A Solenidade de Corpus Christi (Corpo de Cristo) acontece sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade. O mistério da Eucaristia é solenemente celebrado pela Igreja sendo o único dia do ano em que o Santíssimo Sacramento sai em procissão em nossas ruas. Nesta Solenidade, os fiéis agradecem e louvam a Deus pelo inestimável dom da Eucaristia, na qual o próprio Senhor se faz presente como alimento.
O Corpus Christi foi celebrado a primeira vez em 1247, na diocese de Liège, na Bélgica, por iniciativa da freira Juliana de Mont Cornillon, que desde jovem tinha veneração ao Santíssimo Sacramento. Santa Juliana teve consecutivas visões de um astro semelhante à lua, totalmente brilhante, porém com uma incisão escura. O próprio Jesus Cristo revelou que a lua significava a Igreja, a sua claridade as festas e, a mancha, sinal da ausência de uma data dedicada ao Corpo de Cristo. Ao levar o caso para o bispo local, foi instituída a festa na diocese.
Na Solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo celebramos a mais plena união do Esposo com a Esposa, pois é na Comunhão Eucarística que Jesus une-se de forma plena com a Igreja, ou seja, com cada fiel que professa e vive a fé do Corpo de Cristo. O Papa Emérito Bento XVI nos explica: “A Eucaristia é o Sacramento do Deus que não nos deixa sozinhos no caminho, mas se coloca ao nosso lado e nos indica a direção. Ele mesmo se fez “via” e caminha juntamente conosco, para que a nossa liberdade tenha também o critério para discernir o caminho justo e percorrê-lo”.
Em um profundo entendimento acerca da concepção da Eucaristia, Santo Inácio de Antioquia nos ensina que: “Cuidai de participardes de uma só Eucaristia, porque há uma só carne de nosso Senhor Jesus Cristo e um só cálice para a união com seu sangue, um só altar, como um só bispo com os presbíteros e os diáconos, meus companheiros de serviço”. Enfim, a unidade da Igreja é manifestada em sua realidade específica e objetiva quando os fiéis se reúnem em torno do Bispo “o mesmo lugar”, para receberem a comunhão do único pão e do único cálice.
Santo Agostinho nos ensina que a Eucaristia cria a Igreja: “É o mistério de vós mesmos que é colocado sobre a mesa do Senhor; é o mistério de vós mesmos que recebeis. É ao que sois que respondeis Amém e ao que por vossa resposta aderis. Com efeito, quando ouvis as palavras ‘Corpo de Cristo’, respondeis Amém. Sede membros do Corpo de Cristo, para que esse amém seja verdadeiro” (Sermão 272). Somos nós, os fiéis, que somos oferecidos e consagrados na Eucaristia: “Vós está lá, na mesa, vós está lá, no cálice” (Sermão 229). Pela comunhão do corpo eclesial: “Se receberdes, sois o que recebestes” (Sermão 227). O Corpo de Cristo, a Igreja, se oferece, portanto, para se tornar o Corpo de Cristo sacrificado, o sacramento: “Eis o sacrifício dos cristãos, esse corpo único, que nós, muitos, formamos em Cristo (Rm 12,5); é o sacrifício que a Igreja celebra no sacramento do altar, tão conhecido dos fiéis; por ele mostra-se à Igreja que, ao oferecê-lo, é também oferecida a Deus” (A Cidade de Deus 10, 6).
Rezemos juntos a Sequência da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo
Terra, exulta de alegria, louva teu pastor e guia com teus hinos, tua voz!
Tanto possas, tanto ouses, em louvá- -lo não repouses: sempre excede o teu louvor!
Hoje a Igreja te convida: ao pão vivo que dá vida vem com ela celebrar!
Este pão que o mundo o creia! por Jesus, na santa ceia, foi entregue aos que escolheu.
Nosso júbilo cantemos, nosso amor manifestemos, pois transborda o coração!
Quão solene a festa, o dia, que da santa Eucaristia nos recorda a instituição!
Novo Rei e nova mesa, nova Páscoa e realeza, foi-se a Páscoa dos judeus.
Era sombra o antigo povo, o que é velho cede ao novo: foge a noite, chega a luz.
O que o Cristo fez na ceia, manda à Igreja que o rodeia repeti-lo até voltar.
Seu preceito conhecemos: pão e vinho consagremos para nossa salvação.
Faz-se carne o pão de trigo, faz-se sangue o vinho amigo: deve-o crer todo cristão.
Se não vês nem compreendes, gosto e vista tu transcendes, elevado pela fé.
Pão e vinho, eis o que vemos; mas ao Cristo é que nós temos em tão ínfimos sinais…
Alimento verdadeiro, permanece o Cristo inteiro quer no vinho, quer no pão.
É por todos recebido, não em parte ou dividido, pois inteiro é que se dá!
Um ou mil comungam dele, tanto este quanto aquele: multiplica-se o Senhor.
Dá-se ao bom como ao perverso, mas o efeito é bem diverso: vida e morte traz em si…
Pensa bem: igual comida, se ao que é bom enche de vida, traz a morte para o mau.
Eis a hóstia dividida… Quem hesita, quem duvida? Como é toda o autor da vida, a partícula também.
Jesus não é atingido: o sinal é que é partido; mas não é diminuído, nem se muda o que contém.
Eis o pão que os anjos comem transformado em pão do homem; só os filhos o consomem: não será lançado aos cães!
Em sinais prefigurado, por Abraão foi imolado, no cordeiro aos pais foi dado, no deserto foi maná…
Bom pastor, pão de verdade, piedade, ó Jesus, piedade, conservai-nos na unidade, extingui nossa orfandade, transportai-nos para o Pai!
Aos mortais dando comida, dais também o pão da vida; que a família assim nutrida seja um dia reunida aos convivas lá do céu!
Fonte: comshalom.org
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