Mapa ilustra os 500 anos das aparições marianas pelo mundo
16/05/2019Conhecida como auxiliadora dos Cristãos, saiba mais sobre Nossa Senhora Auxiliadora
20/05/2019JUNHO
- O primeiro missionário evangelizador em terras brasileiras
- São Barnabé, filho da consolação
- Histórico de Santo Antônio de Pádua
- 12 chaves para compreender o dogma da Santíssima Trindade
- Uma visão e um milagre: a origem de “Corpus Christi”
- Natividade de São João Batista, o “profeta do Altíssimo”
- Qual a origem da devoção ao Sagrado Coração de Jesus?
- Conheça a origem da devoção ao Imaculado Coração de Maria
- 7 chaves para entender por que São Pedro e São Paulo são celebrados juntos
O sacerdote Jesuíta José de Anchieta nos remete, de maneira quase que inevitável, ao passado da nossa nação. É impossível falar desse Apóstolo do Brasil, como é conhecido, sem recordar fatos históricos da colonização desta Terra de Santa Cruz. O reconhecimento da sua santidade vinha sendo aguardado pela Igreja do Brasil por mais de 400 anos. O Papa Francisco pôs fim a essa espera ao assinar, no dia 3 de abril de 2014, o decreto de santidade de José de Anchieta.
O santo, de origem espanhola, desembarcou no Brasil, vindo de Portugal, em 1553, na flor de sua juventude, aos 19 anos. Ainda não era sacerdote, contudo já havia professado os votos de pobreza, castidade e obediência. “Com coração juvenil, amou, desde o primeiro contato, o povo brasileiro. A ele, dedicou sua grande inteligência, cultura e erudição, a capacidade de amar e de sofrer por amor. A ele, consagrou suas qualidades humanas, a capacidade de lutar, de ser destemido e a sua espiritualidade”, assim o descreveu o Cardeal Raymundo Damasceno na santa Missa em ação de Graças pela canonização de José de Anchieta, celebrada em Roma no dia 24 de abril de 2014.
A arte de evangelizar
Em terras brasileiras, José de Anchieta vivia a pobreza e a simplicidade entre os índios, os marginalizados e os negros. Da sua primeira vivência entre os índios, descreve numa carta enviada à Europa o costume apresentado por eles de colocar folhas de bananeiras como toalha sobre a mesa, observando que não sabia ao certo a razão desse cuidado, considerando que o alimento eles não tinham. Ainda assim, assegurava que ele e os demais padres Jesuítas estavam felizes e que não sentia saudades da vida confortável que tinha na Europa.
Foi um incansável evangelizador em nossas terras e sua criatividade é notória. Catequizava os índios com a poesia e o teatro. Ousadia que “nos interpela sobre os métodos de evangelização que usamos hoje”, aponta Dom Damasceno. Por isso, o santo Anchieta é para nós inspiração, já que hoje se faz urgente uma autêntica evangelização inculturada, ou seja, capaz de evangelizar as culturas para inculturar o Evangelho.
A trilha do Santo
Amante e observador da natureza, José de Anchieta escreveu a conhecida Carta de São Vicente contendo a primeira descrição detalhada da Mata Atlântica, importante bioma brasileiro. Anchieta costumava abrir picadas pela mata litorânea entre Iriritiba e a ilha de Vitória, com pequenas paradas para a oração e o repouso nas localidades de Anchieta (que foi chamada também Benevente e Reritiba), Guarapari, Setiba, Ponta da Fruta e Barra do Jucu.
Mais recentemente, na década de 70, o professor, arquiteto e historiador Benedito Lima de Toledo decidiu desbravar o caminho criado pelo santo. “O que se sabia há 40 anos atrás é que aquele sacerdote havia vencido a Serra do Mar por um caminho às margens do Rio Perequê”. Curioso por saber o que o padre Anchieta experienciou mata adentro, o professor montou uma equipe que, munidos de kits para expedições, partiu para resgatar essa história. Deparam-se com “uma das paisagens mais belas da região: a conjunção de três afluentes formando, o que, se presume, seja a Grota do Perequê, ponto de um caminho conhecido por Caminho do Monge, outra denominação do Caminho do Padre José de Anchieta”. [1]
Um dos resultados dessas expedições do padre Anchieta pela serra do mar deu origem à cidade de São Paulo. O santo registrou numa carta enviada ao seu superior provincial, em Portugal, que ao chegar ao planalto de Piritininga encontraram “ares frios e temperados como os da Espanha” e “uma terra mui sadia, fresca e de boas águas”. E esse foi o local adequado para se iniciar um novo povoado: numa colina alta e plana, cercada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú. Em 25 de janeiro de 1554, o sacerdote Manoel da Nóbrega, na presença do seminarista José de Anchieta, celebrou a primeira Missa no local do Colégio São Paulo de Piratininga, fundado pelos Jesuítas, e que deu origem ao povoado que se formou ao redor.
Atualmente a trilha do santo Anchieta, com cerca de 105 quilômetros, vem sendo percorrido a pé por turistas e peregrinos.
Onde houver ódio que eu leve o amor…
Como bom devoto de São Francisco de Assis, José de Anchieta atuou também como mediador da paz. Em 1563 ele intermediou as negociações da Confederação dos Tamoios entre os portugueses e os indígenas. Permaneceu por vários meses como refém dos índio, período no qual compôs um conhecido poema dedicado à Bem-Aventurada Virgem Maria – expressão máxima do seu amor e devoção à Mãe de Deus. Conta-se que ele teria escrito esse poema nas areias da praia; memorizou cada palavra e, mais tarde, passou para o papel.
Certamente esse período de confinamento foi para ele um dos mais difíceis. Já que teve que passar dias sem a Eucaristia e as visitas diárias que fazia ao Santíssimo Sacramento. Apenas quando um sacerdote chegava à aldeia indígena é que Anchieta podia participar da santa Missa e receber o sua amado Jesus-hóstia. O seu amor e saudade pela Sagrada Eucaristia está registrada em diversos poemas que compôs. Num deles declamou: “Oh que pão, oh que comida, oh que divino manjar Se nos dá no santo altar cada dia”.
Anos depois (1566), Anchieta foi à Capitania da Bahia a fim de informar ao governador Mem de Sá sobre o andamento da guerra contra os franceses, possibilitando o envio de reforços portugueses ao Rio de Janeiro. Nesta mesma época, aos 32 anos, José de Anchieta foi ordenado sacerdote. O santo, apaixonado pela Eucaristia, tratou logo de providenciar um altar portátil, e dessa maneira, nem mesmo em suas viagens marítimas pela costa do Brasil ele deixou de celebrar a santa Missa. Descia em cada porto, montava o seu altar portátil e ali adorava a Jesus Eucarístico.
Em 1569, José de Anchieta participou da fundação do povoado de Reritiba, atual Anchieta, no Espírito Santo. Dirigiu o Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro de 1570 a 1573. E em 1577 foi nomeado Provincial da Companhia de Jesus no Brasil, função que exerceu por dez anos. Em 1587 foi para Reritiba, manteve-se à frente do Colégio dos Jesuítas em Vitória – ES.
O primeiro devoto do Coração de Jesus no Brasil
Atualmente, o maior conhecedor da vida do santo Anchieta é o padre Hélio Abranches Viotti, SJ, professor de história do Brasil nas Faculdades dos Jesuítas, membro de institutos históricos e academias de letras que desde 1922 pertence à Companhia de Jesus. Padre Hélio conta que José de Anchieta foi um grande devoto do Sagrado Coração de Jesus. “Ele já se antecipava nessa devoção”, comenta o sacerdote ao falar do verso “a lança que abriu-lhe o peito…” de um dos poema de Anchieta. O seu amor e devoção pelo ao Coração de Jesus são lindamente expressas também com estas palavras, parte de um poema: “Ei-lo, rasgado jaz nesse tronco inimigo, e com sangue a escorrer paga teu furto antigo! Vê como larga chaga abre o peito, e deságua misturado com sangue um rio todo d’água”.
No fim de sua vida, o sacerdote Anchieta retirou-se para Reritiba, local onde faleceu em 1595. Nesse mesmo ano foi aberto o processo informativo para a sua beatificação. Em 1980 – o Papa João Paulo II declara-o bem-aventurado, e nesse ano de 2014, por fim, foi finalizado o processo de canonização, mesmo sem a comprovação dos milagres alcançados por sua intercessão.
“São José de Anchieta soube comunicar aquilo que experimentou na comunhão com o Senhor, aquilo que tinha visto e ouvido Dele; essa é a razão de sua santidade. Não teve medo da alegria”, apontou o Papa Francisco na Missa em ação de graças pela canonização desse santo.
Gislaine Keizanoski – Revista Divina Misericórdia
Via misericordia.org.br
Seu nome era José, chamado pelos apóstolos de Barnabé, que quer dizer “filho da consolação”.
O santo de hoje pertenceu a ‘era apostólica’, chamado também de Barnabé apóstolo, embora não tenha pertencido ao grupo dos Doze Apóstolos. Nós encontramos o seu testemunho enraizado nas Sagradas Escrituras, nos Atos dos Apóstolos 4,32ss.
Barnabé evangelizou comunitariamente, e o Espírito Santo contou com ele para que outro apóstolo exercesse o ministério: São Paulo. “Então Barnabé o tomou consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto no caminho, o Senhor, que falara com ele, e como, na cidade de Damasco, ele havia pregado, corajosamente, no nome de Jesus. Daí em diante, Saulo permanecia com eles em Jerusalém e pregava, corajosamente, no nome do Senhor.” (Atos 9,27-28)
Escritos antigos dizem que Barnabé passou por Roma e morreu, no ano 70, em Salamina, por apedrejamento.
São Barnabé, rogai por nós!
Via Canção Nova
O ano de 1195 viu nascer um dos mais populares santos da Igreja de Cristo, tendo sido Lisboa sua cidade natal. Martinho de Bulhões e Teresa Taveira eram de famílias ilustres, mas a maior glória deles foi uma profunda fé que souberam transmitir ao filho. Este, na pia batismal, recebeu o nome de Fernando, tornando-se a glória desta piedosa família. Após uma santa infância, aos 15 anos, se dirigiu ao Convento dos cônegos de Santo Agostinho nas proximidades de Lisboa. Aí ficou dois anos e alguns meses. Eram muitas as visitas que recebia de seus parentes e resolveu então pedir a transferência para o mosteiro de Santa Cruz, de Coimbra. Com isso entrou em contato com frades franciscanos, hóspedes neste convento. Estes frades acabaram sendo martirizados em Marrocos e seus restos mortais vieram para Coimbra, onde então morava o Rei de Portugal.
Fernando pôde então contemplar os corpos daqueles heróis de Cristo. Isto o tocou tanto que ele resolveu se fazer franciscano. Foi para o Convento de Olivais, onde adotou o nome de Antônio. Seu desejo era pregar o Evangelho em terra de missões. Após o curto noviciado, foi para Marrocos. Aí adoeceu e, resignado, teve que voltar para Portugal. Em 1221 se daria o Capítulo da Ordem Franciscana, isto é, a assembléia na qual compareceram cerca de três mil frades e foi lá que Antônio esteve pela vez primeira com São Francisco, em Assis. Ainda mal conhecido dos franciscanos foi trabalhar num pequeno eremitério em Portugal. Nele permaneceu numa vida de oração por nove meses. Houve, então, na cidade de Forli ordenações sacerdotais e pediram a Antônio para fazer o sermão de improviso. Todos ficaram deslumbrados. Era o início de sua missão de pregador no sul da França e na Itália.
