Com o lema, “Eu vim para servir” (Mc 10, 45), e o tema “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, a Igreja Católica no Brasil, pela Campanha da Fraternidade de 2015, em andamento, lança um renovado apelo de conversão e de compromisso, sobretudo durante a quaresma, em vista do bem do povo brasileiro.
O Concílio Vaticano II declarou explicitamente que a Igreja, comunidade dos seguidores de Jesus Cristo, se sente real e intimamente ligada ao gênero humano e sua história. As alegrias, tristezas, angústias, esperanças, especialmente dos pobres, encontram eco no coração de todo cristão. (cf. GS,1).
Nada mais oportuno, portanto, na comemoração dos 50 anos do Vaticano II, do que abordar um tema relevante para os dias de hoje. Na esteira dos temas das Campanhas de Fraternidade das últimas décadas, que visavam a transformação da realidade frente às injustiças e situações existenciais de sofrimento e de exclusão, o tema deste ano proporciona oportunidade de debater e aprofundar o conhecimento sobre a Igreja e sociedade, suas relações e recíprocas incidências; e nos desafia a um compromisso pessoal, comunitário, solidário, social, político mais esclarecido e transformador.
As duas instituições são autônomas e independentes em seu ordenamento. O Estado tem perfil laico, não adota uma religião oficial. Assim evita interferências de religião específica, os possíveis fundamentalismos, e garante liberdade religiosa e sadio pluralismo. A laicidade, porém, se mal entendida, pode gerar ideologia ateísta e criar o estado ateu, que hostiliza e exclui a ação da Igreja e de toda religião. A finalidade da Igreja é religiosa. Não cabe a ela determinar os destinos da sociedade. Porém, Ela tem o direito e o dever de se manifestar e de agir em favor da defesa vida, da dignidade humana, do bem comum, da justiça social, da paz, a partir de Jesus Cristo e seu Evangelho. Ambas estão a serviço da realização vocacional e social das mesmas pessoas em suas diversas dimensões existenciais. O diálogo e a colaboração entre ambas são indispensáveis.
Passar do discurso e desenvolver atitudes de diálogo, de respeito ao diferente, de superação de todo preconceito, de atenção e serviço ao próximo, de livre e responsável determinação… é empenho quotidiano e prática habitual na proposta educativa dos Colégios Maristas. “Tornar Jesus Cristo conhecido e amado do jeito de Maria”, pelo viés da formação de “bons cristãos e virtuosos cidadãos”, como legado do fundador, Marcelino Champagnat, e traduzido adequadamente para os dias de hoje, bem se alinha com o “Eu vim para servir”, e o continua para além do tempo da Campanha da Fraternidade.
O horizonte dos valores éticos e espirituais de solidariedade, dignidade da pessoa, proteção da natureza, justiça, bem comum, verdade, paz… fundamenta e sustenta o empenho cristão, social e político do aluno que, processualmente assume desde os bancos da escola, e transcende os limites do profissional em nível de “círculo familiar”, para ser protagonista no “círculo societário” e transformador. O serviço vivido por Jesus Cristo e testemunhado por seus seguidores, os cristãos, é fruto de profundo amor para com o ser humano. É resultado de gratuidade, benevolência e compaixão.
Por Irmão Afonso Levis
Diretor Geral do Colégio Marista Maringá da Rede de Colégios do Grupo Marista
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