O processo evolutivo do big bang até o surgimento da humanidade passsou por violentos cataclismos de vida e de morte. Mas lentamente a vida se firmou contra as ameaças da natureza até o advento do ser humano.
Alguém que ontem não tinha consciência de si hoje inicia o processo de humanização. Aos poucos enfrenta a natureza em sua força e agressividade. Dotado de razão, fabrica instrumentos como meios para subjugá-la. Quanto mais aperfeiçoa as ferramentas, tanto mais agride o ambiente. No começo, tudo caminha lentamente.
Com facilidade, imaginamos a Idade Média como momento cultural de contemplação. A expansão enorme da vida religiosa contemplativa, com mosteiros e conventos situados em lugares geográficos maravilhosos, criava uma mentalidade de admiração diante da beleza da natureza.
Esta se tornara a matriz do pensar, do rezar, do agir. O ser humano se sentia pequeno em face dela. Ora o fascínio diante de momento de esplendor de beleza, ora o temor em face de catástrofes despertavam nele o sentimento religioso. Isso é parte da verdade. Estudiosos da tecnologia denunciam ali inícios de devastação da natureza por conta da indústria do vidro, do couro e do abate de animais. Derrubavam-se árvores para alimentar o fogo dessa indústria incipiente e aquecer as casas no frio.
Sem cuidados de higiene, já se poluíam as águas e os cortes da natureza feriam o equilíbrio. Anunciavam-se já estragos que rompiam a harmonia do ambiente. O ser humano diferencia-se do animal ao introduzir desequilíbrios no mundo circundante. Em vez de ler a natureza nos seus sinais de vida e morte, impõe suas regras com outra lógica. E, aos poucos, o jogo entre vida e morte se inclina para o aumento da vida humana à custa de toda outra vida.
J. B. Libanio, sj
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