Até hoje seus sermões são lidos e estudados. Foi em Montpellier que se deu o fato que fez de Santo Antônio ser invocado como o protetor das causas perdidas. Um noviço que resolvera sair da Ordem Franciscana levou consigo o livro de salmos com comentários escritos por Antônio. Este passou a rezar para que o larápio lhe devolvesse a preciosa obra. Arrependido este voltou e devolveu o livro. Deixou Antônio a França com a fama de taumaturgo, martelo dos hereges, terror dos demônios, trombeta do Evangelho. Veio trabalhar na Itália, pregando por toda a parte. Em 1227 se deteve pela primeira vez em Pádua, cidade à qual ficaria indelevelmente ligado e onde, após mais quatro anos de incansáveis pregações em terras italianas, viria a ser enterrado, tendo morrido a 13 de junho. Tão grande era a fama de seus prodígios que onze meses depois de sua morte foi canonizado pelo papa Gregório IX.
Em 1263, quando seu corpo foi exumado, sua língua estava intacta e, até hoje, numa redoma é venerada por paduenses e milhares de peregrinos. O fato de, em certa ocasião, à sua intercessão uma jovem ter conseguido fazer um ótimo casamento deu a Santo Antônio a fama de casamenteiro. De fato, quantos jovens têm encontrado um lar feliz à invocação deste santo poderoso. Em 1946 o papa Pio XII proclamou Santo Antônio, Confessor e Doutor da Igreja. Os devotos deste santo devem imitar sua fé, sua piedade, sua humildade, sua dileção aos pobres, seu imenso amor à evangelização.
Grande a devoção de Santo Antônio a Jesus Infante e cumpre repetir sempre: ?Menino Jesus por nós encarnado, livrai-nos da mancha de todo pecado?. Como Santo Antônio foi sepultado numa terça-feira este dia da semana lhe é consagrado. Uma senhora de Toulon na França, por ter alcançado uma grande graça por intercessão de Santo Antônio, resolveu distribuir pães aos pobres em sua homenagem, daí a benção do pão de Santo Antônio, lembrando a caridade que se deve ter para com os mais necessitados. Este pão tem restituído a saúde a muitos doentes. Santo, realmente, extraordinário que merece todos os louvores. Que ele leve sempre seus devotos a um grande amor a Jesus, nosso único Salvador.
Por Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho – Professor no Seminário de Mariana (MG)
Via Canção Nova
Apresentamos 12 dados importantes que deve saber sobre a celebração da solenidade litúrgica da Santíssima Trindade:
1. A palavra Trindade nasceu do latim
Provém da palavra “trinitas”, que significa “três” e “tríade”. O equivalente em grego é “triados”.
2. Foi utilizada pela primeira vez por Teófilo de Antioquia
O primeiro uso reconhecido do termo foi o dado por Teófilo de Antioquia por volta do ano 170 para expressar a união das três divinas pessoas em Deus.
Nos três primeiros dias que precedem a criação do sol e da lua, o Bispo vê imagens da Trindade: “Igualmente os três dias que precedem a criação dos luzeiros são símbolo da Trindade: de Deus, de seu Verbo e de sua Sabedoria” (Segundo Livro a Autólico 15,3).
3. Trindade significa um só Deus e três pessoas distintas
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC) explica assim: “A Igreja exprime a sua fé trinitária ao confessar um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si pelas relações que as põem em referência umas com as outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho” (CCIC, 48).
4. A Trindade é o mistério central da fé cristã
Sim, e o Compêndio explica desta maneira: “O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (CCIC, 44).
5. A Igreja definiu de forma infalível o dogma da Santíssima Trindade
O dogma da Trindade se definiu em duas etapas, no primeiro Concílio de Niceia (325 d.C.) e no primeiro Concílio de Constantinopla (381 d.C.).
No Concílio de Niceia foi definida a divindade do Filho e se escreveu a parte do Credo que se ocupa Dele. Este Concílio foi convocado para fazer frente à heresia ariana, que afirmava que o Filho era um ser sobrenatural, mas não Deus.
No Concílio de Constantinopla foi definida a divindade do Espírito Santo. Este Concílio combateu uma heresia conhecida como macedonianismo (porque seus defensores eram da Macedônia), que negava a divindade do Espírito Santo.
6. A Trindade se sustenta na revelação divina deixada por Cristo
Só se pode provar a Trindade através da revelação divina que Jesus nos trouxe. Não se pode demonstrar pela razão natural ou unicamente a partir do Antigo Testamento. O CCIC explica:
“O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido pela pura razão humana? Deus deixou alguns vestígios do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à pura razão humana e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Esse mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios” (CCIC, 45).
Embora o vocabulário utilizado para expressar a doutrina da Trindade tenha levado um tempo para se desenvolver, pode-se demonstrar os diferentes aspectos desta doutrina com as Sagradas Escrituras.
7. A Bíblia ensina que existe um só Deus
O Fato de que só haja um Deus se manifestou no Antigo Testamento. Por exemplo, o livro de Isaías disse:
“Vós sois minhas testemunhas, diz o Senhor, e meus servos que eu escolhi, a fim de que se reconheça e que me acreditem e que se compreenda que sou eu. Nenhum deus foi formado antes de mim, e não haverá outros depois de mim” (Is 43,10).
“Eis o que diz o Senhor, o rei de Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro e o último, não há outro Deus afora eu” (Is 44,6).
8. O Pai é proclamado como Deus inúmeras vezes no Novo Testamento
Por exemplo, nas cartas de São Paulo se narra o seguinte: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias, Deus de toda a consolação (…)” (2Cor 1,3).
“Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos” (Ef 4,5-6).
9. A Bíblia também demonstra que o Filho é Deus
Isto é proclamado em várias partes do Novo Testamento, incluindo o começo do Evangelho de São João:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. (…) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,1.14).
Também: “Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé. Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20,17-18).
10. O Espírito Santo é Deus e assim afirmam as Escrituras
No livro dos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo é retratado como uma pessoa divina que fala e à qual não se pode mentir:
“Enquanto celebravam o culto do Senhor, depois de terem jejuado, disse-lhes o Espírito Santo: Separai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho destinado” (At 13,2).
“Pedro, porém, disse: Ananias, por que tomou conta Satanás do teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e enganasses acerca do valor do campo? Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia? Por que imaginaste isso em teu coração? Não foi aos homens que mentiste, mas a Deus” (At 5,3-4).
11. A distinção de três Pessoas divinas é demonstrada com a Bíblia
A distinção das Pessoas se pode demonstrar, por exemplo, no fato de que Jesus fala ao seu Pai. Isso não teria sentido se fosse uma e a mesma pessoa.
“Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo” (Mt 11,25-27).
O fato de que Jesus não é a mesma pessoa que o Espírito Santo se revela quando Jesus – que esteve operando como Paráclito (em grego, Parakletos) dos discípulos – diz que vai orar ao Pai e que o Pai lhes dará “outro Paráclito”, que é o Espírito Santo. Isso mostra a distinção das três Pessoas: Jesus que ora; o Pai que envia; e o Espírito Santo que vem:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós” (Jo 14,16-17).
12. O Filho procede do Pai e o Espírito procede do Pai e do Filho
“É certamente de fé que o Filho procede do Pai por uma verdadeira geração. Segundo o Credo Niceno-Constantinopolitano, Ele é “gerado antes de todos os séculos”. Mas a procedência de uma Pessoa Divina, como o termo do ato pelo qual Deus conhece sua própria natureza é propriamente chamada geração” (Enciclopédia Católica).
O fato de que o Filho é gerado pelo Pai está indicado pelos nomes dessas Pessoas. A segunda pessoa da Trindade não seria um Filho se não tivesse sido gerado pela primeira pessoa da Trindade.
O fato de que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho se reflete em outra declaração de Jesus:
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15,26).
Isso representa o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho (“que vos enviarei”). As funções exteriores das Pessoas da Trindade refletem suas relações mútuas entre si. Também se pode dizer que o Espírito Santo procede do Pai por meio do Filho.
Publicado originalmente em National Catholic Register.
Via ACI Digital
A solenidade de Corpus Christi, que os católicos celebramos todos os anos na primeira quinta-feira após a Oitava de Pentecostes, não existiu na Igreja desde sempre. O marco de sua instituição é a bula Transiturus de hoc mundo, do Papa Urbano IV, publicada a 11 de agosto de 1264, e que pode ser lida com grande interesse no site do Vaticano.
Mais notável que esse decreto do Papa, no entanto, são seus antecedentes espirituais. A literatura normalmente aponta dois eventos principais que culminaram com a instituição da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo:
1. uma visão de Santa Juliana de Liège, religiosa agostiniana belga, e
2. um milagre eucarístico ocorrido na cidade de Bolsena, na Itália.
As ligações não são fruto de especulação histórica. O Papa que instituiu Corpus Christi conheceu pessoalmente ambos os acontecimentos. Daí a importância de os repassarmos, para entendermos qual o sentido da festa que ora celebramos e, ao mesmo tempo, colhermos disso abundantes frutos espirituais.
Primeiramente, Santa Juliana. O que viu essa mística para ensejar a instituição de uma festa litúrgica para a Igreja universal? O Papa Bento XVI, em uma catequese sobre essa santa, explica:
Com a idade de 16 anos [n.d.t.: por volta de 1209, portanto, ela] teve uma primeira visão, que depois se repetiu várias vezes nas suas adorações eucarísticas. A visão apresentava a lua no seu mais completo esplendor, com uma faixa escura que a atravessava diametralmente. O Senhor levou-a a compreender o significado daquilo que lhe tinha aparecido. A lua simbolizava a vida da Igreja na terra, a linha opaca representava, ao contrário, a ausência de uma festa litúrgica, para cuja instituição se pedia a Juliana que trabalhasse de maneira eficaz: ou seja, uma festa em que os fiéis pudessem adorar a Eucaristia para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento. […]
Pela boa causa da festa do Corpus Christi foi conquistado […] Tiago Pantaleão de Troyes, que conhecera a santa durante o seu ministério de arquidiácono em Liège. Foi precisamente ele que, tendo-se tornado Papa com o nome de Urbano IV, em 1264, instituiu a solenidade do Corpus Christi como festa de preceito para a Igreja universal […]. [1]
O chamado “Milagre de Bolsena-Orvieto”, por sua vez, foi realizado por Deus com um sentido bem particular: firmar a fé vacilante de um sacerdote.
Em 1263 — um ano antes, portanto, da instituição de Corpus Christi —, um padre alemão, chamado Pedro de Praga, parou na cidade de Bolsena depois de uma peregrinação à Cidade Eterna. A crônica geralmente o descreve como um padre piedoso, mas que tinha dificuldades para acreditar que Cristo estivesse realmente presente na Hóstia consagrada. Eis então o que lhe aconteceu:
Enquanto celebrava a Santa Missa sobre o túmulo de Santa Cristina, mal havia ele pronunciado as palavras da consagração, quando sangue começou a escorrer da Hóstia consagrada, gotejando em suas mãos e descendo sobre o altar e o corporal. O padre ficou imediatamente perplexo. A princípio, ele tentou esconder o sangue, mas então interrompeu a Missa e pediu para ser levado à cidade vizinha de Orvieto, onde o Papa Urbano IV então residia.
O Papa ouviu o relato do padre e o absolveu. Mandou então emissários para uma investigação imediata. Quando todos os fatos foram confirmados, ele ordenou ao bispo da diocese que trouxesse a Orvieto a Hóstia e o pano de linho contendo as manchas de sangue. Juntamente com arcebispos, cardeais e outros dignatários da Igreja, o Papa realizou uma procissão e, com grande pompa, introduziu as relíquias na catedral. O corporal de linho contendo as marcas de sangue ainda está reverentemente conservado e exposto na Catedral de Orvieto. [2]
Como se sabe, depois disso, o Papa pediu a ninguém menos que Santo Tomás de Aquino para compor os textos litúrgicos referentes a Corpus Christi, de cuja pena nasceram os mais belos hinos já escritos ao Santíssimo Sacramento, e que todos cantamos ainda hoje.
