Irmãos e irmãs, após celebrarmos a Festa da Exaltação da Santa Cruz no dia de ontem, hoje, 15 de setembro, a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora das Dores. O Evangelho dessa memória nos apresenta a Virgem, que é Mãe, e está de pé aos pés da Cruz do seu único filho vendo-o morrer. A Memória da Virgem das Dores chama-nos a reviver o momento decisivo da História da Salvação e para venerar, juntamente com o Filho “exaltado na Cruz, a Mãe que com Ele compartilha o sofrimento”. (Jo 19,25-27; Paulo VI “Marialis Cultus”, 7).
Sua maternidade assume no calvário dimensões universais (Paulo VI, ibidem, 37). Esta memória de origem devocional foi introduzida no calendário romano pelo Papa Pio VII em 1814 (Missal Romano). Antes de morrer, Jesus quis deixar sua mãe aos cuidados de alguém que pudesse lhe assistir durante toda a vida terrena. Na pessoa do apóstolo João, toda a humanidade está representada. Ele a recebe como mãe e ela o recebe como filho. Em Maria, a Mãe do Crucificado, toda a humanidade encontra um abraço materno.
A Virgem é aquela Mãe que está ali aos pés da Cruz até o último momento. E é ali, olhando para seu filho unigênito, que ela recebe uma missão, na pessoa do apóstolo João, de se tornar mãe universal de todos os que creem no Cristo Salvador.
A Virgem ouve dos lábios de seu único filho as palavras: “Mulher, este é o teu filho”. Dizendo a ela que daquela hora em diante João é o filho que dela irá cuidar e zelar. E o discípulo ouve também seu mestre dizer-lhe referindo-se a Maria: “Esta é a tua mãe” (Jo 19,25-27). É como se o próprio Senhor dissesse a João: “cuida desta que agora será a Mãe da Igreja. Cuida desta Mulher que disse sim ao projeto do meu Pai e que se tornando minha mãe nunca duvidou da missão a ela confiada. Cuida dela com zelo e amor”.
O texto bíblico fala que daquela hora em diante aquele discípulo acolheu a Mãe do mestre lhe dada como sua mãe em sua casa. A tradição não narra como foram os dias, meses e anos da vida de Nossa Senhora junto de João. No entanto, o que sabemos é que a Sagrada Tradição diz que em João toda a humanidade está representada, ou seja, João sou eu, é você, somos todos nós, que temos uma Mãe que cuida de nós e esta é a própria Mãe do Salvador, Maria de Nazaré!
Olhando para nossa história de fé podemos ver em Maria a mulher repleta de dores, mas firme, de pé ao lado da Cruz do filho moribundo. Maria com seu exemplo forte mostra-nos que é na hora das dores que devemos estar de pé, firmes na oração e no testemunho. Ela nos diz que tudo passa. Após a Cruz vem à alegria da Ressurreição. Em Maria a humanidade inteira encontra alento e consolo em meio a tantos desafios de dor e morte.
Em Maria dolorosa, vemos as dores de tantas mães que também sofrem ao ver, muitas vezes, a morte de seus filhos. Tantas Marias das Dores estão também hoje desoladas por terem em seus braços a dor da perda de seus filhos, seja pela violência ou outra causa, mas também estão firmes e amparadas pelas preces maternais da mãe dolorosa do filho de Deus.
É muito comum neste dia que os devotos da Virgem rezem e meditem as suas Sete Dores. Meditando nas dores da Virgem Maria, deixemos que a graça de Deus venha nos auxiliar também em nossas dores diárias. As Sete Dores de Nossa Senhora são os sete passos que a Mãe de Jesus viveu e sentiu durante a caminhada junto com seu doce filho. Todas essas dores encontram fundamentação nos Evangelhos. Medite você também neste dia as dores de Nossa Senhora e coloque nas mãos da Mãe Dolorosa suas agonias e momentos de aflição, na certeza de que sempre haverá em sua vida a presença e o conforto maternal da Mãe do Redentor que foi nos dada por mãe por Ele próprio.
1ª Dor: Maria acolhe, com fé, a profecia de Simeão
Simeão os abençoou e disse a Maria, sua Mãe: “Eis que este menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos em Israel e sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma” (Lc 2,34-35).
2ª Dor: Maria foge para o Egito com Jesus e José
O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: “Levanta, toma o menino e a mãe, foge para o Egito e fica lá até que te avise. Pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito” (Mt 2,13-14).
3ª Dor: Maria procura Jesus perdido em Jerusalém
“Acabados os dias da festa da Páscoa, quando voltaram, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os pais o percebessem. Pensando que estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia e o procuraram entre parentes e conhecidos. E, não o achando, voltaram a Jerusalém à procura dele” (Lc 2,43b-45).
4ª Dor: Maria encontra-se com Jesus no caminho do Calvário
“Ao conduzir Jesus, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e o encarregaram de levar a cruz atrás de Jesus. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres que batiam no peito e o lamentavam” (Lc 23,26-27).
5ª Dor: Maria permanece junto à cruz do seu Filho
“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo a Mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse para o discípulo: Eis aí a tua Mãe!” (Jo 19,15-27a).
6ª Dor: Maria recebe nos braços o Corpo de Jesus deposto da cruz
“Chegada à tarde, porque era o dia da Preparação, isto é, a véspera de sábado, veio José de Arimateia, entrou decidido na casa de Pilatos e pediu o Corpo de Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a José, que retirou o Corpo da cruz” (Mc 15,42).
7ª Dor: Maria leva ao sepulcro o Corpo de Jesus à espera da ressurreição
“Os discípulos tiraram o Corpo de Jesus e envolveram em faixas de linho com aromas, conforme é o costume de sepultar dos judeus. Havia perto do local, onde fora crucificado, um jardim, e no jardim um sepulcro novo onde ninguém ainda fora depositado. Foi ali que puseram Jesus” (Jo 19,40-42a).
Que a Virgem Maria, hoje invocada como Nossa Senhora das Dores, da Piedade, Consolação, Soledade, Angústias e tantos outros títulos interceda por você e por todos nós que a ela clamamos dia e noite como Mãe de Misericórdia. Amém.
Frei Ivanildo Justino, O. Carm.
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