Nesta entrevista, conversamos com Frei Jefferson Ferreira O.Carm, que será ordenado Diácono no próximo dia 20 de agosto, na Basílica Nossa Senhora do Carmo, em São Paulo. O frade carmelita, que fez recentemente sua Profissão Perpétua na Ordem, conta sobre a sua história vocacional e sobre a expectativa para o grande dia.
Já estamos nos aproximando da sua Ordenação Diaconal. Como está o coração neste momento?
Nestes dias que antecedem a Ordenação Diaconal, na cela antes de dormir, estou refletindo todo o percurso da minha vida até aqui e rezando por todos aqueles que me ajudaram. Nos pequenos detalhes da minha história de vida, vou percebendo a graça de Deus. Diante disto, meu coração exulta de alegria e o sentimento que me toca profundamente neste momento é o de ser grato, por tudo aquilo que Ele tem feito por mim.
Conte-nos como estão os preparativos em sua paróquia de origem? Como fica o coração daqueles que te viram crescer?
A comunidade paroquial que me viu crescer na fé e na vocação se sentem felizes pela minha escolha, ainda mais pela Ordenação Diaconal que se aproxima. Diante disto, algumas pessoas da minha paróquia estão fazendo questão de estarem presentes nestes momentos importantes, como: os votos solenes e agora a ordenação.
Conte um pouco sobre as suas lembranças de criança nas Santas Missas
Uma das coisas que me faz lembrar com muito carinho de quando criança, durante às Santas Missas que participava com os meus pais, era que eu prestava bem atenção em todos os movimentos que o padre fazia durante as celebrações para imitá-lo em casa. Uma das brincadeiras era “celebrar missas” no quarto com a minha irmã. Outra lembrança, era construir igrejinhas no quintal de casa e como as igrejas eram dedicadas à Nossa Senhora de Nazaré, sempre tinha procissões com a pequenina imagem da Virgem.
Quando surgiu o desejo de ser religioso? Algum fato específico o motivou para o caminho vocacional?
O desejo de ser religioso surgiu através do chamado de um frade carmelita, frei Marcio Silvan, O.C., que me fez o convite para conhecer a Ordem do Carmo. No início relutei muito em participar dos encontros vocacionais, por conta de não conhecer a vida religiosa. No entanto, depois de tantos convites resolvi participar e fui me interessando pelo carisma, até perceber que, apesar de nunca ter feito encontros vocacionais na Ordem, dentro de mim já existia esse amor pelo Carmelo, por conta da minha devoção a Santa Terezinha do menino Jesus e a Santa Tereza D’Ávila, mulheres que conheci visitando o mosteiro das monjas carmelitas em Belém, onde era afilhado de oração de umas das monjas.
Como foi esse momento de decisão em seu coração? E sua família, quando soube que iria trilhar esse caminho, qual foi a reação?
Logo após ter participado da convivência vocacional em São Paulo no mês de dezembro de 2015 e ter sido aprovado para o postulantado com início no ano de 2016. Retornando para a minha cidade, sentia no meu coração uma alegria muito grande, permeada de dúvidas. Afinal, teria que escolher e as escolhas sempre nos deixam pensativos.
O momento de decisão para mim foi muito difícil, pois, pairava no meu coração muitas incertezas. Como estava prestes a terminar a universidade e já estava me preparando para iniciar o mestrado, tudo isso pesava no meu discernimento. Minha família foi muito importante neste momento, foi com eles que partilhei o meu desejo e tudo aquilo que passava no meu coração. Eu sentia que precisava primeiramente de coragem e também de uma graça que confirmasse esse chamado vocacional.
O tempo me ajudou a escutar a voz de Deus e a compreender o sentido da minha vida. E pouco a pouco fui dando meu sim gradativamente, como criança fui dando os primeiros passos na vida religiosa, e me tornando o que sou hoje, frade carmelita.
Conte-nos um pouco sobre o lema escolhido para sua ordenação:
Conformando-me a Cristo Servo, desejo viver o ministério que receberei por graça de Deus, através da unção do Divino Espirito Santo. Por este motivo escolhi para ser lema da minha Ordenação Diaconal: No meio de vós, eu sou como quem serve (Lc 22,27).
Esta passagem está relacionada a discursão dos apóstolos sobre quem era o maior dentre eles. E Jesus, sabiamente se apresenta como modelo de quem, sendo maior, se fez menor, se fez servo e servir implica dar a própria vida em resgate de muitos.
A partir desta dicotomia entre maior e menor, nasce uma teologia do serviço, da qual deve nos orientar. A proposta de Jesus, segundo o evangelista é inverter completamente o esquema de poder do qual discutem os apóstolos.
Contudo, Jesus nos mostra que o caminho do poder desumaniza, mas a do serviço faz com que nos encontremos conosco, e nos reconheçamos como irmãos e filhos de um único Pai. Ele com a sua vida nos deu o testemunho do serviço na entrega total na cruz.
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