Mas o que tudo isso tem a ver conosco?
Em primeiro lugar, lembremo-nos dos três fins com que Jesus pediu essa festa a Santa Juliana: “aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”. Todos atualíssimos. Pois a fé católica no sacramento da Eucaristia parece perder-se cada vez mais. Como consequência disso, multiplicam-se as profanações e os sacrilégios. O que deveria ser, então, alimento para fortalecer as almas, transforma-se em causa de sua própria condenação, para usar as palavras de São Paulo (cf. 1Cor 11, 29); e as pessoas, ao invés de melhorar, de crescer nas virtudes, só vão de mal a pior.
Por tudo isso, Corpus Christi é um dia de reparação. Reparação pela falta de fé generalizada em que se encontram nossos católicos, participando da Missa de qualquer modo e recebendo a Comunhão como se fosse um pedacinho qualquer de pão. Reparação porque, apesar de tantos milagres eucarísticos, como o de Bolsena, em que Deus parece gritar aos nossos ouvidos a verdade de sua presença real na Eucaristia, nós, ingratos, teimamos em não crer, não adorar, não esperar e não O amar. Reparação porque, a um Deus que deseja ardentemente se unir a nós, a nossa resposta tantas vezes é a frouxidão, a frieza, a indiferença.
“Corpus Christi” é uma festa “para aumentar a fé, prosperar na prática das virtudes e reparar as ofensas ao Santíssimo Sacramento”.
Reparemos, portanto, o Coração Eucarístico de Nosso Senhor, mas com um coração alegre e agradecido de nossa parte, porque é Ele mesmo quem nos torna possível essa graça. Foi o próprio Jesus Cristo quem pediu à Igreja, quase um milênio atrás, que fosse instituída a solenidade que hoje comemoramos, a festa litúrgica que faltava à “vida da Igreja na terra”.
E não nos espantemos que tenha demorado tanto tempo — 1200 anos! — para que os fiéis católicos começássemos a celebrá-la. A cada nova geração de cristãos, Deus suscita coisas novas em sua Igreja. Do mesmo modo, a cada Santa Missa de que participamos, Ele quer fazer coisas novas em nossa alma. Estejamos sempre atentos!
Referências
* Papa Bento XVI, Audiência Geral (17 de novembro de 2010).
* Joan Carroll Cruz, Eucharistic Miracles, Charlotte: Tan Books, 2010, p. 64 (tradução e adaptação nossa).
Via PadrePauloRicardo.org
“A Igreja celebra o nascimento de João como um acontecimento sagrado. Dentre os nossos antepassados, não há nenhum cujo nascimento seja celebrado solenemente”, explicou o Bispo Santo Agostinho (354-430) em seus sermões nos primeiros séculos do cristianismo, sobre a natividade de São João Batista, que é celebrada neste dia 24 de junho.
“João apareceu, pois, como ponto de encontro entre os dois Testamentos, o antigo e o novo. O próprio Senhor o chama de limite quando diz: A lei e os profetas até João Batista”, acrescentou o Santo Doutor da Igreja.
São João Batista nasceu seis meses antes de Jesus Cristo. No primeiro capítulo de Lucas narra-se que Zacarias era um sacerdote judeu casado com Santa Isabel e não tinha filhos, porque ela era estéril. Estando já com a idade muito avançada, o anjo Gabriel apareceu a ele e comunicou que sua esposa teria um filho que seria o precursor do Messias, a quem daria o nome João. Zacarias duvidou desta notícia e Gabriel lhe disse que ficaria mudo até que tudo fosse cumprido.
Meses depois, quando Maria recebeu o anúncio de que seria a Mãe do Salvador, a Virgem foi ver sua prima Isabel e permaneceu ajudando-a até o nascimento de São João.
Assim, como o nascimento do Senhor é celebrado todo 25 de dezembro, perto do solstício de inverno no hemisfério norte (o dia mais curto do ano), o nascimento de São João é em 24 de junho, próximo do solstício de verão no hemisfério norte (o dia mais longo). Dessa forma, depois de Jesus, os dias vão aumentando, e depois de João, os dias vão diminuindo, até que se volte “a nascer o sol”.
A Igreja assinalou essas datas no século IV, com a finalidade de que se sobrepusessem às duas festas importantes do calendário greco-romano: o “dia do sol” (25 de dezembro) e o “dia de Diana” no verão, cuja festa comemorava a fertilidade. O martírio de São João Batista é comemorado em 29 de agosto.
O Profeta do Altíssimo
Em 24 de junho de 2012, por ocasião desta festa, o Papa Bento XVI afirmou que o exemplo de São João Batista chama os cristãos “converter-nos, a testemunhar Cristo e anunciá-lo todo o tempo”.
Em suas palavras prévias à oração mariana do Ângelus, recordou a vida de São João Batista e indicou que “com exceção da Virgem Maria, João Batista é o único santo do qual a liturgia festeja o nascimento, e isto porque ele está estreitamente relacionado com o mistério da Encarnação do Filho de Deus”.
“Desde o seio materno João é o precursor de Jesus: a sua concepção prodigiosa é anunciada pelo Anjo a Maria como sinal de que ‘nada é impossível a Deus’”.
Bento XVI recordou que o “pai de João, Zacarias — marido de Isabel, parente de Maria — era sacerdote do culto judaico. Ele não acreditou imediatamente no anúncio de uma paternidade já inesperada, e por isso ficou mudo até ao dia da circuncisão do menino, ao qual ele e a esposa deram o nome indicado por Deus, ou seja, João, que significa ‘o Senhor concede graças’”.
“Animado pelo Espírito Santo, Zacarias falou assim da missão do filho: ‘E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás adiante do Senhor a preparar os seus caminhos. Para dar a conhecer ao Seu povo a Sua salvação pela remissão dos pecados’”.
Ele explicou que “tudo isso se manifestou 30 anos depois, quando João começou a batizar no rio Jordão, chamando as pessoas para se preparar, com aquele gesto de penitência, à eminente vinda do Messias, que Deus lhe havia revelado durante sua permanência no deserto da Judeia”.
“Quando um dia veio de Nazaré o próprio Jesus para se fazer batizar, João inicialmente recusou-se, mas depois consentiu, e viu o Espírito Santo pairar sobre Jesus e ouviu a voz do Pai celeste que o proclamava seu Filho”.
O Santo Padre explicou que a missão de São João Batista ainda não estava cumprida, porque “pouco tempo mais tarde, foi-lhe pedido que precedesse Jesus também na morte violenta: João foi decapitado na prisão do rei Herodes, e assim deu pleno testemunho do Cordeiro de Deus, que ele foi o primeiro a reconhecer e a indicar publicamente”.
Bento XVI também recordou que “a Virgem Maria ajudou a idosa prima Isabel a levar até ao fim a gravidez de João”. “Ela ajude todos a seguir Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, que o Batista anunciou com grande humildade e fervor profético”, disse o então Pontífice.
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A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é muito antiga; os Padres da Igreja já falavam dela; tudo brota daquele Coração “manso e humilde” que por nós foi transpassado pela lança do soldado Longuinho, na Cruz do Calvário. Dele saiu sangue e água, símbolos do Batismo e da Eucaristia, e também da Igreja, Esposa de Cristo, que nasce do lado aberto do novo Adão, como Eva nasceu do lado aberto do primeiro.
Após uma fase de eclipse, esta devoção ganhou novo impulso após as visões de Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690), difundidas por seu confessor São Claude de la Colombière (1673-1675). Era uma época difícil, onde havia uma heresia chamada Jansenismo, de Jansen, que pregava um cristianismo triste, onde poucos se salvavam, onde se disseminava um medo de receber Jesus eucarístico, etc.
Para eliminar essa tristeza Jesus mostrou seu Coração humano e misericordioso a Santa Margarida, como tábua de salvação para todos os pecadores que nele confiassem.
Santa Margarida Maria Alacoque foi uma freira que nunca transpôs os muros do seu convento das visitandinas de Paray-le-Monial da Ordem da Visitação de Santa Maria, instituição religiosa fundada por São Francisco de Sales (1567-1622) e Santa Joana de Chantal (1572-1641), morrendo antes de completar 45 anos, em 17 de outubro de 1690, sendo canonizada em 1920, pelo papa Bento XV. Recolhida, em profunda oração, pela porta do tabernáculo saiu uma espécie de vapor que foi se transformando na figura de homem que se encaminhou até ela e ali na sua presença abriu a túnica que lhe cobria o peito, lhe mostrando o coração em chamas inextinguível e lhe disse:
“Eis aqui o coração que tanto amou os homens e pelos quais e tão mal correspondido pelo menos tu, filha minha, chora pelos que me ofendem, geme pelos que não querem orar, imola-te pelos que renegam e blasfemam contra o meu santo nome. Prometo-te na grandeza do meu amor que abençoarei os lares que neles me hospedem, que os que comungarem durante nove primeiras sextas-feiras seguidas, não morrerão sem receber os sacramentos da penitência e da Eucaristia.”
Depois de 150 anos de enormes dificuldades impostas especialmente pelos jansenistas e o terror da Revolução Francesa, em 1856, Pio IX instituiu a festa litúrgica do Sagrado Coração de Jesus, propondo, segundo a recomendação dos santos, a consagração do mundo ao Coração de Jesus. Duzentos anos depois que Santa Margarida pediu ao Rei Luís XIV a consagração da França ao Coração de Jesus, o grande presidente do Equador, Gabriel Garcia Moreno, consagrou seu país em 1873, ao Coração de Jesus.
Vários Papas incentivarem esta devoção através de encíclicas. Atualmente a festa do Sagrado Coração na sexta-feira após a festa de Corpus Cristi. Leão XIII na “Annum Sacrum” (1899), deixou-nos a Oração para consagração ao Sagrado Coração. Pio XI na “Miserentissimus Redemptor” (1928); Pio XII na “Haurietis aquas” (1956); João Paulo II na “Redemptor Hominis” (1979) e Bento XVI em carta ao Pe. Kolvenbach Geral da Comapanhia de Jesus, falaram da importância dessa devoção. Em 1872, Pio IX concedeu indulgências especiais aos que portassem o escapulário com a imagem do Sagrado Coração.
A piedade ligada ao Coração de Jesus está em união com a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Muitos santos recomendaram esta devoção: São João Eudes, Santa Margarida Maria Alacoque, São Luís Grignion de Montfort, Santa Catarina Labouré e São Maximiliano Kolbe.
Numerosas foram às promessas do Sagrado Coração de Jesus sendo as mais admiráveis as seguintes:
1. Eu lhes darei todas as graças necessárias ao seu estado de vida.
2. Eu farei reinar a paz em suas famílias.
3. Eu os consolarei em todas as suas aflições.
4. Serei seu refúgio seguro durante a vida e sobretudo na morte.
5. Derramarei muitíssimas bênçãos sobre todas as suas empresas.
6. Os pecadores encontrão em meu Coração a fonte e o mar infinito da misericórdia.
7. As almas tíbias se tornarão fervorosas.
8. As almas fervorosas elevar-se-ão rapidamente a grande perfeição.
9. Abençoarei Eu mesmo as casas onde a imagem do meu Coração estiver exposta e venerada.
10. Darei aos sacerdotes o dom de abrandar os corações mais endurecidos.
11. As pessoas que propagarem esta devoção terão os seus nomes escritos no meu Coração e dele nunca serão apagados.
12. No excesso da misericórdia do meu amor todo poderoso darei a graça da perseverança final aos que comungarem na primeira sexta feira de nove meses seguidos.
