No último dia 13 de fevereiro, aconteceu na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Lançamento da Campanha da Fraternidade 2013. Veja a íntegra do discurso feito pelo secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner.
Brasília, 13 de fevereiro de 2013
CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2013
Fraternidade e Juventude
Eis-me aqui, envia-me! (Is 6,8)
O cristão vive da esperança e do amor! Amor visibilizado na pessoa de Jesus Cristo, no seu modo de viver e conviver. Esperança despertada pela morte e ressurreição do Filho de Deus. A vida, morte-ressurreição de Jesus Cristo concede ao cristão a vida do amor e a esperança do Reino definitivo!
Iniciamos hoje nosso caminho pascal. Os quarenta dias que precedem a Cruz e a Ressurreição sinalizam o caminho que a Igreja, na liturgia, nos oferece como possibilidade de sermos atingidos pela experiência salvadora de Jesus Cristo. Nas celebrações, as leituras nos provocarão a seguir o Senhor até o “clarear do novo dia”.
O clarear no “novo dia” surge do processo da conversão que a quaresma nos possibilita. Durante esse tempo especial, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB nos apresenta a Campanha da Fraternidade como itinerário de conversão pessoal, comunitária e social. Esta experiência começou há 50 anos, em Nísia Floresta, na Arquidiocese de Natal, e, desde então, vem propondo temas de grande relevância para a Igreja e a sociedade brasileira. Para a quaresma deste ano, o tema escolhido éJuventude e Fraternidade. O lema é inspirado no profeta Isaías 6,8: “Eis-me aqui! Envia-me”.
A Campanha da Fraternidade de 1992 abordou o tema da Juventude. Igreja no Brasil, ao repropor aJuventude como tema da Campanha da Fraternidade, nesse tempo de mudança de época, deseja refletir, rezar com os jovens, reapresentando-lhes o Evangelho como sentido de vida e, ao mesmo tempo, como missão. A Campanha é um convite para nos convertermos e irmos ao encontro dos jovens e, ao mesmo tempo, é um convite aos jovens para se deixarem encontrar por Jesus Cristo,caminho, verdade e vida (Jo 14,6) e serem protagonistas da civilização do amor.
A Campanha deste ano abre a possibilidade de refletirmos e mesmo nos questionarmos a partir do Evangelho e da realidade dos jovens. Por um lado, admirar a generosidade, a criatividade, a disponibilidade, os ideais dos nossos jovens. Por outro lado, perguntarmos por que tantos assassinados, porque tanta violência contra os jovens? Por que a maioria da população carcerária é jovem? E ainda questionar por que a maioria dos jovens assassinados e encarcerados é afrodescendente? O que realizamos a favor dos jovens das comunidades originais, como indígenas e quilombolas? Qual a nossa contribuição pessoal, comunitária, social, governamental, eclesial, no enfrentamento desta realidade? O que estamos fazendo, quais as nossas iniciativas para dar horizonte, sentido de vida, dignidade aos jovens? O que oferecemos aos nossos filhos e filhas em casa, nas escolas, na universidade? Vale lembrar que apenas informações não plenificam uma vida. São as relações maduras e livres, critérios e valores perenes que iluminam a vida de toda a pessoa, por isso também dos jovens.
A Campanha deseja ser uma palavra de ânimo aos nossos jovens que participam ativamente nas nossas Comunidades de Fé, no cuidado dos pobres e idosos, no anúncio do Reino de Deus manifestado e realizado em Jesus Cristo. Ela convida a juventude a ocupar e usar os novos ambientes digitais para o anúncio e exercício da liberdade e da verdade que o Evangelho propõe. Animar nossos jovens para participarem da política na luta contra a corrupção e na busca de uma sociedade mais fraterna, justa e iluminada pelos direitos da pessoa. Uma vida animada pelo belo, pelo bem, pela verdade e pela liberdade.
A Campanha da Fraternidade é o início da peregrinação próxima para a Jornada Mundial da Juventude. A Semana Missionária e o encontro dos jovens peregrinos de todo o mundo no Rio de Janeiro serão a expressão da vitalidade da Igreja e da sociedade. Ao assumir como lema o espírito missionário da JMJ 2013 indicado pelo Santo Padre Bento XVI, Ide e fazei discípulos entre todas as nações (cf. Mt 28,19), a Igreja no Brasil deseja convidar os jovens a serem verdadeiros discípulos missionários no mundo de hoje. Jovens colocando-se a serviço da evangelização, também através dos novos ambientes de comunicação. Vivendo e testemunhando a graça e a beleza de ser cristãos. Beleza, porque partícipes da vida do Reino e, por isso, tocados por Deus que alegra a nossa juventude. Alegra a nossa juventude, pois tomados pelo vigor de Deus: amar sem medida, gratuitamente! Os nossos jovens deixam transparecer o que é próprio de toda a pessoa humana: amar na gratuidade, tomados pela esperança!
Agradecemos com carinho filial o cuidado do Santo Padre Bento XVI que, a cada ano, durante seu pontificado, enviou à Igreja no Brasil palavras de orientação e incentivo para que a Campanha da Fraternidade frutificasse em amor e solidariedade para com os menos favorecidos da sociedade.
Aproveitemos o tempo da Quaresma para rezar pela Igreja que vive este momento especial de eleição do novo papa, sucedendo a Bento XVI cuja renúncia ele próprio anunciou na última segunda-feira. Supliquemos à Mãe Aparecida abençoá-lo, protegê-lo e ampará-lo, e que ele continue ajudando a Igreja com suas preces.
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
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