Por Dom Pedro Luiz Stringhini
Bispo de Mogi das Cruzes (SP)
A Igreja Católica realiza, nessa quaresma, a 52ª edição da Campanha da Fraternidade, com o tema Fraternidade: Igreja e Sociedade e o lema ‘Eu vim para servir’ (Mc 10,45). O cartaz mostra o significativo gesto do Papa Francisco beijando os pés de uma pessoa, no rito do lava-pés.
Nesses anos, a campanha seguiu três categorias de temas: os ligados à renovação interna da Igreja, os relacionados a questões sociais (família, saúde, educação, trabalho, ecologia) e os referentes a situações existenciais de grupos específicos e excluídos da sociedade (menor, negro, mulher, juventude, indígenas).
Durante a campanha, em todo o País, as comunidades e organismos da Igreja refletem, de forma capilar e popular, o tema proposto. O deste ano oferece como que uma síntese dos anteriores, uma vez que trata da ação social da Igreja, com base em sua Doutrina Social. O ponto de convergência entre Igreja e Sociedade é a busca do bem comum e o esforço de se construir uma sociedade baseada em princípios fundamentais como justiça, direito, paz, liberdade.
O Estado é laico e a Igreja não reivindica para si privilégios, mas as pessoas que compõem a nação têm suas crenças. A Igreja Católica, as outras igrejas cristãs e as religiões não cristãs participam e contribuem na vida da nação, somando forças com outros atores sociais, como os movimentos populares, sindicatos, associações de bairro, partidos políticos, etc.
‘Eu vim para servir’ são palavras de Jesus que embasam o serviço de caridade do cristão e da Igreja, em três dimensões: assistencial, promocional e transformadora. A assistência aos pobres é o socorro imediato a quem está privado do básico, como a alimentação. A promoção humana contempla o aspecto educacional, permitindo aos pobres sentirem-se cidadãos providos de dignidade, direitos e deveres. A transformação social é meta que vislumbra mudanças das estruturas arcaicas e deformadas que servem aos interesses de uma minoria historicamente privilegiada e concentradora da riqueza da nação.
Uma sociedade justa, democrática e sustentável será fruto de uma ação política, no sentido amplo, em que o povo esteja presente por meio de instrumentos legítimos e eficazes, de forma participativa e não só representativa. As pastorais sociais da Igreja têm priorizado esse processo educativo de conscientização.
Assim, o texto base da campanha da fraternidade conclama a um movimento para superação da violência e construção da paz. Incentiva os conselhos paritários de participação social e a participação na reforma política. Alerta para a gravidade da degradação ambiental e a necessidade de políticas públicas de defesa da natureza, especialmente na preservação da água.
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