longas conversas com minha esposa, meus filhos e eu.
Antônio, assim se chamava meu sogro, vivia há alguns anos conosco e com seus oitenta e um anos era a pessoa mais velha que vivia em casa, e morreu muito rapidamente, sem manifestar nenhuma doença, sem dar-nos tempo para preparar nosso ânimo para este triste evento. Isto nos levou a pensar como enfrentar o problema de dar a notícia a nossos filhos e ajudá-los logo a superar a dor, fizemos como pudemos, agora já sabemos como enfrentar uma situação como esta. Então me dei conta de que quase sempre nos preparamos para a morte de um ser querido , mas não nos preparamos para ajudar a nossos filhos neste assunto. Segue aqui alguns conselhos.
* É importante explicar de forma clara a nossos filhos o acontecido. Não é bom dizer que a pessoa falecida foi viajar, nem dizer que dormiu. Ambas afirmações criam nas crianças a idéia de que esta pessoa retornará de sua viagem ou despertará de seu sono. Sabe-se também que algumas crianças que temem dormir porque identificaram o sono com a morte.
Não se deve temer o uso de palavras como “morte” ou “morto” que, nas crianças maiores, dará uma idéia clara do que aconteceu
* Não é bom ser muito detalhado sobre como aconteceu a morte do ser querido, a explicação deve ser breve e clara.
* Deve-se estar atento e esquadrinhar os sentimentos das crianças já que, os mais pequenos, costumam ter a sensação de ser culpáveis da morte do ser querido. Deve ser explicado de forma clara que o que eles tenham dito ou pensado não provocou a morte do ser querido.
* As crianças, segundo suas idades, entendem a morte de diversas maneiras. Em geral os mais pequenos não entendem o significado da morte até os três anos. Entre os três e os cinco anos costumam considerar a morte como um estado reversível e temporário. Depois dos cinco anos entendem que a morte é um estado definitivo, mas até os dez anos não acreditam que possa acontecer com eles. Então aos dez anos costumam entender que a morte é um estado definitivo e que necessariamente todos chegamos a ela. Claro que isto não é matemático e muitas das crianças que já passaram pela triste experiência que significa perder um ser querido, costumam ser muito adiantados na compreensão deste fenômeno.
* Acredito que não se deve impedir que participem do velório enterro, embora tampouco se deve obrigar a participar disso. No caso de que eles queiram estar presentes, deve ser-lhes explicado anteriormente o que vão ver nesse momento. Ao permitir-lhes participar destes eventos lhes damos a possibilidade de experimentara sensação de uma despedida definitiva.
Nossos filhos participaram do velório de seu avô, rezaram junto com sua mãe, e serviram de consolo a sua mãe que também pôde ajudá-los a entender a situação.
* Não devemos temer chorar diante de nossos filhos, eles compreenderão e nos acompanharão na dor, mas acredito que devemos evitar situações de gritos escandalosos e sinais de desesperação, podem deixar neles uma imagem sumamente negativa e desesperançada.
* Se a criança sente desejos de expressar sua dor, não devemos impedi-lo. Talvez o melhor é ajudá-lo a que o fazem comunicando-lhes que nós também compartilhamos essa pena.
Quando a dor não é exteriorizada pode se manifestar de maneiras não conscientes (pesadelos, dificuldades na escola, etc.)
* As crianças se sentem mais consolados com um abraço que com palavras sentidas.
* Se tem-se fé e se acredita na vida eterna, a questão será mais simples, menos penosa. Porque essa separação definitiva, se transforma na esperança de nos reunirmos com a pessoa amada no final de nossos dias na presença do Pai Eterno.