Baseado em vocações reais.
Às 06h da manhã do domingo, algo me chama. E não é o despertador. Enquanto a maioria repousa, eu faço o sinal da cruz e me levanto. Hoje, não tomarei um café da manhã prolongado com meus filhos, com meu esposo ou com meus pais, pois eles acordarão mais tarde. Me arrumo e, discretamente, ao abrir a porta da rua, vejo o dia que raia, com um sol de verão (ideal para um momento de lazer).
Saio de casa. Fecho a porta (sem fazer barulho). Para trás, fica a semana atarefada – trabalho e serviço de casa durante o dia, e estudos à noite. Minhas pernas ainda estão exaustas da labuta, mas encontro forças para caminhar. Ao chegar à esquina, olho à esquerda e avisto a rua de subida que me leva a um encontro marcado. A caminhada é cansativa e pesada, mas o que carrego no coração me entusiasma e torna leve a minha alma. Passo a passo, medito, penso sobre o propósito que tenho a realizar neste dia.
Ao alcançar o destino, sou a primeira. Mas logo, encontro: encontro pessoas que procuram o mesmo que eu tenho buscado. E assim me faço presente – em todos os sentidos da palavra -,
na qualidade de quem pretende fazer ecoar. Nessa jornada, encontro pessoas (com suas diversas histórias) que esperam de mim um sorriso acolhedor, uma palavra amiga, um cumprimento afetuoso. Pessoas que também apressaram o café de manhã com seus filhos, com seus pais, que abriram mão de 2 ou 3 horas de sono preguiçoso, que prescindiram de um tempinho a mais de estudo para o concurso público, que dispensaram o convite de ir à praia ou que se atrasarão um pouco mais para fazer o almoço de domingo. Por isso, tenho que fazer valer a pena esse momento e transbordar o que há de mais precioso no meu ser.
Sou uma pessoa comum, que tem sonhos, mas também meus dilemas e lutas diárias. Não ouso ser chamada mestra ou professora. Apenas uma peregrina que caminha há bastante tempo mundo afora buscando encontrar algo que, incrivelmente, está dentro de mim mesma:
O Deus interior que me habita. Pela Igreja, sou chamada catequista. No dia a dia, sou conhecida como mãe, filha, esposa, colega de profissão, amiga. E em todos esses papéis, busco, na medida do possível, levar o meu melhor e espalhar a boa semente na vida daqueles que passo.
Assim como o escritor Rubem Alves, admiro quem planta árvores, mesmo sabendo que não se assentarão à sua sombra.
Talvez, não verei as árvores, muito menos os frutos.
Não faço ideia de que futuro meus catequizandos terão.
Tampouco, o que levarão de mim.
Mas, continuo a plantar. Não somente por um dia. Mas, em cada dia.
A todos aqueles que doam seus domingos, sábados ou segundas-feiras…por vezes, semanas. Anos.
Ou até mesmo, a vida toda.
Por Solane Velozo
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