Estamos iniciando, hoje, uma série sobre a Bíblia para formação de nossos catequistas. Sairá quinzenalmente, sempre com o mesmo título. Será mais enriquecedor se o estudo for feito por mais pessoas.
Qual o motivo desta série?
Pode-se observar que falta para muitas pessoas um maior conhecimento da ligação entre o Antigo (Primeiro) e Novo (Segundo) Testamento. Na Liturgia dominical há sempre uma ligação entre a primeira leitura e o Evangelho do dia, mas isto, geralmente, passa despercebido para a assembléia, e assim se perde uma grande oportunidade de perceber a beleza da unidade dos dois Testamentos.
Uma outra razão destes artigos é despertar o gosto pela beleza literária dos textos bíblicos. A Bíblia é um livro de linguagem alegórica, simbólica e poética que deve ser conhecida e saboreada. Se tomarmos tudo ao pé da letra, perderemos a profundidade da mensagem. Os autores da Bíblia foram grandes sábios e poetas. Sabemos que os poetas se expressam através de linguagem figurada para poder expressar sentimentos profundos, difíceis de dizer numa linguagem concreta. Nestes artigos, gostaríamos de abrir os olhos, os ouvidos, a sensibilidade para essa linguagem tão profunda usada na Bíblia tão frequentemente.
Mas, para se chegar a tudo isto, é necessário tomar a Bíblia na mão, fazer as leituras e rezar as orações assim como vão sendo indicadas. Se fizermos uma simples leitura deste artigo, sem fazer a leitura na própria Bíblia, nada feito. Deve-se reservar, ao menos, uma meia hora para estudar e saborear aquilo que é apresentado aqui. E assim veremos como vamos gostar de ler a Bíblia e rezar com ela.
O primeiro tema que vamos abordar, hoje, é A ALIANÇA
Sabemos que Deus fez uma Aliança com seu Povo. Mas, o que quer dizer isto?
A palavra “aliança” nos lembra do anel de casamento que os noivos colocam no dedo um do outro. Esta aliança é símbolo do amor e da fidelidade que os dois se prometem. É por isso que a aliança é redonda, não tem começo nem fim. Ela é de ouro, o que indica a duração para a vida toda.
Deus faz Aliança com seu povo, isto é, “Deus se casou” com seu Povo numa união de amor e fidelidade para sempre! Há muitos textos na Bíblia que falam sobre isto. Citamos, hoje, um do livro do Profeta Oseias:
“Eu me casarei com você para sempre, me casarei com você na justiça e no direito, no amor e na ternura. Eu me casarei com você na fidelidade e você conhecerá Javé” (Oseias 2,21-22).
Pode haver palavras mais bonitas sobre o amor de Deus para com seu Povo?
O Rei se casa com uma menina pobre e rejeitada
Há um texto no livro do Profeta Ezequiel que descreve, numa linguagem toda poética, este casamento de Deus com Israel. (Este é o momento de tomar a Bíblia na mão e procurar o texto em Ezequiel, capítulo 16, versículos 1 a 14)
Vamos ler, com toda calma, o texto e saborear a linguagem figurada e a profundidade da mensagem. Observem que Israel é comparado a uma criança pobre e abandonada, jogada no lixo quando nasceu. Mas, passou o “príncipe encantado” e se casou com ela. Enfeitou-a com roupa bonita e muitas jóias.
Se quiserem continuar, depois, a leitura, verão que a “escolhida” não respondeu à sua vocação e se entregou a outros amores. Na Bíblia, quando o povo segue outros deuses e os adora, é chamado de “prostituto”. . Assim, Israel se tornou uma prostituta, uma esposa infiel. Isto explica, talvez um pouco, porque, no Antigo Testamento, Deus fica, muitas vezes, com muita raiva, castigando seu povo. É o marido fiel que se sente traído!
Alguns momentos de interiorização e oração
Hoje, vamos terminar esta primeira parte com a leitura do Profeta Isaías, 43,1-5a e 54,10.
Façam silêncio, abram-se à Palavra e cada um sinta-se a pessoa a quem Deus se dirige.
Observem a linguagem poética e o amor inabalável de Deus.
Para terminar, repitamos o último versículo citado, que pode nos acompanhar durante a semana:
“Mesmo que as serras mudem de lugar,
ou que as montanhas balancem,
meu amor para contigo nunca vai mudar,
minha Aliança perfeita nunca há de vacilar,
diz o Senhor, o teu apaixonado.”
(Durante a quinzena, poderão refletir sobre o lindo texto, em Oseias 11,1-4.8-9)
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