Dúvidas sobre a Quaresma
01/03/2021Papa: rezar é dialogar com Deus. Não cair na soberba de desprezar a oração vocal
21/04/2021Recentemente, em nosso perfil no Instagram, publicamos uma série de respostas a dúvidas de nossos seguidores sobre o tema Confissão. Umas das perguntas mais frequentes que recebemos foi sobre a frustração de confessar sempre o mesmo pecado.
Quando confessamos sempre o mesmo pecado, isso significa que deixamos nossa alma se escravizar por um vício espiritual. Temos a culpa de não ter cortado decididamente aquele mal de nossa vida logo no princípio… Em vez disso, acariciamos alimentamos o nosso “monstro” de estimação tempo demais… E agora ele está com presas e garras enormes, e mais forte do que nunca!
É como andar em círculos, sempre voltando ao mesmo ponto. Assim, não podemos confiar somente em nossos próprios esforços: precisamos da GRAÇA de Deus para nos tornar pessoas novas.
O que Bento XVI tem a nos dizer sobre isso? Em um encontro com crianças no Vaticano em 2005, uma menina chamada Lívia lhe perguntou se deveria se confessar mesmo quando cometesse os mesmos pecados, “Porque eu sei que são sempre os mesmos”. Ele respondeu:
É verdade, geralmente, os nossos pecados são sempre os mesmos, mas fazemos limpeza das nossas habitações, dos nossos quartos, pelo menos uma vez por semana, embora a sujidade é sempre a mesma. Para viver na limpeza, para recomeçar; se não, talvez a sujeira não possa ser vista, mas se acumula. O mesmo vale para a alma, por mim mesmo, se não me confesso a alma permanece descuidada e, no fim, fico satisfeito comigo mesmo e não compreendo que me devo esforçar para ser melhor, que devo ir em frente. E esta limpeza da alma, que Jesus nos dá no Sacramento da Confissão, ajuda-nos a ter uma consciência mais ágil, mais aberta e também de amadurecer espiritualmente e como pessoa humana.
– Bento XVI. Discurso em 15 de outubro de 2005
Então, PONTO 1: não devemos desanimar, ainda que voltemos a cair no mesmo pecado grave muitas vezes. “Mas o que o padre vai pensar de mim? Falo sempre as mesmas coisas…”. Talvez ele esteja mesmo te achando uma criatura péssima, mas convenhamos, isso é o que menos importa agora. Esqueça isso (pois a imagem que o padre faz de você não afeta sua vida em nada) e concentre sua mente e seu coração em tirar os pés do caminho do Inferno.
E agora, o que tenho que fazer? Me sinto impotente! O Papa Francisco dá a chave para solucionar a questão: conhecer a si mesmo, descobrir a RAIZ do mal:
Falando de pecados, de defeitos, de doenças, sempre há uma necessidade de chegar à raiz. Porque senão as doenças permanecem e retornam. É experiência cotidiana essa atitude de frustração, de amargura quando me confesso e sempre digo as mesmas coisas. Se você, quando vai à confissão, percebe que há sempre o refrão, pare e pergunte o que acontece. Porque senão há aquela amargura: isso não muda… Não. Você precisa de ajuda. Amargura, frustração vem quando você sente que não pode mudar, você não pode curar. Pare e pense.
Há uma sensação de impotência, mas o Senhor quer que cresçamos com a experiência da cura. (…) É um sinal de redenção, um sinal de que ele veio fazer: curar nossas raízes. Ele nos curou completamente: a graça cura em profundidade. Não anestesia, cura. (…)
Mas como fazer isso? (…) Sozinho, você não pode: sozinho ninguém pode se curar. Ninguém. Preciso encontrar alguém para me ajudar. O primeiro é o Senhor. Tendo identificado a doença, identificou o pecado, encontrou a falha, identificou a raiz – a raiz amarga dos quais falam os hebreus – descobriu que raiz de amargura, a primeira coisa é falar com o Senhor, “Veja isso que estou passando, eu não posso me deter, eu sempre caio na mesma coisa… “. E então, procure alguém para te ajudar, vá para “cirurgia”, isto é, vá para alguma boa alma que tenha esse carisma de ajuda. E não necessariamente tem que ser um padre: o carisma do acompanhamento espiritual é um carisma leigo que nos é dado pelo batismo – até os padres o têm, porque são batizados, graças a Deus! -; pode ser a comunidade, pode ser uma pessoa idosa, um jovem, o cônjuge … Em suma, ser ajudado por outra pessoa e dizer: “Veja esta realidade …”.
Converse com Jesus, converse com outro, converse com a Igreja. Eu acredito que este é o primeiro passo. Então, será útil ler algo sobre esse tópico. Há coisas bonitas, também existem métodos para resolver algumas dessas doenças. Há dois anos dei aos Cardeais, para saudações de Natal, uma coisa muito bonita que foi escrita pelo padre Acquaviva: “Accorgimenti per curare le malattie dell’anima”. (…) Isso também ajuda, para identificar as doenças: “Ah, eu tenho isso!”, E como curá-las. Leia algo que é recomendado para você. Mas sempre olhe para frente. Eu posso fazer tudo isso: orar, conversar com outro, ler … Mas o único que pode curar é o Senhor. O único!
– Papa Francisco. Discurso em 14 de maio de 2018
Em resumo, esse é o caminho apontado pelos papas:
1 – Não desistir jamais de confessar, ainda que sejam sempre os mesmos pecados;
2 – Orar; falar com Jesus sobre o seu problema, o seu vício espiritual, e implorar o Seu socorro;
3 – Procurar acompanhamento espiritual (também chamada de “direção espiritual) com alguém maduro na fé, que lhe ajude a identificar a raiz do seu pecado (saiba mais aqui);
4 – Ler sobre o tema das doenças espirituais.
Aqui, apontamos também o PONTO 5, conforme a orientação do padre americano Mike Schmitz: buscar ter VERDADEIRO ARREPENDIMENTO e RENUNCIAR ao pecado, invocando o nome de Jesus.
Sim, pois muitas vezes, quando nos confessamos, temos apenas um arrependimento imperfeito. Não estamos realmente convictos do mal que o pecado nos traz (ainda nesta vida), e ainda nos agarramos à satisfação que o pecado nos traz. E assim deixamos um fio solto, que o capeta volta a puxar logo que saímos do confessionário.
A confissão com arrependimento imperfeito (atrição) é válida: Deus é tão bom que nos perdoa mesmo assim. Porém, sem contrição (arrependimento por amor a Deus), recebemos menos graças.
Confira a seguir o vídeo com a orientação do Pe. Mike Schmitz!
Se nos incomoda é porque precisar dar atenção a isso… Só não pode desanimar, viu?!
Fonte: O Catequista!