“A fé verdadeira se traduz em ações que transformam vidas e constroem uma sociedade mais justa e fraterna”. Com essa reflexão, o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, conduziu a homilia da missa de domingo, 8 de setembro, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Na ocasião, ele presidiu a celebração especial que marcou os 60 anos da Campanha da Fraternidade, proposta pela arquidiocese de Aparecida (SP).
A Eucaristia teve a motivação de render ação de graças a Deus pelos 60 anos da Campanha da Fraternidade, como “um marco importante para a evangelização da Igreja do Brasil” e que, desde 1964, tem sido um chamado à vivência da fé de forma concreta, promovendo a justiça, a solidariedade e o cuidado com os mais vulneráveis.
Em sua homilia, dom Ricardo refletiu sobre o papel da Campanha da Fraternidade ao longo dessas seis décadas e sua relevância para a vida dos cristãos. O bispo iniciou sua mensagem agradecendo ao arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, pela oportunidade de presidir a missa e destacou a importância da Campanha da Fraternidade como uma ação concreta da Igreja em prol dos mais necessitados.
“O que a Campanha da Fraternidade nos ensina é que a fé verdadeira se traduz em ações que transformam vidas e constroem uma sociedade mais justa e fraterna”, afirmou.
“Hoje celebramos 60 anos de uma campanha que nasceu de uma simples ideia, mas que se transformou em um movimento que toca os corações e leva a Igreja a estar presente nos lugares mais distantes, nos recônditos da sociedade, onde muitas vezes o sofrimento e a exclusão são mais fortes.”
A partir das leituras do dia, dom Ricardo relacionou a mensagem bíblica com a missão da Campanha da Fraternidade. A primeira leitura, do profeta Isaías, trouxe um convite à confiança em Deus: “Criai ânimo, não tenhais medo”, afirmou o bispo, lembrando que a ação de Deus se manifesta por meio de sinais claros, como os milagres descritos na leitura. “Ele abre os olhos dos cegos, descerra os ouvidos dos surdos. Deus age na nossa vida, mas muitas vezes estamos distraídos, com nossos ouvidos fechados e nossos olhos cerrados para os sinais de Deus”, advertiu dom Ricardo.
A homilia também foi um apelo à gratidão e à valorização dos pequenos milagres diários. “Não seja um filho ingrato. Agradeça a Deus pelo dia que começa, agradeça ao final do dia por ter percebido os sinais da graça de Deus em sua vida”, disse o bispo, relacionando a gratidão à proposta de conversão que a Campanha da Fraternidade sempre trouxe aos cristãos.
Dom Ricardo destacou que a Campanha da Fraternidade, desde sua criação, sempre teve como proposta uma dupla conversão: espiritual e prática. “Conversão do coração é o primeiro passo para abrirmos nossos olhos e percebermos como Deus vem fazendo grandes coisas em nossas vidas”, afirmou. Ele ressaltou que a Campanha da Fraternidade, em seus 60 anos, tem sido uma escola de formação cristã, despertando em muitas pessoas o desejo de agir em favor dos mais pobres e excluídos.
A temática deste ano, “Somos todos irmãos e irmãs”, foi citada como um chamado à superação das divisões e preconceitos. “São Tiago nos ensina que não podemos ter acepção de pessoas, não podemos discriminar o outro, seja ele quem for. Todos são filhos de Deus e merecem ser tratados com dignidade”, explicou Dom Ricardo, reforçando que o respeito pelo próximo começa nas pequenas atitudes, dentro de casa, e se estende à sociedade como um todo.
A homilia também trouxe uma reflexão sobre o papel da Igreja como agente de transformação social. Dom Ricardo mencionou o Evangelho do dia, em que Jesus cura um surdo e gago, dizendo: “Efatá, abre-te!”:
“Esse é o sinal de Deus na nossa vida: abrir nossos olhos e ouvidos para a ação de Deus. Não podemos viver uma religião intimista, onde eu e Deus estamos bem e o resto não me interessa. A Igreja é comunidade, é ação, é transformação”, declarou o bispo, ressaltando que a Campanha da Fraternidade é um exemplo claro dessa ação concreta.
A Campanha da Fraternidade, segundo dom Ricardo, tem sido um instrumento eficaz para levar a Igreja aos lugares onde as pessoas mais sofrem e precisam de apoio. Ele lembrou que, ao longo dos 60 anos, surgiram diversas pastorais e projetos sociais inspirados pelos temas anuais da campanha. “A cada ano, a campanha nos lembra que a fé sem obras é morta. Não adianta pedir perdão se eu não mudo minhas atitudes no dia a dia. A Campanha da Fraternidade nos ensina a agir, a fazer a diferença”, afirmou.
O bispo também destacou o Fundo Nacional de Solidariedade, uma iniciativa da campanha que financia projetos sociais em todo o Brasil. “Graças à sua contribuição, aquele dinheirinho que você coloca no último domingo da Quaresma tem mudado a vida de muitas pessoas em todos os rincões do Brasil”, agradeceu Dom Ricardo, lembrando que a generosidade dos fiéis tem sido fundamental para a continuidade dessas ações.
Fonte: Portal A12/com adaptações
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