Qual a função das parábolas na catequese?
As parábolas sempre ocuparam um lugar privilegiado na catequese, porém, muitas vezes, mais por motivos de ética, de psicologia e de pedagogia religiosa que por explícito reconhecimento do primado da palavra.
Consideradas fáceis de ser explicadas e de ser aprendidas, além de capazes de despertar o interesse dos ouvintes, as parábolas foram, às vezes, empregadas na catequese como suporte para uma verdade dogmática ou moral. Este papel de apoio afasta as parábolas de seu natural contexto bíblico, as empobrecendo e selecionando de ambíguo. Neste caso, o resultado é não deixar de falar o texto sagrado, mas fazê-lo dizer o que ele não pretende afirmar ou que propõe como secundário, deixando de lado seu conteúdo original.
O Concílio Vaticano II declarou que não podemos limitar o citar a Bíblia apenas e sobretudo para ilustrar ou motivar uma verdade da doutrina cristã. É, sem dúvida, um sinal dos tempos a redescoberta do primado da Escritura e a convicção de que ela, ainda hoje – como acontecia na Igreja primitiva – deve ser o centro de ensinamento da catequese. A constituição Dei Verbum afirma que “a Igreja sempre venerou as divinas Escrituras… É necessário, portanto, que toda pregação eclesiástica, como a própria religião cristã, seja alimentada pela Sagrada Escritura” (n21).
Nos 20 anos sucessivos ao Vaticano II, já se fez uma notável caminhada na relação Bíblia-catequese, embora ainda reste muito a fazer na aquisição prática desse novo estilo catequético.
A Catechesi Tradendae (n27) nota que a “catequese alcançará sempre seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus”.
O doc. 26 da CNBB, Catequese Renovada, diz que “todo roteiro catequético deverá incluir estímulos e orientações com vista a uma leitura da Bíblia, segundo um plano adequado à idade e às condições culturais do leitor. O plano deve favorecer uma leitura interessante, viva, com acesso direto aos textos, ajudando a compreensão da mensagem, assim como o Magistério da Igreja à interpreta” (n.88).
A acentuação do valor da Escritura e o esforço para a renovação da catequese fizeram com que também as parábolas não fossem mais usadas de modo paralelo ou apenas integradas no texto de catequese. Foi gradualmente amadurecendo a convicção de que as parábolas já são uma forma de catequese e não simplesmente uma exemplificação de catequese enquanto revelam o projeto de Deus em Cristo em favor do homem.
Colaboração: Maria Helena L. de Carvalho – Novo Hamburgo
Fonte: Luiz Guglielmoni – Revista Catechesi, Itália (1983/15, pp.11-19)
Orientações gerais e indicações práticas para uso das parábolas na catequese.
R. M. O. traduziu
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