Por Prof. Felipe Aquino, via Cléofas
A revelação da devoção reparadora ao Imaculado Coração começou na segunda aparição da Santíssima Virgem Maria, em 13 de junho de 1917, em Fátima, Portugal, aos pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta. A Virgem Maria disse à pequena Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos: “Ele [Jesus] quer estabelecer no mundo a devoção do meu Imaculado Coração”1. Logo após ouvir essas palavras, os pastorinhos viram Nossa Senhora com um coração na mão, cercado de espinhos. As três crianças compreenderam que aquele era o Coração Imaculado da Santíssima Virgem, ofendido pelos pecados da humanidade, que necessitavam de reparação.
Na aparição seguinte, no dia 13 de julho, Nossa Senhora concedeu às três crianças uma experiência extraordinária! Elas viram, no inferno, os demônios e as almas dos condenados, que gritavam e gemiam de dor e desespero. Depois de dar-lhes essa visão assustadora, disse aos pastorinhos: “Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração”2. No entanto, a Virgem não revelou como deveríamos fazer essa reparação, mas disse que voltaria para pedir essa devoção reparadora.
Sete anos depois, no dia 10 de dezembro de 1925, em Pontevedra, na Espanha, a Santíssima Virgem revelou à então postulante Lúcia a devoção reparadora dos cinco primeiros sábados. Entretanto, somente dois anos mais tarde, em dezembro de 1927, por ordem de seu confessor, Lúcia deu a conhecer as palavras de Nossa Senhora: “Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos, que os homens ingratos a todos os momentos Me cravam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar, e dize que todos aqueles que, durante cinco meses, no primeiro sábado, confessarem-se, recebendo a Sagrada Comunhão, rezarem um Terço, e Me fizerem quinze minutos de companhia, meditando nos quinze mistérios do Rosário, com o fim de me desagravar, Eu prometo assistir-lhes, na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”3.
Origem da devoção ao Imaculado Coração de Maria
A memória litúrgica do Imaculado Coração de Maria é comemorada no sábado seguinte à solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebrada na segunda sexta-feira depois da solenidade de Corpus Christi. No entanto, a devoção ao Imaculado Coração de Maria remonta aos inícios da Igreja, pois tem suas raízes mais profundas nas Sagradas Escrituras. Nelas, encontramos referências ao Imaculado Coração no Evangelho segundo São Lucas, o “pintor” da Santíssima Virgem: “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19). “Em seguida, desceu com eles a Nazaré e lhes era submisso. Sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2,51).
A semente do Evangelho, plantada pelos apóstolos e discípulos de Jesus Cristo, germinou na doutrina dos Santos Padres e desenvolveu-se com os teólogos e místicos da Idade Média. Nos séculos seguintes, surgiram outros grandes devotos do Imaculado Coração de Maria, bem como do Coração de Jesus, como São Bernardo, Santa Gertrudes, Santa Brígida, São Bernardino de Sena e São João Eudes. Este último foi o maior apóstolo da devoção ao Coração de Maria. Em 1648, o Padre João Eudes obteve do Bispo de Autun, na França, a aprovação da celebração da festa.
A Santa Sé mostrou-se favorável ao culto ao Imaculado Coração no início do século XIX. Em 1805, o Papa Pio VII concedeu a autorização para a celebração da festa às dioceses e às congregações religiosas que lhe pediam. No ano de 1855, o Papa Pio IX aprovou a Missa e o Ofício próprios do Imaculado Coração de Maria. Durante a Segunda Guerra Mundial, em 8 de dezembro de 1942, na Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Pio XII consagrou a Igreja e todo o gênero humano ao Coração Imaculado de Maria e, três anos depois, estendeu a festa do Imaculado Coração de Maria para toda a Igreja Católica.
A partir das aparições de Nossa Senhora, em Fátima, a devoção ao Imaculado Coração de Maria ganha ainda mais força, especialmente na devoção particular dos fiéis, como aconteceu com a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. A esse respeito, escreveu o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira: “A missão especial de Fátima é a difusão no mundo do culto ao Imaculado Coração de Maria. À medida que a perspectiva do tempo nos permitir julgar melhor os acontecimentos de que fomos testemunhas, estou certo que melhor se verá que Fátima será, para o culto do Coração de Maria, o que Paray-le-Monial foi para o Coração o de Jesus4?.
A consagração dos sábados e a devoção ao Imaculado Coração de Maria
A consagração dos sábados a Virgem Maria não é nenhuma novidade na Igreja. Todavia, o pedido dessa devoção por Nossa Senhora foi uma magnífica confirmação dos Céus de uma antiga piedade mariana. O sábado, como dia especialmente consagrado a Virgem Maria, é uma tradição que tem sua origem muito provavelmente nos primeiros séculos da Igreja. “A presença da Missa de Nossa Senhora nos Sábados, no missal romano de São Pio V, de 1570, mostra a antiguidade dessa prática, que consiste em honrar especialmente a Santa Mãe de Deus nesse dia da semana”5.
Apoiados nesta bela e piedosa tradição da Igreja, os membros das confrarias do Rosário consagravam especialmente a Santíssima Virgem quinze sábados consecutivos de cada ano litúrgico. Durante esses sábados, “eles se aproximavam dos sacramentos e cumpriam exercícios de piedade particulares em honra dos quinze mistérios do santo rosário. Em 1889, o Papa Leão XIII concedeu a todos os fiéis uma indulgência plenária a ser ganha durante um desses quinze sábados”6. Entretanto, foi com o grande Papa São Pio X que a devoção dos primeiros sábados foi aprovada e encorajada pela Santa Sé que, em 10 de julho de 1905, indulgenciou, pela primeira vez, essa devoção mariana. Em 13 de junho de 1912, São Pio X concedeu “indulgência plenária, aplicável às almas dos defuntos, no primeiro sábado de cada mês, por todos aqueles que, nesse dia, se confessarem, comungarem, cumprirem exercícios particulares de devoção em honra da bem-aventurada Virgem Maria, em espírito de reparação”7.
Por desígnio da Divina Providência, cinco anos depois, na mesma data, aconteceu a “segunda aparição de Nossa Senhora em Fátima, durante a qual os três pastorinhos testemunharam a primeira grande manifestação do Imaculado Coração da Virgem Maria, vendo-o ‘cercado de espinhos que pareciam enterrados nele. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade que queria reparação’”8. Os termos usados pelo Papa São Pio X são quase exatamente os mesmos do pedido de Nossa Senhora a Irmã Lúcia, principalmente no que diz respeito “à extrema importância da intenção reparadora, única capaz de afastar e apaziguar a cólera de Deus”9.
Depois de conhecer um pouco mais a história da Igreja, percebemos que, em Fátima e em Pontevedra, a Virgem Maria não é inovadora, mas nos deu uma confirmação do Céu e um novo impulso à devoção dos primeiros sábados, unindo-a com a devoção ao seu Imaculado Coração.
Por que cinco sábados em reparação ao Imaculado Coração?
Em 1930, padre José Bernardo Gonçalves, então confessor da Irmã Lúcia, intrigado com a devoção dos cinco primeiros sábados em reparação ao Imaculado Coração de Maria, perguntou à Irmã: “Por que hão de ser ‘cinco sábados’ e não nove ou sete em honra das dores de Nossa Senhora?”10 Mas Lúcia não soube responder a pergunta do confessor.
Irmã Lúcia não sabia o que fazer ou dizer, até que, durante uma de suas orações, na noite do dia 29 para 30 de maio de 1930, nosso Senhor Jesus Cristo revelou a ela a razão da devoção dos cinco primeiros sábados: “Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfêmias contra o Imaculado Coração de Maria:
1 – As blasfêmias contra a Imaculada Conceição;
2 – Contra a Sua virgindade;
3 – Contra a Maternidade Divina, recusando, ao mesmo tempo, recebê-La como Mãe dos homens;
4 – Os que procuram publicamente infundir, nos corações das crianças, a indiferença, o desprezo e até o ódio para com esta Imaculada Mãe;
5 – Os que a ultrajam diretamente nas suas sagradas imagens.
Eis, minha filha, o motivo pelo qual o Imaculado Coração de Maria Me levou a pedir essa pequena reparação; e, em atenção a ela, mover a minha misericórdia ao perdão para com essas almas que tiveram a desgraça de a ofender”11.
A primeira ofensa é a negação do dogma da Imaculada Conceição, promulgado pelo Papa Pio IX em 8 de dezembro de 1854.
A segunda, a negação da Doutrina Católica a respeito da virgindade perpétua de Nossa Senhora. São opositores dessa verdade as pessoas que negam que a concepção e o parto de Jesus não foram virginais, e que a Mãe de Deus não conservou a virgindade depois do parto, bem como aquelas que dizem que a Santíssima Virgem teve mais filhos além de Jesus.
A terceira, a negação da maternidade divina e espiritual da Virgem Maria, declarada no III Concílio de Constantinopla, no ano de 680. Nossa Senhora é Mãe de Deus e, ao mesmo tempo, Mãe espiritual dos homens, pela sua participação no mistério da Redenção de toda a humanidade.
A quarta, é o ódio para com a Santíssima Virgem Maria colocado, à força de falsas doutrinas, injúrias e blasfêmias, no coração das crianças. Desde o século passado, “a ideologia marxista-comunista procurou eliminar todos os vestígios de religião, a começar pelas crianças. […] Ensinava-se às crianças o racionalismo puro e, além disso, em certa nação, os pequeninos aprendiam ‘ladainhas’ de injúrias contra a Mãe de Deus”12.
A quinta, é o desrespeito para com as sagradas imagens de Nossa Senhora. Como outrora, não é raro, em nossos dias, o ultraje, o sacrilégio, o vandalismo, a destruição das imagens da Virgem Maria, principalmente quando estão expostas em locais públicos. Além disso, as pessoas que tiram as suas imagens das igrejas e capelas, ou as reduzem ao mínimo, ofendem também o Coração Imaculado da Santíssima Virgem e contrariam o que foi dito no Concílio Vaticano II a respeito das imagens sacras: “Observem religiosamente aquelas coisas que nos tempos passados foram decretadas acerca do culto das imagens de Cristo, da Bem-aventura Virgem e dos Santos”13, ou seja, devemos zelar pela tradicional e salutar devoção às sagradas imagens.
Como praticar a devoção dos cinco primeiros sábados?
A própria Virgem Maria nos ensinou a praticar a devoção reparadora das ofensas ao seu Imaculado Coração. Para praticar perfeitamente essa devoção, devemos – durante cinco primeiros sábados de cinco meses seguidos, na intenção geral de reparar nossos próprios pecados e os de toda a humanidade contra o Coração Imaculado de Maria – realizar quatro atos de piedade:
1 – A Confissão: devemos confessar preferencialmente no primeiro sábado. Caso seja impossível, ou muito difícil, podemos confessar com até oito dias ou mais de antecedência. Todavia, recordamos que é necessário estar em estado de graça no primeiro sábado do mês, a fim de fazer comunhão reparadora. Na confissão, é indispensável a intenção de reparar as ofensas contra o Imaculado Coração de Maria. Essa intenção reparadora não precisa ser dita ao confessor, mas apenas colocada mentalmente diante de Deus antes da confissão. Jesus Cristo disse à Irmã Lúcia que, se esquecermos da intenção reparadora, podemos colocar essa intenção na confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tivermos para nos confessar;
2 – O Terço: a tradicional oração do Terço mariano também faz parte da devoção dos cinco primeiros sábados, que deve ser rezado na intenção da reparação do Imaculado Coração da Santíssima Virgem;
3 – Os 15 minutos de meditação dos mistérios do Rosário: Nossa Senhora pediu que fizéssemos companhia a ela durante pelo menos 15 minutos, meditando sobre os 15 mistérios do Rosário14, na intenção da reparação ao seu Imaculado Coração. Essa meditação não precisa ser de todos os 15 ou 20 mistérios do Rosário. Podemos meditar apenas um, dois, três ou mais mistérios, conforme a nossa escolha. Outra opção é a meditação dos mistérios do Rosário conforme o tempo litúrgico. Por exemplo: no tempo do Advento, podemos meditar os mistérios Gozosos; no tempo da Quaresma, os Mistérios Dolorosos; no Tempo Pascal, os Mistérios Gloriosos; no Tempo Comum, podemos meditar aqueles mistérios que mais dizem respeito à Liturgia do dia ou do domingo;
4 – A comunhão: é um ato essencial da devoção reparadora ao Imaculado Coração de Maria. Para compreender bem a sua importância, lembremos que a devoção da comunhão das nove primeiras sextas-feiras tem como intenção a reparação das ofensas contra o Sagrado Coração de Jesus. Recordemos também que a comunhão milagrosa, dada aos três pastorinhos de Fátima pelo Anjo da Guarda de Portugal, no outono de 1916, teve um caráter eminentemente reparador. Essa intenção evidencia-se na oração ensinada pelo Anjo da Paz, repetida seis vezes, três vezes antes e três vezes depois da comunhão:
Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, eu vos adoro profundamente e vos ofereço o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; e pelos méritos infinitos de seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores15.
