Por: DOM PAULO MENDES PEIXOTO
BISPO DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO – SP
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A história leva consigo muitos valores, convicções e formas de agir do povo. Isto está dentro do contexto dos relacionamentos e costumes sociais. Entre os antigos, prosperidade material e sucesso eram bênçãos; pobreza e esterilidade, eram sinais de maldição.
A dinâmica de Jesus inverte essa prática. Para ele os abençoados não são os ricos e bem sucedidos, mas os que têm fome e choram, os pobres e os perseguidos. É deles a esperança de vida com dignidade. Por isto são os preferidos em sua ação.
A proposta de Jesus para o povo é de uma sociedade alternativa, onde a justiça, a partilha e a fraternidade são notas marcantes. É daí que vemos os contrastes de nossa sociedade. Poucas pessoas concentram muita riqueza e muitos não têm nada.
Para uma vida mais saudável de todos, a nossa atenção tem que se voltar para os que mais precisam. Eles dependem de nossa solidariedade e partilha. Quem muito tem deve sensibilizar-se e colocar os seus bens numa dimensão social, acudindo quem não tem.
O acúmulo atrai e se transforma num deus. Isto faz o coração perder a dimensão de Deus e das pessoas. Na visão do profeta Sofonias, a única saída é a pessoa despojar-se do egoísmo e ser mais sensível às bem aventuranças divinas.
Não é a prosperidade material que realiza e faz as pessoas serem felizes. O mais importante é a prosperidade de cunho espiritual, dentro da expressão bíblica, que diz: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5, 3).
A palavra “pobreza” tem diversos aspectos: econômico, social, cultural, espiritual, falta de dignidade e de direitos, privação de liberdade, marginalização, exploração, injustiça, opressão etc. Jesus foi o primeiro pobre, que sendo rico se fez pobre por nós.
Podemos concluir que, pobreza e riqueza, antes de ser uma questão econômica, são atitudes do coração, que atingem o ser da pessoa e a maquiam por trás do ter e do não ter, do poder e do não poder. É a perda da identidade querida por Deus.
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