Família, Igreja e sociedade: Uma tríade indissociável

Valores elementares são importantes para o convívio social

Você sabe por que a Igreja tem tanta preocupação com a instituição família? Por várias razões, mas, principalmente porque a família é determinante na sociedade. Quando desestruturada significa sociedade desestruturada. Daí nós começamos a entender o porquê de a Igreja enfatizar a família como a base da evangelização. Sábia preocupação!

Não precisa ser sociólogo para saber da importância da família na Igreja e na sociedade. A primeira comunidade de que o ser humano participa é a família. Nela aprendemos, ou deveríamos aprender, as lições básicas para o convívio social, a noção de partilha, de solidariedade, de responsabilidade e respeito mútuo. Também deveríamos aprender as noções de amor ao próximo, de nos preocuparmos uns com os outros, de sentir a dor do outro, entre tantos outros valores importantes para a convivência nas diversas esferas da sociedade (na escola, no trabalho, na rua e em outros espaços públicos e privados).

Quando falamos de respeito em comunidade, não falamos apenas da boa educação, mas falamos, sobretudo, de ética e de educação moral e cívica. Valores que deveríamos ter aprendido na família, cuja falta provoca grandes estragos na sociedade.

Eu me recordo que, quando criança, numa família humilde e com pouca formação escolar de meus pais, aprendi lições de convívio social que nunca foram dadas com tanta maestria em nenhum estágio da minha formação acadêmica. Em casa se dividia tudo, da comida à cama, passando pelas conversas e acontecimentos. Respeitar os pais e os mais velhos era norma básica e ai daquele que não a cumprisse! Assim, íamos aprendendo as lições elementares que mais tarde serviriam para uma vida social civilizada.

Sabemos que com o passar dos anos as famílias vão se ressignificando, mudando valores e se configurando em novas modalidades além daquelas dos modelos clássicos. Porém, não é o modelo de família que importa, nem como ela é constituída. O que importa numa família são os valores que ela ensina. Seja ela da modalidade que for, não ensinar os valores básicos do convívio social faz com que tenhamos uma sociedade desmantelada, onde não há respeito.

A Igreja, cuja missão é evangelizar, não poderia mesmo negligenciar a família como base da sua evangelização. Pois dela derivam as outras instâncias, condições e situações de missão.

Assim, a sociedade é o espelho. Ela reflete aquilo que é a família. A sociedade nada mais é que o resultado daquilo que é a família dentro dela. Quando vemos uma sociedade em que as pessoas não se respeitam mais, logo imaginamos que a família vai mal. Quando não se aprende em casa, a respeitar um ao outro, dificilmente haverá respeito no convívio social. Eu me recordo de uma Campanha da Fraternidade (1994) cujo tema era a família e o lema era exatamente esta pergunta: “A família, como vai?”; a meta era resgatar os seus valores.

Quando falamos de respeito em comunidade, não falamos apenas da boa educação, mas falamos, sobretudo, de ética e de educação moral e cívica. Valores que deveríamos ter aprendido na família, cuja falta provoca grandes estragos na sociedade. Ou seja, uma família que negligenciou os valores elementares. Pois, quem não aprendeu a partilhar e respeitar, dificilmente vai aprender fora. Ou ainda quem nunca teve limites em casa não saberá seu limite na sociedade. Vemos assim quão importante é a educação recebida dos pais para a formação de uma sociedade justa e igualitária, respeitosa e com parâmetros de convívio social.

A primeira comunidade de que o ser humano participa é a família. Nela aprendemos, ou deveríamos aprender, as lições básicas para o convívio social, a noção de partilha, de solidariedade, de responsabilidade e respeito mútuo.

A Igreja, cuja missão é evangelizar, não poderia mesmo negligenciar a família como base da sua evangelização. Pois dela derivam as outras instâncias, condições e situações de missão. A família é o epicentro, a base da evangelização. Preocupar-se com ela é também cuidar do indivíduo e da sociedade. As outras coisas são consequências.

Cuide da sua família. Esteja atento a ela. Não perca de vista os valores essenciais na educação de seus filhos. Amor, respeito, limites, educação e ética são valores que nunca saem de moda. Enfim, parafraseando o filósofo e educador Mário Sérgio Cortella, digo que “a sociedade que vamos deixar para nossos filhos depende dos filhos que vamos deixar para a sociedade”.

Texto extraído da seção “Relações Familiares” redigida pelo Padre José Carlos Pereira, cp na edição de fevereiro da Revista Ave Maria.