Como nos casos acima, a intenção reparadora na devoção dos cinco primeiros sábados é muito importante, porque as ofensas contra o Imaculado Coração de Maria também ofendem gravemente o Sacratíssimo Coração de Jesus. Essa devoção reparadora, como um todo, pode ser também feita no domingo seguinte ao primeiro sábado, desde que seja por motivos justos e autorizado por um padre.
O poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria
Assim, a devoção ao Imaculado Coração, praticada nos primeiros sábados em reparação das ofensas cometidas contra a Virgem Maria, foi-nos revelada para salvação de muitas almas do inferno. Pois, cada vez mais, em nosso tempo, multiplicam-se os ataques contra a dignidade, os privilégios, as honras devidas a Nossa Senhora. Além disso, há uma diminuição considerável do culto mariano em quase toda a Igreja, em consequência principalmente dos erros espalhados pelo comunismo no mundo todo.
Sendo este o estado das coisas em nossos dias, a impiedade de muitos para com a Santíssima Virgem é ainda pior do que outrora. Por isso, certamente é mais do que essencial a intenção reparadora de nossa prática da devoção dos cinco primeiros sábados. Reparemos as ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria, tão ultrajado pela ingratidão dos homens, através da devoção que ela mesma nos indicou.
Na carta a Dom Manuel Maria Ferreira da Silva, Arcebispo titular de Gurza, escrita em 27 de maio de 1943, Irmã Lúcia nos ajuda a compreender o poder e a eficácia sobrenaturais da devoção ao Imaculado Coração de Maria: “’Os Santíssimos corações de Jesus e Maria amam e desejam este culto [para com o Coração de Maria], porque dele se servem para atrair todas as almas a eles, e isso é tudo o que desejam: salvar as almas, muitas almas, todas as almas’. Nosso Senhor me dizia há alguns dias: ‘Desejo ardentemente a propagação do culto e da devoção ao Coração de Maria, porque este Coração é o ímã que atrai as almas para mim, a fornalha que irradia na terra os raios de minha luz e de meu amor, fonte inesgotável de onde brota na terra a água viva de minha misericórdia‘”16. Com a certeza desta eficácia sobrenatural, peçamos a Mãe de Deus, com insistência e perseverança, as boas disposições de nossa alma para bem praticar a devoção dos cinco primeiros sábados.
Imaculado Coração de Maria, rogai por nós!
Referências:
1 SANTUÁRIO DE FÁTIMA. A segunda aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria (13.06.1917), p.4. http://www.fatima.pt/files/upload/estudos/E008_A%20segunda%20aparicao%20de%20Nossa%20Senhora.pdf
2 Idem. A terceira Aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria em 13 de julho de 1917, p. 6.
http://www.fatima.pt/files/upload/estudos/E006_A%20terceira%20aparicao%20de%20Nossa%20Senhora.pdf
3 CAPELA. A devoção reparadora dos cinco primeiros sábados do mês.
http://www.capela.org.br/Artigos/convidados/delestre1.htm#_ftnref11
4 UNIVERSO CATÓLICO. Imaculado Coração de Maria.
http://www.universocatolico.com.br/index.php?/imaculado-coracao- de-maria.html
5 CAPELA. Op. cit.
6 Idem, ibidem.
7 Idem, ibidem.
8 Idem, ibidem.
9 Idem, ibidem.
10 SANTUÁRIO DE FÁTIMA. Comunhão Reparadora nos Primeiros Sábados. http://www.santuario-fatima.pt/pt/news/devocao-cinco- primeiros-sabados
11 Idem, ibidem.
12 Idem, ibidem.
13 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium, 67.
14 Na época, o Rosário tinha apenas quinze mistérios. Hoje, podemos acrescentar também os cinco Mistérios
Luminosos. No entanto, meditar estes não é obrigatório.
15 CAPELA. Op. cit.
16 Idem, ibidem.
Por Natalino Ueda, via Canção Nova
A Igreja celebra a Solenidade de São Pedro e São Paulo, entretanto, há algumas dúvidas sobre as verdadeiras razões do motivo de a festa de ambos os apóstolos ser celebrada no mesmo dia.
A seguir, 7 chaves que permitem entender isso:
1. Santo Agostinho de Hipona expressou que eram “um só”
Em um sermão do ano 395, o Doutor da Igreja, Santo Agostinho de Hipona, expressou que São Pedro e São Paulo, “na realidade, eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos. Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois apóstolos”.
2. Ambos padeceram em Roma
Foram detidos na prisão Mamertina, também chamada Tullianum, localizada no foro romano na Roma Antiga. Além disso, foram martirizados nessa mesma cidade, possivelmente por ordem do imperador Nero.
São Pedro passou seus últimos anos em Roma liderando a Igreja durante a perseguição e até o seu martírio no ano 64. Foi crucificado de cabeça para baixo, a pedido próprio, por não se considerar digno de morrer como seu Senhor. Foi enterrado na colina do Vaticano e a Basílica de São Pedro está construída sobre seu túmulo.
São Paulo foi preso e levado a Roma, onde foi decapitado no ano 67. Está enterrado em Roma, na Basílica de São Paulo Extramuros.
3. São fundadores da Igreja de Roma
Na homilia de 2012 na Solenidade de São Pedro e São Paulo, o Papa Bento XVI assegurou que “a sua ligação como irmãos na fé adquiriu um significado particular em Roma. De fato, a comunidade cristã desta Cidade viu neles uma espécie de antítese dos mitológicos Rómulo e Remo, o par de irmãos a quem se atribui a fundação de Roma”.
4. São padroeiros de Roma e representantes do Evangelho
Na mesma homilia, o Santo Padre chamou esses dois apóstolos de “padroeiros principais da Igreja de Roma”.
“Desde sempre a tradição cristã tem considerado São Pedro e São Paulo inseparáveis: na verdade, juntos, representam todo o Evangelho de Cristo”, detalhou.
5. São a versão contrária de Caim e Abel
O Santo Padre também apresentou um paralelismo oposto com a irmandade apresentada no Antigo Testamento entre Caim e Abel.
“Enquanto nestes vemos o efeito do pecado pelo qual Caim mata Abel, Pedro e Paulo, apesar de ser humanamente bastante diferentes e não obstante os conflitos que não faltaram no seu mútuo relacionamento, realizaram um modo novo e autenticamente evangélico de ser irmãos, tornado possível precisamente pela graça do Evangelho de Cristo que neles operava”, relatou o Santo Padre Bento XVI.
6. Porque Pedro é a “rocha”
Esta celebração recorda que São Pedro foi escolhido por Cristo – “tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” – e humildemente aceitou a missão de ser “a rocha” da Igreja e apascentar o rebanho de Deus, apesar de suas fragilidades humanas.
Os Atos dos Apóstolos ilustram seu papel como líder da Igreja depois da Ressurreição e Ascenção de Cristo. Pedro dirigiu os apóstolos como o primeiro Papa e assegurou que os discípulos mantivessem a verdadeira fé.
Como explicou em sua homilia o Sumo Pontífice Bento XVI, “na passagem do Evangelho de São Mateus (…), Pedro faz a sua confissão de fé em Jesus, reconhecendo-O como Messias e Filho de Deus; fá-lo também em nome dos outros apóstolos. Em resposta, o Senhor revela-lhe a missão que pretende confiar-lhe, ou seja, a de ser a ‘pedra’, a ‘rocha’, o fundamento visível sobre o qual está construído todo o edifício espiritual da Igreja”.
7. São Paulo também é coluna do edifício espiritual da Igreja
São Paulo foi o apóstolo dos gentios. Antes de sua conversão, era chamado Saulo, mas depois de seu encontro com Cristo e conversão, continuou seguindo para Damasco, onde foi batizado e recuperou a visão. Adotou o nome de Paulo e passou o resto de sua vida pregando o Evangelho sem descanso às nações do mundo mediterrâneo.
“A iconografia tradicional apresenta São Paulo com a espada, e sabemos que esta representa o instrumento do seu martírio. Mas, repassando os escritos do Apóstolo dos Gentios, descobrimos que a imagem da espada se refere a toda a sua missão de evangelizador. Por exemplo, quando já sentia aproximar-se a morte, escreve a Timóteo: ‘Combati o bom combate’ (2Tm 4,7); aqui não se trata seguramente do combate de um comandante, mas daquele de um arauto da Palavra de Deus, fiel a Cristo e à sua Igreja, por quem se consumou totalmente. Por isso mesmo, o Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou-o, juntamente com Pedro, como coluna no edifício espiritual da Igreja”, expressou Bento XVI em sua homilia.
Via ACI Digital
JULHO
Tomé significa “abismo” ou “duplicado’” em grego dídimo; ou vem de thomos, que quer dizer “divisão”, “partilha”. Significa “abismo”, porque mereceu sondar as profundezas da Divindade, quando à sua pergunta Cristo respondeu: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.’ Significa “duplicado”, por ter conhecido de duas maneiras a Ressurreição de Cristo, pois enquanto os outros apóstolos conheceram-na vendo-O, ele O viu e tocou. Significa “divisão”, seja porque afastou sua mente do amor às coisas do mundo, seja porque se separou dos outros na forma de crer na Ressurreição. Poder-se-ia dizer ainda que o nome Tomé vem de totus means, por ter-se deixado inundar inteiramente pelo amor a Deus. Tomé possuiu as três qualidades que distinguem os que têm esse amor e que PRÓSPERO formula no Livro da vida contemplativa: desejar com toda sua alma ver Deus, odiar o pecado, desprezar o mundo. O nome Tomé também pode vir de Theos, “Deus”, e meus, “meu”, isto é, “Deus meu”, o que corresponde ao que disse quando reconheceu sua fé: “Senhor meu e Deus meu”.’
1. O apóstolo Tomé estava em Cesaréia quando o Senhor lhe apareceu e disse: “O rei da Índia, Gondoforo, enviou seu ministro Abanes em busca de um arquiteto hábil. Venha e o enviarei a ele”. Tomé respondeu: “Senhor, envie-me aonde quiser, menos à Índia”. Deus lhe disse: “Vá sem nenhuma apreensão, porque serei seu guardião. Quando você tiver convertido os indianos, virá a mim com a palma do martírio”. Replicou-lhe Tomé: “Você é meu Senhor e eu seu escravo; seja feita a sua vontade”.
