O Papa Francisco propôs que 2021 fosse o Ano de São José. O que se aprendeu e cresceu nestes meses é o que o tempo dirá. Francisco desejava uma Igreja com mais amor, ternura, acolhida, corajosa e criativa. Uma Igreja com mais paternidade, tendo José como modelo de pai, que está sempre à sombra do Pai, Deus, e é presença, segurança, doação, salvação. É preciso aprender sempre, mais e mais. E São José ajuda a compreender tudo isso, seguramente.
A Carta Apostólica Patris Corde, que Papa Francisco propôs e que inspira o Ano de São José, insiste na figura do pai, aplicada a José, que tem um “coração de pai”. Segundo Francisco, “O objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por este grande santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo.”
Para Francisco, a missão dos santos é interceder junto de Deus pelos fiéis que caminham na história. Eles ajudam os cristãos a voltar-se para Deus e, no caminho que escolheram para a vida, encontrarem a salvação, o sentido pleno de sua existência. Papa Francisco afirma sobre os santos: “A sua vida é uma prova concreta de que é possível viver o Evangelho”. Então, cada santa e santo oferece aos fiéis propostas de vida e de intimidade com Deus. Um é diferente do outro, sendo e vivendo caminhos únicos, com situações também únicas.
São José é, em si, mais do que único no caminho: é único na missão de ser esposo da mãe de Deus e único na missão de ser o pai do Filho de Deus.
É preciso olhar para José não com o folclore, com os costumes que limitam sua figura. Ele não é ancião indeciso, confuso e à beira da morte que aparece em alguns quadros. Não é o homem que precisa de um empurrão para agir, que não sabe para onde ir nem como fazer. Ele é o fiel de Israel totalmente voltado para Deus, que a tradição bíblica chama de “justo”. Por isso ele tenta deixar Maria “desligada” de seu compromisso de Matrimônio (cf. Mt 1,19). Mas ele é o filho de Davi e de Abraão (cf. Mt 1,1) o herdeiro dos patriarcas e dos reis de Israel. Então, o anjo confirma o que ele já sabia: o filho que Maria espera é, de fato, o Filho de Deus! E José deve assumir a vocação de esposo da mãe de Deus e pai do Filho do Eterno. José aceita a missão e vive a paternidade. José, o “filho de Davi” (cf. Mt 1,20), faz de Jesus o “Emanuel”, o Deus conosco (cf. Mt 1,23).
Não é o conhecimento, sozinho, que torna alguém mais santo, mais próximo de Deus. Mas conhecer ajuda a compreender, a aceitar melhor o mistério. É um modo de progredir no amor. É confortador pensar e crer que entre Maria e José existia um sincero amor, um desejo profundo de complemento humano e afetivo. É fácil imaginar que eles desejassem ter filhos, muitos filhos, e educá-los na Torá, no amor ao Deus da aliança, ao Deus de Abraão e de Davi. E é encantador que eles possam ter dado espaço para que Deus agisse na vida deles, mudando, transformando, direcionando tudo de modo diferente. É maravilhoso entender que, pelo chamado de Deus, José superou a si mesmo, pois, sendo “justo”, tinha a predisposição de ouvir a Deus e seguir sua vontade. Ele foi o amoroso esposo de Maria, o zeloso e decidido pai de Jesus. Ele pôde chamar Jesus de “filho” e ouviu deste a palavra a ele dirigida, “pai”. Ele é o mestre da vida interior, o Patrono da Igreja Católica.
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