Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de outubro, Mês Missionário, a partir do primeiro e mais fundamental elemento da missão, isto é, o chamado de Deus. Tal como Jesus chamou os seus primeiros discípulos ao passar pela margem do lago, assim também hoje Ele lança o convite a muitas pessoas, sobretudo às famílias cristãs católicas. Porém, nem todos querem escutar a voz do Mestre. “Deus chama-me hoje; não sei se me chamará amanhã”.
As famílias cristãs católicas são por natureza e carisma missionárias, ou seja, sempre em caminho; ora estão num lugar, ora são chamados para outra missão. Essa é também uma riqueza do ser missionário. Uma característica fundamental é estar sempre pronto para partir.
O Concílio Ecumênico Vaticano II, em seu Decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja, disse que “a Igreja é, por natureza, missionária” (2), ou seja, essa é a sua finalidade, sua essência. Faz parte de sua catolicidade ser missionária. No dia em que a Igreja deixasse de ser missionária deixaria de ser Igreja e se constituiria em uma mera organização não governamental (ONG), portanto, ser missionária é a vocação da Igreja. Ela “existe para evangelizar”. As famílias, enquanto Igreja doméstica, são chamadas a testemunhar o Cristo nas relações do cotidiano da vida. Daí que todos da família e cada um na Igreja doméstica devem sentir-se responsáveis pela missão. Claro, cada um dentro de suas condições, de seu estado de vida, de sua vocação específica.
Embora todos devamos ser missionários, alguns na Igreja recebem essa vocação específica: são os missionários por toda a vida e em tempo integral. Homens e mulheres, padres, religiosos(as) e leigos(as) que se dispõem a “deixar tudo” e seguir o Mestre Jesus, fazendo sensível a sua presença nos lugares onde Ele ainda não é conhecido. A vocação missionária é de grande valor e necessidade na sociedade e na Igreja, sobretudo nos dias de hoje, quando inúmeras pessoas da população mundial ainda não receberam o primeiro anúncio do Evangelho, ainda não sabem quem é Jesus e o que Ele significa para a humanidade.
Precisamos, e muito, de homens e mulheres (de todas as idades) que se disponham a partir. São João Paulo II disse certa vez que “a seara está madura, esperando quem vá fazer a colheita”. São milhões, ou melhor, bilhões de pessoas que aguardam quem lhes anuncie o Evangelho: “Como invocarão aqueles que não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão falar, se não houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” (Rm 10,14-15).
Neste Mês Missionário (e depois, em todos os meses) rezemos muito para que Deus escolha membros de nossas comunidades e de nossas famílias (que privilégio!) para irem anunciá-lo àqueles que ainda não o conhecem. Rezemos para que os escolhidos tenham coragem e disponibilidade para dizer “sim”. Que se preparem adequadamente, que tenham boa saúde física e psíquica, que sejam capazes de viver e agir em comunidade, pois seu testemunho de vida será essencial no trabalho missionário.
Todos nós somos corresponsáveis pela missão. Os pagãos poderão salvar-se se não conhecem a Cristo sem ter culpa disso, mas, nós poderemos perder nossa salvação se não fizermos nada para que eles o conheçam. Sendo assim, as famílias cristãs católicas que buscam a missão devem ensinar os irmãos(as) a meditar e promover a paixão de Jesus Cristo crucificado como remédio mais eficaz contra todos os males do mundo.
Venha testemunhar e anunciar esse amor que emana do alto da cruz.
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