O intendente do rei passeava pela praça e o Senhor indagou: “De que necessita, rapaz?”. Este disse: “Meu amo enviou-me para conseguir escravos hábeis em arquitetura, que lhe construam um palácio à moda romana”. Então o Senhor ofereceu Tomé como homem muito capaz nessa arte. Eles embarcaram e chegaram à cidade na qual o rei celebrava o casamento da filha. Ele mandara anunciar que todos deviam participar das bodas, sob pena de incorrer em sua cólera. Abanes e o apóstolo foram à festa. Ali, uma moça judia que empunhava uma flauta dirigia palavras lisonjeiras a cada um dos presentes. Quando ela viu o apóstolo, reconheceu que era judeu porque não comia e mantinha os olhos voltados para o Céu. Ela se pôs então a cantar em hebraico diante dele: “Foi o Deus dos hebreus que sozinho criou o universo e cavou os mares”, e o apóstolo procurava repetir essas palavras.
Mas ele não comia nem bebia e mantinha os olhos constantemente voltados para o Céu, o que desagradou um serviçal da corte, que esbofeteou o apóstolo de Deus. Este então disse: “É melhor para você ser punido na terra com um castigo passageiro e ser futuramente perdoado. Eu não me levantarei enquanto a mão que me bateu não for trazida até aqui por cães”. Ora, quando aquele serviçal foi buscar água na fonte, um leão estrangulou-o e bebeu seu sangue. Cães dilaceraram seu cadáver e um deles, preto, levou a mão direita até o local do banquete.
Vendo aquilo a multidão ficou impressionada, e lembrando-se das palavras que ele dissera a donzela jogou fora a flauta e veio se prosternar aos pés do apóstolo.
Agostinho em seu livro Contra Fausto afirma que tal episódio foi interpolado na legenda por um falsário, pois o apóstolo não teria agido por vingança. A autenticidade do fato é com efeito duvidosa, mas se admitirmos que aconteceu, ele não deve ser interpretado como vingança, mas como predição. Ademais, examinando com cuidado as palavras de Agostinho, ele não nega completamente a ocorrência do episódio, apenas sugere que ele pode ter sido inventado.
Eis o que ele diz naquele livro:
Lemos às vezes relatos apócrifos que compiladores de fábulas atribuíram aos apóstolos, levando mesmo alguns santos doutores dos primeiros tempos da Igreja a reconheceram-nos como autênticos. Os maniqueus também aceitam histórias desse tipo: o apóstolo Tomé estava incógnito, como peregrino, numa festa de casamento e foi agredido por um criado contra o qual teria exprimido imediatamente o desejo de uma cruel vingança. Tendo esse homem saído para buscar água para os convidados numa fonte, teria sido morto por um leão que o atacou, e a mão que havia esbofeteado levemente o rosto do apóstolo foi arrancada do corpo segundo seu voto e suas imprecações, e levada por um cão à mesa do apóstolo. Poderia haver coisa mais cruel? Ora, se não me engano, o mesmo relato diz que o apóstolo pediu que o criado recebesse perdão para a vida futura. Ou seja, a aparente crueldade do gesto escondia benefícios maiores, pois o apóstolo, querido e honrado por Deus, através do medo que despertara tornou-se respeitado por aqueles que não o conheciam, e os presentes ao banquete puderam entender que por detrás de fatos terrenos pode-se encontrar a vida eterna.
Pouco me importa se este relato é verdadeiro ou não. O que é certo é que graças a ele os maniqueus, que aceitam como verdadeira e sincera essa narrativa que a Igreja rejeita, são forçados a reconhecer que a virtude da paciência, ensinada pelo Senhor ao dizer: “Se alguém bate na sua face direita, oferece-lhe a esquerda”, pode realmente existir no fundo do coração, ainda que não seja demonstrada por gestos e palavras, já que em vez de oferecer ao criado a outra face, o apóstolo esbofeteado pediu ao Senhor que não deixasse aquela falta impune nesta vida terrena, mas que poupasse o insolente na vida futura. Externamente ele pediu uma correção que servisse de exemplo, mas internamente havia o amor da caridade. Sem pretender elucidar se o episódio é verdadeiro ou apenas uma fábula, por que não elogiar no apóstolo o que se aprova em outro escravo de Deus, Moisés, que degolou os artífices e adoradores de ídolos? Se compararmos os castigos, ser morto pelo gládio ou ser dilacerado pelos dentes de um animal feroz são coisas semelhantes, pois seguindo as leis os juízes condenam os grandes culpados a perecer indiferentemente pelos dentes das feras ou pela espada.
É o que diz Agostinho. Então o apóstolo, a pedido do rei, abençoou o esposo e a esposa dizendo: “Dê, Senhor, a bênção de sua mão direita a estes jovens e semeie no fundo de seus corações os germes fecundos da vida”. Quando o, apóstolo se retirou, surgiu nas mãos do esposo um galho carregado de tamaras. Depois de comerem esses frutos, os recém-casados adormeceram e tiveram o mesmo sonho. Sonharam que um rei coberto de pedras preciosas beijava-os dizendo: “Meu apóstolo abençoou-os para que participem da vida eterna”. Ao despertar, eles estavam contando um ao outro seus sonhos quando o apóstolo apareceu dizendo:
Meu rei acaba de manifestar-se a vocês, e introduziu-me aqui, apesar das portas fechadas, para que minha bênção lhes fosse proveitosa. Guardem a pureza do corpo, rainha de todas as virtudes, e seu fruto, a salvação eterna. A virgindade é irmã dos anjos, é o maior dos bens, vence as paixões nefastas, é o troféu da fé, a fuga dos demônios e a garantia dos júbilos eternos. A luxúria engendra a corrupção, da corrupção nasce a mácula, da mácula vem a culpa, e a culpa produz a confusão.
Enquanto expunha essas máximas, apareceram dois anjos: “Fomos enviados para ser seus anjos da guarda. Se puserem em prática com fidelidade os conselhos do apóstolo, apresentaremos todos seus desejos a Deus”. Então Tomé batizou-os e ensinou a eles todas as verdades da fé. A esposa, chamada Pelágia, tomou o véu sagrado e foi mais tarde martirizada, enquanto o esposo, que se chamava Dioniso, foi ordenado4 bispo daquela cidade.
2. Depois disso, Tomé e Abanes foram encontrar o rei da Índia. O apóstolo desenhou a planta de um magnífico palácio e o rei recompensou-o com consideráveis tesouros que o apóstolo distribuiu aos pobres. O rei partiu para outra província e ficou dois anos ausente, tempo que Tomé aproveitou para se consagrar com ardor à pregação e converter um número incontável de pessoas. Ao voltar, informado do que Tomé fizera, o rei mandou colocar ele e Abanes no fundo de uma masmorra para depois serem esfolados vivos e jogados na fogueira. Nesse meio tempo morreu Gad, irmão do rei. Faziam-se os preparativos para lhe erigir um magnífico túmulo, quando no quarto dia o morto ressuscitou, e todos fugiram apavorados ao vê-lo passar. Ele foi até o rei e disse:
Meu irmão, esse homem que você mandou esfolar e jogar na fogueira é amigo de Deus e todos os anjos obedecem-no. Os que me levavam ao Paraíso mostraram-me um palácio esplêndido, todo de ouro, prata e pedras preciosas, e enquanto eu admirava sua beleza, disseram-me: “É o palácio que Tomé construiu para seu irmão”. Tendo eu respondido: “Gostaria de ser seu porteiro!”, eles acrescentaram: “Seu irmão tornou-se indigno dele, portanto se quiser morar ali, pediremos ao Senhor para ressuscitá-lo a fim de que possa comprá-lo de seu irmão”.
Dito isso, Gad correu à prisão do apóstolo, pediu-lhe que perdoasse o irmão, livrou-o dos grilhões e rogou-lhe que aceitasse uma preciosa vestimenta. “Por acaso você ignora”, perguntou o apóstolo, “que nada carnal, nada terrestre, tem valor para os que desejam os bens celestes?” No momento em que ele saía da prisão, chegou o rei que ia lhe pedir perdão. O apóstolo então lhe disse: “Deus concedeu a você um grande favor ao revelar seus segredos. Creia em Cristo e receba o batismo para participar do reino eterno”. O irmão do rei disse: “Vi o palácio que você construiu para meu irmão e gostaria de comprá-lo”. O apóstolo retrucou: “Isto depende do seu irmão”. E o rei falou: “Vou ficar com ele. Que o apóstolo construa outro para você, ou, se ele não puder, nós o possuiremos em comum”. O apóstolo respondeu: “São incontáveis no Céu os palácios que desde o começo do mundo estão preparados para os eleitos, palácios comprados apenas pelas preces, pela fé e pelas esmolas. As riquezas materiais não podem segui-los até o Céu”.
3 Um mês depois, o apóstolo mandou reunir todos os pobres da região, separou os doentes e os enfermos e orou por eles. Ao terminar a prece, os que já tinham aceito a fé responderam “Amém”, e então brilhou no céu um relâmpago que por meia hora ofuscou tanto o apóstolo como os presentes, a tal ponto que todos se imaginaram mortos. Mas Tomé ergueu-se e disse: “Levantem-se, porque meu Senhor veio em forma de raio e curou a todos vocês”. Todos se levantaram curados e renderam glória a Deus e a seu apóstolo.
Tomé tratou de instruí-los e demonstrou-lhes os doze graus das virtudes. O primeiro é acreditar em Deus, que é uno em essência e trino em pessoas. Para provar que três pessoas podem ter uma só essência, ele deu três exemplos. Tudo o que o homem sabe forma um conjunto chamado sabedoria, constituído de três partes, o gênio, graças ao qual se descobre o que não foi aprendido; a memória, graças à qual se retém o que foi aprendido; a inteligência, graças à qual se compreende o que pode ser demonstrado e ensinado. Numa videira há três partes, a madeira, as folhas e o fruto, e essas três juntas formam uma só e mesma videira. A cabeça humana é una e única, mas possui quatro sentidos, visão, paladar, audição e olfato. O segundo grau de virtude é receber o batismo. O terceiro é abster-se de fornicação. O quarto é renegar a avareza. O quinto, preservar-se da gula. O sexto, viver na penitência. O sétimo, perseverar nas boas obras. O oitavo, praticar a hospitalidade. O nono, procurar fazer em tudo a vontade de Deus. O décimo, evitar o que a vontade de Deus proíbe. O décimo primeiro, praticar a caridade tanto com os amigos quanto com os inimigos. O décimo segundo, zelar vigilantemente para respeitar esses graus. Quando terminou sua pregação foram batizados 9 mil homens, sem contar crianças e mulheres.
4· De lá Tomé foi para a Índia superior, onde se tornou célebre por um grande número de milagres. O apóstolo levou a luz da fé a Sintícia, amiga de Migdomia, esposa de Carísio, cunhado do rei. Certo dia Migdomia perguntou a Sintícia: “Você acha que posso ir vê-lo”. Aconselhada por Sintícia, Migdomia mudou de roupa e foi se juntar às mulheres pobres no lugar em que pregava o apóstolo. Este deplorava a miséria da vida, dizendo entre outras coisas que esta vida é miserável, fugidia e sujeita às desgraças, e que quando pensamos tê-la nas mãos, ela escapa e se desconjunta. E começou a exortar a se ouvir favoravelmente a palavra de Deus por quatro razões que comparou a quatro tipos de coisas: a um colírio, porque limpa o olho da nossa inteligência; a uma poção, porque purga e purifica nossa afeição de qualquer amor carnal; a um emplastro, porque cura os ferimentos de nossos pecados; ao alimento, porque nos fortifica no amor às coisas celestiais. Ora, acrescentou, do mesmo modo que aquelas coisas só fazem bem a um doente se este ingeri-las, a palavra de Deus também só é proveitosa a uma alma sofredora se ela escutá-la com devoção.
