Caríssimos catequistas, nosso ministério requer que sejamos pessoas de fé e que vivamos experiências eclesiais autênticas, representando nossas comunidades. A comunidade eclesial é origem e meta da catequese (cf. Diretório para a catequese, 133), onde aprendemos, pela experiência pastoral, o verdadeiro significado do processo evangelizador. Aprendemos que estamos disponíveis, em nome da Igreja, para o serviço de acolhimento, educação da fé e acompanhamento de todos os irmãos e irmãs que são atraídos para Cristo Jesus.
A comunidade é lugar de escuta. Nela escutamos a voz de Deus a nos chamar, as urgências de nossa comunidade, os anseios de nossos catequizandos e famílias, as orientações para o discernimento pastoral e para a realização dos itinerários da fé. Todos os itinerários serão efetivos no envolvimento e no despertar de uma vida cristã autêntica quando nós, catequistas e toda a comunidade, em diálogo dermos passos para a construção de uma pastoral orgânica, ou seja, assumindo a responsabilidade de construirmos uma comunidade mais missionária, mais catecumenal, mais eclesial e mais histórica.
O estudo 95 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sua terceira parte, vai falar sobre algumas urgências para a catequese hoje.
Uma catequese mais missionária: uma vez que a família e a cultura não transmitem mais a fé como deveriam, a catequese precisa ir ao encontro das pessoas que procuram a comunidade ou que são chamadas por ela, para a comunicação integral da Boa nova da Salvação; não somente como tarefa dos catequistas, mas de toda a comunidade.
Uma catequese mais catecumenal: uma catequese renovada, que apresenta um itinerário catequético permanente, como processo exigente e prolongado de apresentação e compreensão dos mistérios da fé, precisa manter o foco em Jesus Cristo a fim de que todos os envolvidos sigam com fidelidade e determinação os passos de Cristo.
Uma catequese mais eclesial: o itinerário catequético não pode ser entendido como escola ou cursinho passageiro, que termina com a entrega de um certificado, mas como um processo de educação da fé, processo que leva a pessoa a uma vida de amizade com Cristo, oração, participação nas celebrações litúrgicas e na vida comunitária. A catequese tem seu lugar na comunidade eclesial porque a Igreja é espaço, sujeito e meta da catequese.
Uma catequese mais histórica: nos últimos cinquenta anos, podemos registrar avanços significativos para a catequese, pois podemos verificar a valorização da Bíblia como texto principal da catequese, a busca de conhecer a pessoa, quem é o catequizando, em suas diferentes idades e realidades, a metodologia adequada para atender às diferentes expressões de vivência comunitária da fé, considerando que todo “batizado, chamado à maturidade da fé, tem direito a uma catequese adequada” (Diretório para a catequese, 224), e a integração da família, enriquecendo a vida de muitas igrejas domésticas. Assim, a catequese vai acolhendo os pequenos e os grandes desafios do ser humano, propondo um verdadeiro e um profundo diálogo entre a vida e a Palavra de Deus.
Catequistas, é urgente resgatarmos a nossa identidade de formadores. Somos formadores de novos discípulos de Jesus Cristo e, para isso, precisamos desenvolver uma catequese fundamentada nas verdades da fé que vamos entregar, com palavras e com testemunho, aos nossos catequizandos. Temos um papel fundamental na formação de cada pessoa que vai, aos poucos, edificar a sua vida cristã como convertida ao Senhor.
Bem sabemos que não somos especialistas em tudo, mas, como fomos iniciados à vida de fé, somos iniciadores e acompanhadores no processo de conhecimento, vivência, celebração e proclamação da fé. É por isso que a catequese assume sua dimensão importante da evangelização, pois se torna permanente, uma vez que leva o catequizando para a vida interna da comunidade e desperta nele o desejo de testemunhar sua fé, dentro e fora dela.
É urgente, também, reconhecermos nossos lugares como discípulos. Cada catequista é um aprendiz, que aprende o que ensina e ensina aprendendo. Para Paulo Freire, “Quem ensina aprende ao ensinar. E quem aprende ensina ao aprender”. É nesse lugar de aprendizes que vamos crescendo na vida de fé, rumo à maturidade de Cristo (cf. Ef 4,13). Somos discípulos missionários, buscando viver a intimidade com Jesus e revelar seus ensinamentos; ao mesmo tempo em que a saciamos, provocamos a sede de Deus. Nossa missão é oferecermos uma catequese adequada que desperte a pessoa para o desejo de uma adesão pessoal e comunitária a Cristo.
Sabemos que nossos desafios são muitos, que nossa missão como catequistas tem suas deficiências e suas sombras, mas, com determinação e perseverança, vamos encontrando inspiração e motivação para acolhermos as luzes que vão iluminar nossa caminhada catequética. Podem ser pequenos sinais de avanços, mas a alegria de anunciar o Evangelho se sobrepõe aos obstáculos e a esperança de construir uma comunidade fraterna e orante fortalece o nosso “sim”. Como os apóstolos, testemunhas oculares de Jesus, vamos anunciando a Boa-Nova como testemunhas de fé, peregrinos da esperança e artífices da paz.
Nunca deixemos que o cansaço e o medo nos impeçam de caminhar, que o desânimo nos enfraqueça e que a tristeza roube de nós a alegria e a ousadia. Avancemos para “águas mais profundas” (cf. Lc 5,4), buscando alcançar a inquietude que ocupa o coração do ser humano. Que o processo de iniciação à vida cristã desperte em nós o compromisso na efetivação de uma catequese com inspiração catecumenal.
Com Cristo, vamos ancorar nossa esperança no hoje de nossa história para dialogarmos com todos numa fecunda entrega de serviço e de amor.
Continuemos juntos na missão!
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