A Quaresma é uma oportunidade para um verdadeiro retiro espiritual, tempo de recolher-se, deixar a exterioridade e a euforia para buscar a interioridade e o conhecimento de si mesmo. Uma das formas de buscar esse caminho de espiritualidade é refletir sobre a vida e as dores de Nossa Senhora. As dores e sofrimentos de Maria não a deixaram triste e acabrunhada, mas, pela fidelidade à graça e pela certeza da ação de Deus em sua vida, ela manteve sempre viva a esperança e a certeza da vitória.
De fato, entre tantas alegrias, a vida de Maria esteve acompanhada de acontecimentos que lhe causaram inúmeras dores e sofrimentos. Nela nós, e especialmente as mães, podemos nos espelhar a fim de encontrar força e superação nesta caminhada rumo à ressurreição.
A dor da profecia de Simeão: “uma espada transpassará tua alma” (Lc 2,34) acena para a insegurança em relação ao futuro do Filho e a possibilidade de dificuldades por causa de sua missão.
A dor da fuga para o Egito: a família de Nazaré se vê obrigada a fugir do inimigo Herodes e migrar para um país distante (cf. Mt 2,13-21), como tantos que migram em busca de melhores condições de vida, como nós mesmos migramos espiritualmente para crescer na fé.
A perda do Menino Jesus no templo (cf. Lc 2,41-51) faz pensar nas aventuras de crianças e adolescentes que “aprontam”, deixando os pais preocupados e apavorados. A alegria de tudo ficar bem faz esquecer a ansiedade e preocupação.
Jesus enfrenta forças poderosas e é condenado (cf. Lc 23,27-31) nos remete à tristeza que se abate sobre o coração de Maria, assim como no coração de tantas mães vendo seus filhos condenados em algum presídio.
A morte de Jesus na cruz (cf. Jo 19,25-27) faz pensar que pior que a prisão é a morte de um filho. Isso faz o coração de Maria e de muitas mães sangrar; muitas mães, diante da morte de um filho, parecem perder o sentido da própria vida. Espelhar-se em Maria faz reviver.
Maria recebe o Filho morto nos braços (cf. Mt 27,55-61): haverá dor igual à dor de Maria? Mãe e Filho, união na morte para ressuscitar na glória. A morte lembra o estágio que precede a vida, como a semente lançada na terra.
Sob o olhar de Maria, o corpo do Filho é colocado na sepultura (cf. Lc 23,55-56). Se aos olhos humanos tudo parece ter fim, pelo olhar da fé é da morte que a vida vai brotar. A esperança sem limites nos faz crer e não nos deixa nunca desanimar!
Nossa Senhora da Quaresma e das Dores, rogai por nós!
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