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15/11/2021Perder uma pessoa amada é algo realmente doloroso e vemos isso acontecer todos os dias a milhares de pessoas. Uma das questões difíceis nesse momento é como falar da morte com crianças?
Dizer por exemplo: “Virou uma estrelinha”, não protege a criança como imaginamos e desejamos, mas ao contrário, isso a deixa confusa. A melhor maneira de fazer isso é responder as perguntas e dúvidas com sinceridade. Não tenha medo de usar a palavra morte para explicar que o animalzinho de estimação ou alguém querido morreu. Ser verdadeiro, direto e honesto é a melhor solução.
AS PERGUNTAS MAIS COMUNS QUE AS CRIANÇAS FAZEM SÃO:
1- Ele(a) não vai voltar mais?
Nos jogos e games, as vidas acabam e se regeneram muito rapidamente. Por isso, é importante explicar que a morte na vida real é irreversível, que a pessoa não voltará mais, mas que a pessoa permanece viva na nossa memória. Quando a criança pergunta onde está a pessoa, podemos dizer que ela foi para onde vão as pessoas que morrem, que foram para junto de “papai do céu”. E que nos encontraremos depois da morte.
2- Eu também vou morrer?
É fundamental e importante explicar para a criança que todo mundo que está vivo um dia vai morrer. Mas não é agora, para isso é preciso sofrer um acidente, ficar doente ou bem velhinho. “É uma sensação angustiante na vida pessoa descobrir a própria mortalidade. Mas é parte do amadurecimento”, afirma a psicóloga Maria Helena Pereira Franco.
3- Por que ele(a) morreu?
Os pequenos costumam ter o que chamamos de “pensamento mágicos” e podem achar de que a morte é culpa dela. Por isso, é importantíssimo explicar a causa da morte, que pode ser uma doença, uma violência, um acidente. A morte não vem do nada. Se a pessoa que morreu já estava doente, o melhor a fazer é ir preparando a criança para o que pode acontecer e ela não ser pega de surpresa.
4- Posso ir ao enterro?
Muitas pessoas com desejo de proteger a criança do sofrimento não permitem que ela participe dos rituais de despedida. Incluir a criança nesses rituais é determinante na compreensão que ela terá da morte. Ela é também parte da família, e como tal, deve participar tanto do velório quanto no enterro.
À sua maneira ela tem o direito de se despedir da pessoa que partiu. Diz a psicóloga, Maria Julia Kovács: “Incentive rituais, como plantar uma árvore, fazer um desenho, fazer uma oração, tudo para lembrar a pessoa. A ideia é não esquecer, é ter na memória.”
RESUMINDO:
1. Fale a verdade, conte o que aconteceu e permita que a criança faça perguntas.
2. Deixe que ela participe do enterro e do luto da família.
3. Ajude a criança a manter quem morreu em suas lembranças.
4. Não julgue, não engane e abra espaço para a criança expressar seus sentimentos.
Como diz o Dr. Alan D. Wolfelt, P.H.D., “o luto é um processo, não um evento. As crianças, assim como os adultos, vão passar ou estar nesse processo por um tempo longo”.
A criança enlutada precisa da compaixão e da presença de um adulto próximo, não somente nos dias ou semanas após a morte de alguém querido, mas também nos meses e anos a seguir. Conforme vão crescendo e amadurecendo as crianças vão naturalmente processar o luto em novos e mais profundos níveis”.
O Papa Francisco tratou do luto na família na sua catequese do dia 17 de junho do ano passado. O Santo Padre destacou que a fé restitui a esperança das famílias que se encontram nessa situação de dor: “Todas as vezes em que a família, no luto, encontra a força de preservar a fé e o amor que nos unem àqueles que nos amam, ela impede já agora a morte de pegar tudo”.
E o Papa deixou um conselho sobre como enfrentar essa situação de luto: com fé e um maior trabalho de amor. “Na fé, podemos nos consolar um com o outro sabendo que o Senhor venceu a morte de uma vez por todas. Nossos entes queridos não desapareceram na escuridão do nada. A esperança nos assegura que eles estão nas mãos boas e fortes de Deus”.
Gostaria de relembrar por fim que as crianças fazem parte da família. A criança que passa pelo processo do luto cercada de amor, apoio e suporte familiar, tende a viver melhor o luto e se tornar um adulto mais mentalmente saudável.
FONTE: VATICAN NEWS