Quem nunca passou dos limites na hora de comer? Seja no almoço de domingo ou em aniversário de criança? Há também aquela comida favorita ou o caso de mulheres que abusam de algum alimento na TPM. O que muitos não sabem é que para sair da eventualidade e desenvolver um transtorno há uma linha muito tênue que os divide.
Comer desregradamente, sem que haja controle sobre o comportamento, deixando-se levar pela impulsividade e prazer é uma doença que pode atingir tanto homens quanto mulheres. Essa doença é diagnosticada pelo nome de Transtorno do Comer Compulsivo e trata-se de episódios de comer compulsivo. Segundo o DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- 4ªedição), o transtorno refere-se a episódios recorrentes de ataques de comer:
1- Comer num breve período de tempo uma quantidade de comida considerada maior do que a maioria das pessoas comeria;
2- Uma sensação de falta de controle durante os episódios, sentimento de que não pode parar de comer ou controlar o que está comendo;
3- sentimento de raiva ou angústia durante ou depois da alimentação compulsiva;
4 – diferente da bulimia, não há uma tentativa de compensar pela alimentação com vômito, jejum ou excesso de exercícios.
Na esfera psíquica, o Transtorno de Comer Compulsivo pode ser acompanhado por fobia social, retraimento social, transtorno de ansiedade, transtorno de humor/irritabilidade, depressão atípica e transtorno dismórfico (distorção da imagem corporal).
O que pode causar uma compulsão alimentar? A causa normalmente não é única, podendo ser uma combinação de diversos fatores biológicos, psicológicos e sociais. No entanto, vamos nos ater ao fator psicológico. Quando criança, corremos um grande risco de aprender que o alimento não é apenas uma forma de alimentar o físico, mas também de alimentar o emocional.
O bebê chora de sono e a mãe o amamenta; chora por sentir alguma dor, e a mãe amamenta; chora por diversos motivos, pois essa é a forma que ele utiliza de se comunicar, e a mãe o amamenta. Com isso, o que acontece? A criança não aprende a distinguir a forma correta de se alimentar e vincula suas reações emocionais ao alimento, tornando-se um adulto com grande predisposição a desenvolver algum transtorno alimentar. Se estou feliz, como; se estou triste, como; se estou angustiado, como; se estou com raiva, como; estressado, como… Assim, “sacio” minha emoção com o alimento. A queda na autoestima, o sentir se sozinho e a alteração no humor também podem desencadear um ato de comer compulsivo, pois a pessoa encontra a “companhia” que tanto deseja no alimento.
No entanto, é preciso entender que se trata de uma doença que possui tratamento. Se você se reconheceu em alguns desses comportamentos, procure ajuda, não se perca em suas emoções e em sua alimentação. Promova sua saúde.
Aline Rodrigues Silva dos Santos
CRP24474-04
Psicóloga clínica
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