O presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, apresentou nesta quinta-feira, 25, na Sala de Imprensa da Santa Sé o “Novo Diretório para a Catequese”. A edição oficial do documento, que está em língua italiana, já tem traduções em espanhol (edição para a América Latina e para a Espanha), português (edição para o Brasil e para Portugal), inglês (edição para os EUA e para o Reino Unido), francês e polaco.
A apresentação do documento aconteceu na Sala João Paulo II. Participaram também da coletiva de imprensa o secretário do Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização, monsenhor Octavio Ruiz Arenas, e o delegado para a Catequese desse mesmo organismo, monsenhor Franz-Peter Tebartz-van Elst.
Na coletiva, Dom Fisichella explicou que o texto é destinado aos bispos e comissões episcopais, além de envolver diretamente sacerdotes, diáconos, pessoas consagradas e milhões de catequistas “que desempenham o seu ministério com gratuidade, esforço e esperança nas diferentes comunidades”. Desde o Concílio Vaticano II, este é o terceiro “Diretório para a Catequese” apresentado pela Santa Sé.
“Estes textos desempenharam um papel primordial. Constituíram uma ajuda importante para levar o caminho catequético a dar um passo decisivo, sobretudo através da renovação da metodologia e da instância pedagógica. O processo de inculturação que caracteriza de modo particular a catequese e que, sobretudo nos nossos dias, obriga a ter uma atenção bastante particular exigiu a composição de um novo Diretório”, esclareceu Dom Rino.
Cultura Digital, Sínodos e Evangelização
A cultura digital é um grande desafio para a Igreja, explicou Dom Fisichella. Além de uma mudança instrumental, o bispo destaca que esta cultura manifesta uma transformação radical dos comportamentos que incidem, sobretudo, na formação da identidade pessoal e nas relações interpessoais. A velocidade na mudança da linguagem, e também das relações comportamentais, toca inevitavelmente também a Igreja no complexo mundo da educação. A necessidade de um novo diretório parte desta premissa.
“Na época digital, vinte anos são comparáveis, sem exagero, a pelo menos meio século. Daqui resultou a exigência de redigir um Diretório que tivesse em conta, com grande realismo, a novidade que se apresenta, na tentativa de propor uma leitura dessa mesma novidade que envolvesse a catequese. É por este motivo que o Diretório apresenta não apenas as problemáticas inerentes à cultura digital, mas sugere também os percursos a realizar para que a catequese se torne uma proposta que encontra o interlocutor que seja capaz de a compreender e de ver como se adéqua ao seu mundo”.
Os últimos Sínodos que a Igreja viveu também contribuíram para este novo documento, assim como a preocupação do Papa Francisco com a evangelização. “A catequese deve estar intimamente unida à obra de evangelização e não pode prescindir dela”, assinalou Dom Fisichella, que frisou que este Diretório se qualifica por sustentar uma “catequese querigmática”.
O bispo recorda que o coração da catequese é o anúncio da pessoa de Jesus Cristo. Nesta perspectiva, é indicada uma nota fundamental de que a catequese deve apropriar-se: a misericórdia. “O querigma é anúncio da misericórdia do Pai que vai ao encontro do pecador”. No entanto, Dom Fisichella revela que a centralidade do querigma deve ser recebida em sentido qualitativo e não temporal. Efetivamente, requer que esteja presente em todas as fases da catequese e de todas as catequeses.
Dimensões do Novo Diretório
Neste sentido, o Diretório assume a centralidade do querigma que se exprime em sentido trinitário como compromisso de toda a Igreja. A catequese, tal como é expressa pelo Diretório, caracteriza-se por esta dimensão e pelas implicações que confere à vida das pessoas. O Diretório desdobra-se tocando várias temáticas: a mistagogia, a ligação entre evangelização e catecumenato e a ajuda na inserção progressiva no mistério da fé.
A primeira dimensão é a mistagogia que é apresentada através de dois elementos complementares entre si: antes de mais, uma renovada valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã; depois, o amadurecimento progressivo do processo formativo em que é envolvida toda a comunidade. Outra dimensão é a ligação entre evangelização e catecumenato nas suas várias ações (cf. n. 62). “É urgente levar a cabo a ‘conversão pastoral’ para libertar a catequese de algumas armadilhas que impedem a sua eficácia”, frisou Dom Fischella.
O bispo destacou algumas das armadilhas: o esquema escolar (segundo o qual a catequese de iniciação cristã é vivida no paradigma da escola), a mentalidade segundo a qual a catequese é feita para receber um sacramento (quando a iniciação termina, se cria um vazio para a catequese) e a instrumentalização do sacramento por parte da pastoral (crisma usada como estratégia pastoral para não perder o pequeno rebanho de jovens que ficou na paróquia e não pelo significado que o sacramento possui em si mesmo na economia da vida cristã).
Sobre a última dimensão oferecida pelo Diretório – a ajuda na inserção progressiva no mistério da fé – o bispo explica que não pode ser delegada apenas a uma dimensão da fé ou da catequese. “A catequese leva progressivamente a acolher e viver globalmente o mistério na existência cotidiana”.
“O Diretório assume esta visão, quando pede que se exprima uma catequese que saiba encarregar-se de manter unido o mistério, embora o articulando nas diversas fases de expressão. O mistério, quando é captado na sua realidade profunda, exige o silêncio. Uma verdadeira catequese nunca terá a tentação de dizer tudo sobre o mistério de Deus. Pelo contrário, deverá introduzir à vida da contemplação do mistério, fazendo do silêncio a sua conquista.
Portanto, Dom Fisichella afirma que o Diretório apresenta a catequese querigmática não como uma teoria abstrata, mas como um instrumento com forte valor existencial.
Via Canção Nova
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