Com a proposta de resgatar a importância do diálogo em meio ao contexto de polarização em nosso país, a Comissão da Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2021 se reuniu na quarta-feira, 11 de março, em São Paulo (SP), para dar continuidade aos encaminhamentos de produção do Texto-Base, escolha do hino e da identidade visual da campanha, que pretende pensar o diálogo a partir da premissa do amor. A campanha ecumênica é realizada a cada cinco anos pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).
Organizado no método ver, julgar e agir, o subsídio vai apontar uma série de iniciativas que ajudarão a colocar em prática as propostas incentivadas pela Campanha. Essa será a primeira vez em quase 60 anos que o diálogo aparece como temática da Campanha da Fraternidade Ecumênica que recebeu mais de 100 propostas de tema.“No atual contexto em que vivemos, percebemos que há diversos entraves para o diálogo. O que aconteceu conosco que já não estamos dialogando mais? Temos o desafio de provocar a pensar: como é que anda o diálogo entre nós? Na família, dentro da Igreja, entre as religiões e o grande diálogo com o Outro, que é próprio Deus. Quando há ausência desse diálogo com Deus perdemos a capacidade de dialogar com o outro”, destaca o secretário executivo de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista.
“Eu tinha levado algumas sugestões do seminário nacional da CNBB e a questão do diálogo apareceu. Fizemos a defesa da fraternidade e o diálogo. A partir da contribuição das outras Igrejas e no desejo de dar continuidade à campanha desse ano chegamos a este tema. Qual é a das face do amor que se compromete? O amor que dialoga, que senta, que escuta, que vê a perspectiva de ambos os lados ”, disse.
A conclusão do texto-base da campanha será no Seminário Nacional da CF, de 16 a 19 de julho, no Centro Cultural Missionário (CCM), em Brasília (DF). Em relação aos editais para o hino e cartaz da CF 2021 os prazos foram prorrogados. Para o cartaz as propostas podem ser enviadas ao Conic até o dia 13 de abril e para o hino até o dia 31 de maio.
Para o padre Patriky, hoje a escuta é a profecia que vai potencializar nossa ação. “Por isso, que a campanha de 2021 possa ser uma oportunidade das Igrejas darem esse testemunho, porque mesmo com as diferenças doutrinais, mesmo com pontos de vista distintos, o que nos une é a experiência com Cristo e aquilo que Ele nos ensina. Ele dialogava com todos – menos com as forças do mal. Então, é possível dialogar mesmo com as diferenças porque aquilo que nos une é maior do que o que nos divide”.
O Conic é constituído pelas Igrejas Católica Apostólica Romana (ICAR), Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Presbiteriana Unida (IPU), a Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA) e a Aliança de Batistas do Brasil. Além da Igreja Betesda, como igreja observadora, e o Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e à Educação Popular (Ceseep), como membro fraterno.
A última Campanha da Fraternidade Ecumênica realizada pela CNBB e pelo Conic foi em 2016 com tema “Casa comum, nossa responsabilidade” e lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5.24), com foco no saneamento básico, desenvolvimento, saúde integral e qualidade de vida aos cidadãos.
A primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica foi realizada em 2000, com o tema “Dignidade humana e paz” e lema “Novo milênio sem exclusões”. A segunda, em 2005, abordou “Solidariedade e Paz” e “Felizes os que promovem a paz”. A Campanha de 2010 tratou da “Economia e Vida”, a partir do lema “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”.
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