Enquanto o apóstolo pregava, Migdomia passou a crer e a sentir horror em compartilhar o leito com seu marido. Por isso Carísio pediu ao rei que o apóstolo fosse encarcerado. Migdomia foi ter com ele na prisão e pediu-lhe que a perdoasse por ter sido preso por sua causa. Ele a consolou com bondade e garantiu que sofria de bom grado. Carísio pediu ao rei que mandasse a rainha, irmã de sua mulher, tentar fazê-la voltar para casa. A rainha foi enviada e convertida por aquela que queria perverter, e depois de ter visto muitos prodígios realizados pelo apóstolo, disse: “São malditos de Deus os que não crêem em tão grandes milagres e em semelhantes obras”. Então o apóstolo instruiu brevemente todos os ouvintes sobre três pontos: amar a Igreja, honrar os sacerdotes e reunir-se assiduamente para ouvir a palavra de Deus.
Quando a rainha voltou para casa, o rei perguntou: “Por que demorou tanto?”. Ela respondeu: “Achei que Migdomia estivesse louca, mas ela é bem sensata; levando-me ao apóstolo de Deus, ela me fez conhecer o caminho da verdade, e insensatos são os que não crêem em Cristo”. Daí em diante a rainha recusou-se a copular com o rei. Estupefato, ele disse a seu cunhado: “Querendo reaver sua mulher, perdi a minha, que se comporta comigo pior do que a sua com você”. O rei mandou então amarrar as mãos do apóstolo e trazê-lo à sua presença, e ordenou que ele fizesse as mulheres voltarem para seus maridos. Mas através de três exemplos – o exemplo do rei, o exemplo da torre e o exemplo da fonte – o apóstolo demonstrou que elas não deviam retornar enquanto eles persistissem no erro.
Não é verdade que você, que é rei, não quer serviçais sujos e exige limpeza de seus escravos e escravas? Com mais razão, Deus exige dos que lhe servem que sejam castíssimos e limpíssimos. Por que você alega ser crime eu pregar aos escravos de Deus que o amem, quando deseja o mesmo de seus próprios escravos? Eu erigi uma torre altíssima e você me diz, a mim que a construí, para demoli–la. Cavei profundamente a terra e fiz jorrar uma fonte do abismo, e você me diz que devo tapá-la?
Furioso, o rei mandou espalhar pelo solo lâminas incandescentes de ferro colocar o apóstolo descalço sobre elas. Mas imediatamente, por ordem de Deus, surgiram ali diversas fontes que esfriaram as lâminas. O rei, seguindo o conselho de seu cunhado, mandou jogar Tomé numa fornalha ardente, que se apagou, de maneira que no dia seguinte ele saiu de lá são e salvo. Carísio disse ao rei: “Faça com que ele ofereça um sacrifício ao sol, para que suscite a cólera de seu Deus, que o protege”.
Quando instavam o apóstolo a fazê-lo, ele disse ao rei: “Você vale mais do que essa imagem que mandou fazer. Carísio disse que Deus se irritará contra mim se eu adorar seu deus, mas saiba você, idólatra que despreza o verdadeiro Deus, que Ele ficará muito mais irritado com seu ídolo, e o quebrará. E se adorando seu deus o meu não o derrubar, sacrificarei a seu ídolo, mas se acontecer como eu disse você passará a acreditar em meu Deus”. Irritado, o rei disse: “Você me fala de igual para igual”. O apóstolo ordenou em língua hebraica ao demônio existente dentro do ídolo que assim que se ajoelhasse diante deste, ele o quebrasse.
Ao dobrar o joelho, o apóstolo falou: “Adoro, mas não ao ídolo; adoro, mas não ao metal; adoro, mas não a um simulacro, porque Aquele que adoro é meu Senhor Jesus Cristo, em nome do qual ordeno, demônio escondido nesta imagem, que a quebre”. E a imagem desapareceu imediatamente, como cera que se derrete. Todos os sacerdotes gritaram e o pontífice do templo tomou de um gládio com o qual trespassou o apóstolo, dizendo: “Eu é que vingarei a afronta feita a meu deus”. Quanto ao rei e a Carísio, fugiram ao ver o povo preparando-se para vingar o apóstolo e queimar vivo o pontífice. Os cristãos levaram o corpo do santo e sepultaram-no com a devida honra.
Muito tempo depois, isto é, por volta do ano 230, atendendo ao pedido dos sírios, o imperador Alexandre autorizou que o corpo do apóstolo fosse transportado para a cidade de Edessa, que outrora se chamava Rages dos Medas. Desde que Abgar, rei dessa cidade, teve a honra de receber uma carta escrita pelo próprio punho do Salvador, ali nenhum herético, nenhum judeu, nenhum pagão podia viver, nenhum tirano podia praticar o mal. Quando algum inimigo tenta atacar essa cidade, à sua porta uma criança batizada lê aquela carta e no mesmo dia, tanto pelo escrito do Salvador como pelos méritos do apóstolo Tomé, os inimigos fogem e deixam a cidade em paz.
Eis o que ISIDORO diz desse apóstolo em seu livro sobre a vida e a morte dos santos:5 “Tomé, discípulo e imitador de Cristo, foi incrédulo ao ouvir e fiel ao ver. Pregou o Evangelho aos partas, aos medas, aos persas, aos hircanos e aos báctrios: entrando no Oriente e penetrando no interior da região, pregou até a hora de seu martírio. Foi trespassado por lanças”.
Assim fala Isidoro. E Crisóstomo acrescenta, por sua vez, que quando Tomé chegou ao país dos magos, que tinham ido adorar Cristo, batizou-os e depois disso eles tornaram-se seus colaboradores na difusão da fé cristã.
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1. J0 14,6.
2. J0 20,28.
3. Mateus 5.39; Lucas 6,29.
4. Ordenação (ordinatio) é a cerimônia que confere o sacramento da ordem (ardo), isto é, pela qual por intermédio da imposição das mãos de um indivíduo já sacralizado, o Espírito Santo é transmitido a outro (bispo,padre, diácono), segundo o modelo do que Cristo fizera com os apóstolos e estes com seus próprios discípulos (João 20,21 -22; Mateus 3,16; Atos dos apóstolos 6,6; 13,2-3; 1 Timóteo 4,14; 2 Timóteo 1,6).
5. Esta obra de prestígio na Idade Média (mas citada apenas três vezes na Legenda áurea) foi recentemente objeto de nova edição e tradução: De ortu etobítu Patrum, ed.-trad. C. Chaparro Gómez, Paris, Belles Lettres. 1985. A passagem referida por Jacopo de Varazze é o capítulo 73, pp. 208-211.
Fonte: DE VARAZZE, JACOPO. Legenda Áurea: vidas de santos. Tradução do latim, apresentação, notas e seleção iconográfica: Hilário Franco Júnior. São Paulo: Companhia das Letras,2003. P.81-88.
Via Prof. Felipe Aquino
A Igreja, neste dia, celebra a virgem e mártir que encantou e continua enriquecendo os cristãos com seu testemunho de “sim” a Deus e “não” ao pecado. Nascida em Corinaldo, centro da Itália, era de família pobre, numerosa e camponesa, mas muito temente a Deus.
Com a morte do pai, Maria Goretti, com os seus, foram morar num local perto de Roma, sob o mesmo teto de uma família composta por um pai viúvo e dois filhos, sendo um deles Alexandre. Aconteceu que este jovem por várias vezes tentou seduzir Goretti, que ficava em casa para cuidar dos irmãozinhos. E por ser uma menina temente a Deus, sua resposta era cheia de maturidade: “Não, não, Deus não quer; é pecado!”
Santa Maria Goretti, certa vez, estava em casa e em oração, por isso quando o jovem, que era de maior estatura e idade, tentou novamente seduzi-la, Goretti resistiu com mais um grande não. A resposta de Alexandre foram 14 facadas, enquanto da parte de Goretti, percebemos a santidade, na confidência à sua mãe: “Sim, o perdoo… Lá no céu, rogarei para que ele se arrependa… Quero que ele esteja junto comigo na glória eterna”.
O martírio desta adolescente, de apenas 12 anos, foi a causa da conversão do jovem assassino, que depois de sair da cadeia esteve com as 400 mil pessoas, na Praça de São Pedro, na ocasião da canonização dessa santa, e ao lado da mãe dela, que o perdoou também.
Santa Maria Goretti manteve-se pura e santa por causa do seu amor a Deus, por isso na glória reina com Cristo.
Santa Maria Goretti, rogai por nós!
Via Canção Nova
Abade vem de “Abbá”, que significa pai, e isto o santo de hoje bem soube ser do monaquismo ocidental. São Bento nasceu em Núrcia, próximo de Roma, em 480, numa nobre família que o enviou para estudar na Cidade Eterna, no período de decadência do Império.
Diante da decadência – também moral e espiritual – o jovem Bento abandonou todos os projetos humanos para se retirar nas montanhas da Úmbria, onde dedicou-se à vida de oração, meditação e aos diversos exercícios para a santidade. Depois de três anos numa retirada gruta, passou a atrair outros que se tornaram discípulos de Cristo pelos passos traçados por ele, que buscou nas Regras de São Pacômio e de São Basílio uma maneira ocidental e romana de vida monástica. Foi assim que nasceu o famoso mosteiro de Monte Cassino.
A Regra Beneditina, devido a sua eficácia de inspiração que formava cristãos santos por meio do seguimento dos ensinamentos de Jesus e da prática dos Mandamentos e conselhos evangélicos, logo encantou e dominou a Europa, principalmente com a máxima “Ora et labora”. Para São Bento a vida comunitária facilitaria a vivência da Regra, pois dela depende o total equilíbrio psicológico; desta maneira os inúmeros mosteiros, que enriqueceram o Cristianismo no Ocidente, tornaram-se faróis de evangelização, ciência, escolas de agricultura, entre outras, isso até mesmo depois de São Bento ter entrado no céu com 67 anos.
São Bento, rogai por nós!
Via Canção Nova
Escrever sobre a presença de Maria em nossas vidas, em especial Nossa Senhora do Carmo, enaltecendo suas virtudes e mostrando suas graças, me faz questionar: será que os devotos da Virgem do Carmo realmente conhecem sua história, suas promessas e sua verdadeira devoção?
Por exemplo: Você sabe como surgiu essa devoção? Sabe quem teve a visão de Maria? Por que Maria entregou o Escapulário? Qual é o verdadeiro sentido em usar o Escapulário?
É, portanto, a partir destes questionamentos e constatações que proponho esta reflexão, a fim de resgatar a verdadeira história e devoção da Virgem do Carmo. Porém, mais do que o valor histórico da visão que São Simão Stock teve, é importante ressaltar a aceitação da Igreja e a aprovação da devoção do Escapulário, como um incentivo para uma vida cristã autêntica, onde sua essência continua sendo o seguimento do Mestre Jesus Cristo.
Aqui, creio eu, vale um pensamento de Leonardo da Vinci que nos alerta: “Quanto mais conhecemos, mais amamos”. Portanto, é isto que quero e pretendo estimular de modo especial: conhecer e compreender melhor a história da Virgem do Carmo para melhor amá-la e melhor venerá-la.
A devoção e história de Nossa Senhora do Carmo remonta inevitavelmente ao Monte Carmelo, onde o grande Profeta Elias viveu na solidão, como ermitão, em torno do ano de 850 a.C. Mas era um homem de Deus, pois deixava que o Senhor fizesse parte de sua vida. Desta forma, ele se colocava atento aos apelos de Deus. Era no Deus Único e Verdadeiro que o Profeta tirava forças e coragem para defender o seu povo.
