Este ano, o Mês da Bíblia completa 50 anos e comemora o seu Jubileu de Ouro. O tema proposta para reflexão traz como tema a Carta de São Paulo aos Gálatas e como lema “todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d).
O mês da Bíblia teve início em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e foi levado adiante com a colaboração do Serviço de Animação Bíblica da Congregação das Paulinas (SAB).
No Brasil, desde 1947, já se comemorava o Dia da Bíblia no último domingo de setembro, que foi escolhido por conta da festa de São Jerônimo, celebrado no dia 30 do setembro.
São Jerônimo, a pedido do Papa Dâmaso, ficou responsável por traduzir a Bíblia dos originais hebraico e grego para o latim.
Em 1978, o Mês da Bíblia estendeu-se para o Regional Leste 2 da CNBB, Minas Gerais e Espírito Santo. E, finalmente, em 1985, a celebração do Mês da Bíblia foi assumido pela Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB) e estendeu-se para todo Brasil.
Frei Carlos Mester, O.Carm, doutor em Teologia Bíblica e um dos maiores biblistas do Brasil, explica que o objetivo do mês da Bíblia é disseminar ainda mais a leitura da Bíblia entre o povo, facilitar o diálogo das pessoas e das comunidades com a Palavra de Deus e fazer com que o povo comece a usá-la como “livro de cabeceira”
“O mês da Bíblia foi uma coisa muito boa. Levou muita gente a abrir a Bíblia, a conhecê-la, a ter a Bíblia como livro de cabeceira. A Bíblia é como uma casa com 72 janelas. São 72 livros para nos aprofundarmos. Quando se escolhe um livro para a reflexão, a gente acentua e observa melhor determinados aspectos. Cada livro tem sua linguagem. E “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, ou seja, a palavra de Deus vai se tornando uma coisa comum para muito gente do mês da Bíblia”, partilha.
Frei Carlos também explica que o mês da Bíblia e o tema escolhido de cada ano tem o objetivo de relacionar a vida com a Palavra, conhecer o que Deus tem a dizer ao seu povo no tempo de hoje e ressalta a importância da missão dos círculos bíblicos.
“Os círculos bíblicos precisam trabalhar três elementos: realidade de hoje, estudo do texto e a dimensão comunitária. Não podemos abrir mão de nenhum destes aspectos. Quem abre a bíblia leva suas realidades, por isso é importante esta dimensão, assim como olhar para o que o texto diz, para o que está escrito e não para o que nós queremos ler e por fim ter uma conversa de fé nesta comunidade bíblica”, disse.
O lema escolhido pela CNBB “Pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d) serve como chave de leitura para revelar a riqueza da mensagem dos sete temas centrais da Carta aos Gálatas que são:
1. A salvação em Cristo que nos é oferecida gratuitamente por Deus. (Gl 3,23-29)
2. A liberdade em Cristo (Gl 5,1-6)
3. O conflito entre “carne” e “espírito” (Gl 5,15-26)
4. Tradição judaica e novidade cristã (Gl 2,15-21)
5. A unicidade da salvação em Cristo (Gl 1,6-10)
6. Conviver no amor no meio de calúnias e mentiras (Gl 6,11-18)
7. Vida em comunidade (Gl 6,1-10)
Ele ressalta ainda que Deus escreveu dois livros: a vida e a bíblia. E que a Sagrada Escritura auxilia os fiéis a entender onde Deus está presente na sua vida e o que qual o que Ele tem a falar para o mundo.
“É necessário permitir que a ação do Espírito Santo possa atuar. Não podemos ficar só na lei, na letra, porque a lei mata. É o espírito que dá a vida. Deus escreveu dois livros e o primeiro foi a vida, pois tudo que acontece são fatos de Deus. Aqui lembro o que Santo Agostinho diz, que o egoísmo nos fechou e desaprendermos a ouvir a Deus. Deus fala na nossa realidade, Deus fala pela vida”, explicou.
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