Quando falamos de “ladainha”, na espiritualidade e na devoção, falamos de um conjunto de títulos, de qualidades ou de percepções que se tem de alguém ou de uma situação. É conhecida a ladainha lauretana, que é a ladainha de Nossa Senhora. Temos a ladainha dos santos, dos mártires, do Sagrado Coração de Jesus etc. e existe a ladainha de São José. Nestes artigos, falaremos também do conjunto dessa ladainha, que contém os principais títulos e características de São José. Agora falaremos do título de São José: Padroeiro da Boa Morte.
A ladainha de São José tem o título de “Padroeiro dos Moribundos” ou “Agonizantes”. Moribundo é aquele que está às portas da morte, em agonia, em sofrimento. É a pessoa que está na espera, serena ou não, de que sua vida termine. A devoção popular identificou esse “padroeiro dos moribundos” com “padroeiro da boa morte”. Por que “boa morte”?
A morte pessoal, para a maioria das pessoas, não é algo “bom”! Nós encontramos um texto ligado a São José, chamado História de José, o carpinteiro. É um dos famosos evangelhos apócrifos e conta, de modo narrativo, a história de José. É Jesus que conta a história de seu pai e Ele se concentra no momento da morte de José.
Nesse texto apócrifo, quando José está para falecer, Jesus vem ao seu encontro e Maria, esposa de José e mãe de Jesus, está lá. Jesus e Maria, ao lado de José, acompanhando-o nos momentos finais de sua vida. A “boa morte” é o fato de estar entre Jesus e Maria, acompanhado e amparado por eles.
Esse texto mostra Jesus contando, aos seus discípulos, a vida, as dificuldades, as crises, os esforços, alguns atos heroicos de seu pai na Terra, José. Em certo momento, aparece o tentador, chamado ali de demônio, visto apenas por Jesus. Ele deseja tomar a alma de José e começa uma luta tremenda entre Jesus e o demônio pela alma e a salvação de José. Essa luta se reflete no sofrimento de José, que entra em agonia. Ele fica agitado, angustiado, com espasmos. Ao seu lado está Jesus, que luta com o tentador que deseja possuir José e levanta histórias falsas sobre ele. Jesus defende José e a presença de Maria dá segurança na luta que acontece.
Finalmente, Jesus vence o demônio e José pode morrer sossegado. Isso tudo veio da presença de Jesus e Maria ao seu lado. Assim, José é visto como padroeiro da boa morte.
A piedade cristã recorre a São José para pedir que ele atenda os que estão no limite entre a vida e a morte.
Existem quadros, aliás, que causam impacto pelas expressões dos personagens, mostrando a situação da morte de José, geralmente um idoso, deitado com Maria e Jesus ao seu lado, segurando suas mãos ou sua cabeça.
Esse episódio da morte de José não se encontra na Bíblia, mas nesse Evangelho apócrifo que indicamos. Ele entrou na devoção cristã como uma forte esperança de que Deus não deixa, de modo algum, o justo sem apoio e segurança, inclusive na hora da morte. Vem daí a invocação da ladainha “Padroeiro dos Moribundos” ou a devoção de “Padroeiro da Boa Morte”.
Se a nossa morte pessoal é um problema para cada um de nós, a ressurreição de Cristo, celebrada na Páscoa, é a esperança. Para quem tem fé, é a certeza da vida em Cristo. José, Padroeiro da Boa Morte, dos Moribundos ou Agonizantes, é um sinal da esperança que devemos ter nesse momento.
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