EXPERIÊNCIAS E RELATOS DE MATRIARCAS DE DIFERENTES GERAÇÕES QUE SE ESPELHAM EM NOSSA SENHORA PARA SEGUIR E COMPARTILHAR OS ENSINAMENTOS DA MAIOR DAS MÃES
Que mãe que nunca se apegou a Nossa Senhora num momento de sufoco, agradecimento ou celebração? Aquela que não nos abandona e é carinhosamente conhecida como Mãezinha tem muito a ensinar e guiar. No mês em que se comemora o Dia das Mães, sua intervenção divina e diária está também cada vez mais presente na educação da fé católica e nos ensinamentos da vida, uma herança que muitas vezes passa de mãe para filha. Mães e mulheres crescidas em famílias católicas geralmente são “apresentadas” à Virgem Maria desde cedo.
O entendimento como um modelo a ser seguido faz com que a adoração a Maria ultrapasse os muros de casa e do âmbito familiar. A satisfação em divulgar e ensinar outras crianças vira uma missão de vida, como é o caso de Nadja Luzia de Mello Penha. Aos 67 anos, a dona de casa é mãe da médica Ana Carolina, de 38 anos, e de Fellipe, de 34. Também é avó de Yasmin, de 5 anos, e da pequena Isabela, de 9 meses. Frequentadora da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima e Santo Antônio de Lisboa, no Rio de Janeiro (RJ), Nadja dedica seus sábados a dar os encontros de cataquese para crianças. Ela lembra que, ao ser crismada, assumiu o voluntariado na Pastoral da Catequese Infantil. “Amo ser parceira de Jesus na evangelização dos pequenos”, conta. Na catequese, ao lidar com as diferentes famílias das crianças, Nadja percebe o grande desafio que é educar nos dias de hoje: “Temos o cuidado de colocar no coração deles o amor a Deus e ao próximo, assim eles vão levar uma vida pautada na fé”.
Recorrer à intercessão de Maria é algo constante na vida de Nadja: “A nossa Mãezinha nos ensina a humildade, o amor ao próximo e a sermos obedientes”. Principalmente nos momentos de grandes tempestades, a fé em Nossa Senhora foi essencial para seguir a caminhada. “Se não tivesse uma fé firme teria desabado! Há um ano e oito meses perdi o meu marido [Jorge] para a covid-19. Quatro meses depois, a minha mãe faleceu. Perdi os dois pilares da minha vida dentro de um mesmo ano”, recorda.
Além dos ensinamentos em família, Nadja também concilia a educação humana com a espiritual. “É um desafio grande, pois o mundo parece que caminha no sentido oposto aos ensinamentos do Pai, mas, se criarmos os nossos filhos desde o nascimento dando o nosso próprio testemunho de amor ao próximo, fé, união, respeito e caridade vamos formar adultos do bem, seres humanos de caráter”, garante. A força da fé e a certeza de que caminha para um lugar preparado por Deus é o que move Nadja. “Sem a fé que tenho em Deus e na intercessão da nossa mãe Maria, acho que não conseguiria viver!”, acredita.
A professora Silvana Antônia Inocêncio da Silva, de Piquete (SP), mãe de três filhos, Bruna Juliana, de 32 anos, Luiz Gustavo, de 30, e Eduardo Willian, de 29 , é frequentadora desde a infância do Oratório São Domingos Sávio, que pertence à Paróquia Santo Antônio. Silvana se considera uma mãe zelosa e que sempre prezou pela educação dos filhos. “Busquei apresentar e ensinar a fé para os meus filhos e, hoje, para os meus netos. Acredito ter conseguido transmitir o que também aprendi dos meus pais: o amor a Deus e a dedicação na Igreja. O fruto disso sempre foi o engajamento dos meus filhos na Igreja. Um deles, Eduardo, é seminarista salesiano e cursa o segundo ano de Teologia. Meu outro filho [Luiz Gustavo] foi acólito por muitos anos e, por um tempo, fez discernimento vocacional e meu neto já é da equipe de leitores”, cita orgulhosa.
Mesmo com as dores físicas, Silvana se esforça para estar presente e envolvida com a colaboração na Igreja: “Tenho desgastes na cartilagem do quadril e do joelho e, por isso, dificuldades para andar. Normalmente, quando vou às missas, utilizou cadeira de rodas”. Devota de Nossa Senhora, ela acredita que Maria é um modelo de simplicidade e de confiança em Deus: “Um dos principais exemplos que ela nos traz hoje é a fé em Deus e a capacidade de ouvir diante de um mundo descrente e atormentando por tantos barulhos”, reflete. Professora aposentada, Silvana explica que sempre recorreu a Maria, tanto nos momentos bons quanto nos ruins: “É muito consolador recorrer à Mãe do Céu quando já não se tem mais a mãe terrena. Perdi a minha mãe em setembro de 2014 e desde então confiei muito mais na proteção e no carinho da Virgem Maria”, explica.
Por tudo isso, Silvana entende a importância de transmitir os ensinamentos de Maria na criação dos nossos filhos e agora dos netos: “Maria foi uma força nos momentos de sofrimento de Jesus. Mesmo na dificuldade, o amor de mãe dá confiança e coragem para os filhos”.
Para ela, educar os filhos na forma humana e espiritualmente não foi difícil: “É como Dom Bosco sempre afirmava: ‘Torná-los bons cristãos e honestos cidadãos’. A educação à fé liga-se intimamente à educação civil. Um cristianismo bem vivido é exemplo de pessoa divinamente humanizada, capaz de amar ao próximo e de viver corretamente as leis propostas pela sociedade, respeitando as escolhas e os processos de cada ser humano que é imagem de Deus”.
