Precisamos entender o período das férias como um direito que temos como seres humanos. Direito a um tríplice encontro.
As férias e o encontro comigo mesmo: parar, refletir e colocar o pé no freio existencial faz parte de uma necessidade que todos temos. Vivemos em uma correria alucinante no dia a dia e corremos o risco de perder nossa própria identidade. Lembrar que possuímos um mundo interior vasto por explorar; dar-nos o direito de não fazer nada por alguns dias; dormir até mais tarde; ficar à vontade; fazer o que gostamos sem compromissos maiores com horários e esquemas rígidos. Isto tudo nos devolve às fontes da sanidade pessoal. Investir em nós mesmos é uma forma de nos devolvermos aos outros melhores.
As férias e o encontro com as pessoas que amamos: tirar um tempo para estar com as pessoas de nosso convívio, mas com uma qualidade maior, é questão de sabedoria. No dia a dia quase não nos sobra tempo para estar, de fato, presentes na vida daqueles e daquelas que amamos. Por isso mesmo desintegramos nossos laços afetivos ou os reduzimos ao mínimo necessário. A sobrevivência parece se impor no dia a dia do ano mas, lá no fundo, sabemos que a família e os amigos são o nosso porto seguro. Rir com os que riem conosco; um passeio em família; uma visita amigável ou recepção dos próprios amigos dá outra dimensão de qualidade aos nossos relacionamentos.
As férias e o encontro com Deus: quantos aproveitam seus momentos de férias e lazer para cultivar a sua espiritualidade! Um retiro, um bom livro sobre a fé e seus valores, a leitura da Bíblia, um passeio em meio à natureza que me leva a contemplar o rosto do criador, visitas a igrejas ou mosteiros… Tudo isso abre janelas em nossa alma a dimensões adormecidas. Passamos a perceber o verdadeiro valor que as coisas têm e quão importante cada coisa deve ser em nossa vida.
Infelizmente, há pessoas que não descansam nem mesmo nas férias. O preço a pagar por tudo isso? Uma vida de estresse e doenças. A natureza não dá saltos e cobra um alto preço quando não nos respeitamos nesses momentos-chaves, nesses ciclos de nossa existência. Entenda as férias como um direito que você tem de se devolver a si mesmo, aos outros e a Deus. Você merece. Se ainda tiver dúvidas, lembre-se do que diz a Palavra de Deus: “Assim foram concluídos o céu e a terra com todo o seu exército. No sétimo dia, Deus terminou todo o seu trabalho; e no sétimo dia, ele descansou de todo o seu trabalho. Deus então abençoou e santificou o sétimo dia, porque foi nesse dia que Deus descansou de todo o seu trabalho como criador” (Gn 2,1-3).
Ora, se até Deus descansou, quem somos nós para não aproveitarmos esse momento tão importante de nossas vidas? (…)
Por Pe. Sérgio Jeremias de Souza
Texto adaptado da edição de janeiro da Revista Ave Maria. Para ler os conteúdos na íntegra, clique aqui e assine.
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