No seu tempo, Elias enfrenta o rei Acab, anunciando a praga da seca e caminha para o deserto. Ali é alimentado por Deus com pão e carne (1Rs 17,4-6). Desta forma, Elias refaz a caminhada do povo, revivendo a história do passado e despertando na origem da fé o caminho do reencontro com Javé. O Profeta Elias foi um grande testemunho da presença de Deus naquele tempo (1Rs 17,1;18,15). Diante do povo, ele era um homem de Deus, que falava em nome de Javé (1Rs 17,24). Sempre se retirava na solidão (1Rs 17,3;19,3-8), seu alimento era o que a natureza oferecia (1Rs 17,4) e partilhava com os pobres destes alimentos (1Rs 17,15).
Vale a pena vivenciar a devoção à Virgem do Carmo e ao seu Santo Escapulário, pois na hora que mais precisar ela estará presente com seu poderoso e precioso manto.
Após algum tempo, seguindo as ordens do Senhor, Elias se apresenta ao rei Acab e enfrenta a Rainha Jezabel, esposa do rei, que tinha interesses em desviar o povo de um Deus, único e verdadeiro, para adorar um falso deus chamado Baal. Ela mesma havia criado um grupo de falsos profetas que deveriam divulgar esta devoção ao deus Baal. Profeta Elias, diante de tal situação, revoltou-se e colocou-se para um grande desafio. Pediu que todo o povo de Israel fosse avisado e que se reunisse no Monte Carmelo. Ele estava sozinho diante de quatrocentos e cinquenta profetas de Baal; e assim, Elias enfrentou estes profetas sem medo algum e, diante do povo, provou que o Deus verdadeiro estava ao seu lado. Inspirados na coragem e no testemunho do profeta, o povo se rebelou contra os profetas e seu falso deus. A partir de então, foram crescendo grupos de profetas que viviam em comunidades. (1Rs 19,19-21), (2Rs 2,1-15)
Tempos depois, também inspirados pelos testemunhos de Elias e em seu modo de viver através da oração e do silêncio, um grupo de homens, vindo de várias partes da Europa, chegou ao Monte Carmelo procurando entregar suas vidas a Nosso Senhor Jesus Cristo. Entre 1206 e 1214, Santo Alberto redigiu uma regra para estes eremitas. A Regra da Ordem do Carmo foi aprovada definitivamente pelo Papa Inocêncio IV, em 1247.
Segundo a História, quando esta Ordem atravessou uma forte crise, seus discípulos foram expulsos, tendo então que se adaptar à realidade da Europa, e foi lá que ocorreu o grande milagre e a maravilhosa intervenção da Nossa Senhora, depois chamada Nossa Senhora do Carmo. Na Europa, os Carmelitas sofreram muito a ponto de se extinguir e foi neste momento que Nossa Senhora apareceu ao Superior Geral dos Carmelitas, chamado Simão Stock, na noite de 16 de julho de 1251, prometendo ajudar a Ordem e dando a ele o Escapulário, como sinal de aliança e proteção
Existem outros elementos importantes desta aparição, porém, meditemos sobre isto: Maria ou como também podemos chamá-la “Senhora do Escapulário”, apareceu num momento de extrema provação, dificuldade e porque não dizer num momento de “vida ou morte”.
Observe que você pode, sem medo, ter confiança e certeza nesta devoção, amor e fervor pela Virgem do Escapulário, pois desde o início ela se mostrou solidária e compassiva aos momentos extremados de dificuldade, sofrimento e provação.
Portanto, a partir deste fato histórico que muitas vezes passa despercebido, você pode tirar uma grande lição e uma inabalável certeza: Vale a pena vivenciar a devoção à Virgem do Carmo e ao seu Santo Escapulário, pois na hora que mais precisar, como aconteceu aos carmelitas, ela estará lá presente com seu poderoso e precioso manto.
Vários Papas promoveram o uso do Escapulário e Pio XII chegou a escrever: “Devemos colocar em primeiro lugar a devoção do Escapulário de Nossa Senhora do Carmo – e ainda – Escapulário não é ‘carta-branca’ para pecar; é uma ‘lembrança’ para viver de maneira cristã, e assim, alcançar a graça duma boa morte”.
Escapulário é a expressão de um manto que cai sobre os ombros, pois a palavra Escapulário vem do latim “scapulae” que tem como significado “ombros”. Ele pode ser confeccionado com materiais diferentes, mas o princípio é sempre o mesmo: um cordão longo ligando duas imagens: uma do Sagrado Coração de Jesus e outra de Nossa Senhora do Carmo, ou Virgem do Carmelo, como também é conhecida, com o Menino Jesus no colo.
Porém, para os cristãos, não deve importar o material do qual esse sacramental é feito, mas sim, o significado que tem ao se colocar sobre os ombros. Ele é a aceitação de um compromisso, um pacto velado que você assumiu: você cuida de sua fé e devoção e a Santa o cuida e protege.
Autor: Pe. Luiz Alberto Kleina
Reitor do Santuário Nossa Senhora do Carmo – Curitiba/PR
Via A12
Padroeira dos pecadores arrependidos, dos convertidos, das mulheres, das pessoas ridicularizadas por sua piedade, dos boticários, dos cabeleireiros, dos curtumeiros, dos fabricantes de perfumes, dos farmacêuticos, dos fabricantes de luvas, da vida contemplativa e contra a tentação sexual .
Origens
“Madalena”, na verdade, é um apelido e significa “aquela que veio de Magdala”, cidade que ficava às margens do Lago de Genesaré, perto de Cafarnaum, na Terra Santa. Por este apelido sabemos que esta Maria veio de Magdala. No tempo de Jesus, Magdala era uma cidade importante. Para se ter uma ideia, tintureiros e pescadores tinham bairros específicos na cidade. Ali havia indústrias de barcos e de peixes em conserva. Além disso, sabe-se que um excelente tipo de lã era vendida ali em mais de oitenta lojas. A palavra “Magdala” significa “torre”. Achados recentes indicam, de fato, uma torre nas ruínas de Magdala. Os arqueólogos acreditam que se tratava de um farol.
Santa Maria Madalena – mulher de posses
Sabemos que Maria Madalena foi uma pecadora convertida. Além disso, sabemos que ela era uma mulher de posses, contada entre as mulheres que ajudavam o grupo de Jesus e os doze com suas posses, ao lado da mulher de um procurador de Herodes entre outras. (Lucas 8, 2-3). Além disso, antes da ressurreição do Senhor, “Maria Madalena e outras duas mulheres compraram aromas para ungir Jesus”. (Marcos 16,1). Estes aromas usados na preparação dos defuntos eram artigos caros e poucos tinham dinheiro para comprá-los.
Dinheiro a serviço do Reino dos Céus
Se Maria Madalena foi, de fato, uma prostituta, deve ter sido famosa e muito bonita, porque poucas mulheres em Israel tinham posses como ela. O admirável nisso tudo é que, após conhecer Jesus e ter sido salva por Ele, Santa Maria Madalena colocou suas posses, conseguidas, talvez, com o dinheiro da prostituição, a serviço do Reino de Deus, mostrando que a conversão chegou a todas as áreas da vida desta grande santa.
Fiel até o fim
Outra característica marcante de Santa Maria Madalena foi a fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo. Três versículos do Evangelho de São Mateus que, por vezes, passam despercebidos, revelam-nos esta fidelidade. Primeiro, aos pés da cruz de Jesus, quando todos os discípulos (menos João) tinham fugido, ela estava lá junto com Maria, Mãe de Jesus:
“Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu” ( Mt 27,56). Depois, quando Jesus tinha sido sepultado, “Maria Madalena e a outra Maria ficaram lá, sentadas defronte do túmulo” (Mt 27,61). E, por fim, “Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo” (Mt 28,1). Tudo isso revela o amor e a fidelidade de Santa Maria Madalena. Não é à toa que seu nome figura entre os primeiros da Ladainha de Todos os Santos.
A primeira a ver Jesus ressuscitado
Outro dado marcante sobre Santa Maria Madalena é o fato de ela ter sido a primeira testemunha ocular de Jesus ressuscitado. Sim, segundo os Evangelhos, ela foi a primeira a ver e a falar com Jesus na madrugada do domingo, logo após a ressurreição do Mestre, como vemos no Evangelho de São João 20, 1-18.
A primeira anunciadora da ressurreição de Jesus
Além de ter sido a primeira testemunha de Jesus ressuscitado, ela foi também a primeira a anunciar o milagre da ressurreição de Jesus. Este primeiro anúncio, chamado “Kerigma”, tão prezado pelos Apóstolos, foi, antes de tudo, feito por uma mulher, em contraponto à mentalidade machista da época. O fato evidencia que Nosso Senhor Jesus Cristo preza a fidelidade e o amor, antes das convenções sociais. A Tradição Cristã também atesta que Santa Maria Madalena foi uma grande anunciadora do Evangelho depois de Pentecostes. Seu exemplo é maravilhoso. Ela foi discípula de Jesus e, depois, evangelizadora. Por tudo isso, Santa Maria Madalena é grande e seu exemplo deve ser seguido por todos nós.
Oração a Santa Maria Madalena
“Santa Maria Madalena, o Deus Todo Poderoso, cujo Filho vos purificou de corpo e alma, fostes chamada para ser testemunha da Sua ressurreição.
Misericordiosamente vos foi concedida a graça de serdes purificada de todas as enfermidades físicas e morais. Fazei com que também eu, pobre pecador, conheça o poder da vida infinita. Trazei até mim a bênção do Espírito Santo que vive e reina, o poder do Deus único e de Seu Filho Jesus Cristo. Agora, e para sempre. Amem.”
Via Cruz Terra Santa
Com alegria celebramos hoje a memória dos pais de Nossa Senhora: São Joaquim e Sant’Ana. Em hebraico, Ana exprime “graça” e Joaquim equivale a “Javé prepara ou fortalece”.
Alguns escritos apócrifos narram a respeito da vida destes que foram os primeiros educadores da Virgem Santíssima. Também os Santos Padres e a Tradição testemunham que São Joaquim e Sant’Ana correspondem aos pais de Nossa Senhora. Sant’Ana teria nascido em Belém. São Joaquim na Galileia. Ambos eram estéreis. Mas, apesar de enfrentarem esta dificuldade, viviam uma vida de fé e de temor a Deus.
O Senhor então os abençoou com o nascimento da Virgem Maria e, também segundo uma antiga tradição, São Joaquim e Sant’Ana já eram de idade avançada quando receberam esta graça. A menina Maria foi levada mais tarde pelos pais Joaquim e Ana para o Templo, onde foi educada, ficando aí até ao tempo do noivado com São José.
A data do nascimento e morte de ambos não possuímos, mas sabemos que vivem no coração da Igreja e nesta são cultuados desde o século VI.
São Joaquim e Sant’Ana, rogai por nós!
Via Canção Nova
Hoje lembramos a vida de Santa Marta, que tem seu testemunho gravado nas Sagradas Escrituras. Padres e teólogos encontram em Marta e sua irmã Maria, a figura da vida ativa (Marta) e contemplativa (Maria). O nome Marta vem do hebraico e significa “senhora”.
No Evangelho, Santa Marta apresenta-se como modelo ativo de quem acolhe: “… Jesus entrou em uma aldeia e uma mulher chamada Marta o recebeu em sua casa” (Lc 10,38).
Esta não foi a única vez, já que é comprovada a grande amizade do Senhor para com Marta e seus irmãos, a ponto de Jesus chorar e reviver o irmão Lázaro.
A tradição nos diz que diante da perseguição dos judeus, Santa Marta, Maria e Lázaro, saíram de Bethânia e tiveram de ir para França, onde se dedicaram à evangelização. Santa Marta é considerada em particular como patrona das cozinheiras e sua devoção teve início na época das Cruzadas.
Santa Marta, rogai por nós
Via Canção Nova