Num mundo um pouco mais secularizado, a fé entra em conflito a todo momento com os outros ensinamentos que os filhos acabam adquirindo, mas os pais, como primeiros educadores, devem ajudá-los com orientação: “Maria é um modelo de simplicidade e de confiança em Deus. Ela nos traz hoje a fé em Deus e a capacidade de ouvir, diante de um mundo descrente e atormentando por tantos barulhos”, conclui Silvana. A fé é motivação de vida: “Mesmo diante das minhas dores físicas, sinto a presença de Deus em minha vida. Para mim, a fé é a confiança em Deus e a coragem para não desistir de ser feliz aqui na Terra e, um dia, eternamente”, ensina ela.
Testemunhos de fé e relato de um verdadeiro milagre fizeram da vida de Maria de Nazareth Weber uma lição diária do que a força da fé é capaz de modificar e promover a cura mesmo quando a medicina tradicional indica o contrário. Nazareth, 51 anos, durante a pandemia descobriu uma aptidão e talento para a produção de suspiros. Só que a vida da mãe de Ana Carolina, de 25 anos, sua filha única, nem sempre foi doce e delicada. Frequentadora da Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (RJ), ela coordena o movimento
Encontro de Adolescentes com Cristo (EAC), que promove encontro de jovens de 14 a 18 anos incompletos com o Cristo. “O Encontro de Adolescentes com Cristo tem uma grande importância em minha vida, pois por meio dele Jesus levou a minha família de volta para a Igreja”, recorda.
A espera por Ana Carolina foi muito desejada e aguardada. Mesmo com diagnósticos que indicavam que uma gravidez seria muito improvável em função de um problema de saúde: “Começamos a trilhar a nossa primeira e uma das maiores tempestades de nossas vidas”. Ainda que emocionalmente abalada, ela decidiu procurar uma segunda opinião médica: “Essa caminhada durou longos dois anos entre muitas medicações, exames e uma cirurgia de emergência, pois os meus cistos se desenvolviam, correndo o risco de se romperem a qualquer momento”, recorda.
A cirurgia aconteceu na véspera de um Dia das Mães e a gravidez veio meses depois: “Minha gravidez foi uma resposta às orações que minha mãe e minha avó faziam suplicando a intercessão de Nossa Senhora, comigo cercada de cuidados”. Ana Carolina nasceu saudável e Nazareth descobriu o verdadeiro significado da maternidade: “Descobri o verdadeiro sentido do amor e as dores de uma mãe”.
Nazareth vivenciou nos três dias antes de Ana Carolina completar 5 anos uma das piores angústias da vida, o aparecimento de um inchaço no pescoço da menina que aumentava consideravelmente e que a impedia de se alimentar, engolir e falar. Descartado o diagnóstico de caxumba, descobriu-se um abscesso por dentro do pescoço e ela teria de fazer uma cirurgia para drena-lo. “A minha dor era na alma. Ter o meu maior sinal do amor de Deus na minha vida naquele sofrimento”, recorda emocionada.
Recorrer a Nossa Senhora era a única esperança: “Precisava dividir a minha dor com ela, pois, tendo sofrido pelas dores de Jesus, Nossa Senhora me entenderia e me ajudaria”. Recorrer a Nossa Senhora era a única esperança. “Precisava dividir a minha dor com Ela, pois tendo sofrido pelas dores de Jesus, Nossa Senhora me entenderia e me ajudaria”. A cura da filha ajudou a fortalecer ainda mais a fé de Nazareth, que faz questão de lembrar a graça recebida mesmo após tantos anos. “Não vivo mais um só dia sem compartilhar com Ela”, celebra.
A jornalista Ana Maria Rubens Tôrres, mãe de Flor, de 7 anos, costuma dizer que se espelha no exemplo de amor, dedicação e doação de Nossa Senhora. Ela mudou sua vida por amor: assumiu a maternidade sem antes ter conhecido homem algum. “Aceitei tudo o que me foi proposto, mesmo sabendo que passaria pela duríssima cruz”, ressalta. Depois de algumas gravidezes perdidas, Ana deu à luz Flor Aparecida no mesmo dia seu aniversário: “É uma celebração da vitória do amor em minha vida”, comemora.
Frequentadora da Igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, no Bairro de Fátima, em Niterói (RJ), a jornalista reserva as primeiras horas da manhã para a entrega de seu dia nas mãos do Espírito Santo: “Começo o dia com as orações do santo Rosário e assim ele vai santificando minha rotina. Sou catequista, mas, atualmente minha atuação é na catequese doméstica estando unida à minha família nos encontros, nas celebrações e nas festividades”.
Para ela, o crescimento pessoal e espiritual está relacionado diretamente à ajuda na apresentação da Palavra de Deus: “O amor deve ser partilhado e difundido. Não devemos guardar a Palavra de Deus somente para nós, ela precisa estar acessível a quem busca encontrá-la. Ninguém guarda um tesouro no baú embaixo da cama”, ensina. De acordo com Ana, a partilha da Palavra proporciona maior diálogo, respeito, amor, temperança e disciplina, “Até porque onde Deus habita, a verdade prevalece”, reforça. E os ensinamentos de Maria ajudam a construir essas pontes com os filhos: “Olhar para a maturidade maternal de Maria transforma nosso pranto em alegria. É uma grande educadora, um modelo a ser seguido e amado, que viveu o silêncio do amor. Sua vida foi toda doação. Sempre recorro à Virgem Maria, ela é o meu porto seguro”, reflete.
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