Neste mês de outubro, a Igreja no Brasil celebra a festa da Mãe Aparecida. Cotidianamente, em milhares de lares brasileiros, fiéis dobram os seus joelhos e, diante de alguma representação da Virgem de Nazaré, elevam a sua prece. Agradecer a uma dádiva recebida, pedir uma graça ou simplesmente colocar-se sob a proteção daquela que é tão humana e tão divina que nos aproxima da humanidade e nos conecta com a divindade. Assim, sob a presença intercessora da Mãe, seguimos atendendo ao seu conselho “fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5).
A ordem dada pela Mãe de Deus àqueles que serviam nas bodas de Caná da Galileia, relatada no Evangelho de João, continua a ter a mesma força nos tempos presentes. O nosso país passa por situações difíceis, milhares de irmãos nossos sequer têm o que comer, as famílias estão, em sua maioria, feridas por lutos sequenciais e muitas instituições já não representam a segurança de outrora. Diante de tanta dor, de tanto sofrimento e desesperança, como atender a esse apelo?
A situação de Israel nos tempos de Maria não era muito diferente da nossa. Aquele povo vivia oprimido por um governo voltado para os poderosos, o sistema religioso era instrumentalizado e mantenedor do poder e do dinheiro, a carga tributária era altíssima e o povo esperava a libertação dos filhos de Israel de todo esse jugo. Esperava-se que o Messias viria com mão de ferro e transformaria a realidade, mas os planos de Deus seguem a lógica inversa e Ele manifesta a salvação àquela menina da periferia do mundo, demonstrando a sua preferência pelos simples e humildes.
O canto do Magnificat (cf. Lc 1,46-56), colocado nos lábios da Virgem de Nazaré, é a verbalização da situação sofrida do povo, mas é também a esperança feita Verbo.
Deus acolheu a súplica dos mais simples e lançou o seu olhar àquela realidade. As palavras da camponesa Maria são também as de tantas mulheres espalhadas pelo nosso Brasil. Mães que esperam educação para os seus filhos, saúde de qualidade e moradia digna. Mulheres que gastam incansavelmente suas vidas para cuidar dos seus rebentos e diariamente pedem a ajuda da Mãe de todas as mães para que as acompanhe e auxilie nessa jornada. Mães que a cada adversidade vencida rejubilam, pois, reconhecem que Deus olhou para a fragilidade do seu povo e habitou em seu meio.
Que as celebrações deste mês possam nos ajudar a reconhecer que não caminhamos sozinhos. A Virgem, Mãe de Deus, caminha ao nosso lado. Ela conhece a condição e as dores humanas. Foi pobre, pequena e estrangeira. Sentiu na pele as dificuldades de existir e manteve-se firme na esperança e fiel ao cumprimento da promessa de Deus.
Olhemos o seu exemplo e sigamos confiantes atendendo ao seu pedido, “Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2,5), mesmo com todas as consequências disso.
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