“A noite vai adiantada, e o dia vem chegando. Despojemo-nos das obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz.” (Romanos 13,12)
Estamos em pleno Advento, tempo de espera, de esperança.
A liturgia nos convida a percorrermos um período de vigilância, ou seja, o valor desse tempo não está na espera em si, o sentido real do Advento é existencial. A ansiosa espera por uma criança que está por vir faz com que nos questionemos sobre a nossa própria vida.
Quando os pais decidem ter um filho, é preciso repensar uma porção de coisas… Nesse caso, a espera requer transformação, adaptação a uma nova realidade. É justamente esse o sentido desse tempo litúrgico que nos fala da vinda de Jesus. Esse período de conversão quer nos desinstalar do convencional, do periódico, das famosas frases: “Isto sempre foi feito assim”; “Nada vai mudar”; “As coisas são assim e pronto” ou, como diz a música, “Eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim…”.
A espera do Advento não pode ser passiva, mas, comprometida, por isso falamos em vigilância. Temos de ser sentinelas, não podemos ser surpreendidos pela rotina do desânimo, que nos faz deitar mais cedo, cansados pela mesmice, sem que vejamos a beleza do céu estrelado, sem que sintamos o orvalho da noite que dá vida nova a toda planta. O ideal seria que deitássemos para descansar quando estivéssemos realmente cansados, como um prêmio pelo trabalho realizado, e não que estivéssemos em fuga de nós mesmos, dos outros e da vida em si… Viver sem esperança é assinar um decreto de morte silenciosa.
Muitos de nós, lamentavelmente, já assinamos o atestado de óbito de nossas almas. E, quando isso acontece, tudo se torna ruim, nada presta, ninguém tem valor, nós nos tornamos insuportáveis para os demais que desejam viver e precisam carregar, além de suas fadigas, o peso de nossa desesperança.
O Menino Jesus, que vai chegar, ensina-nos que o livro de nossa vida foi escrito até agora. O momento seguinte, aquilo que virá ainda hoje, amanhã, no ano que vem, temos o poder de escrever e construir como nova história. Esperar sem jamais desanimar, essa é a chave de toda superação.
Seja Deus a nossa força!
Pe. Luís Erlin, cmf
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