A Bíblia e a liturgia
23/06/2014Observação / ação
23/06/2014O profeta Jeremias narra os apuros por que passa, sendo perseguido devido à sua missão de denunciar a maldade humana. Ele fala sobre as atitudes e palavras dos opositores: “Talvez ele cometa um engano e nós poderemos apanhá-lo e desforrar-nos dele” (Jeremias 20, 10).
É muito comum também em nossa sociedade percebermos as perseguições, mentiras, calúnias e difamações de uns sobre outros. Fofocas e intrigas não faltam na ordem social, política e até religiosa. Uns, invejosos, querem destruir pessoas de retidão e promotoras do bem do semelhante, seja por não conseguirem o que outros conseguiram, seja por se oporem às suas ideais, seus ideais e seus valores. O uso da língua ferina muitas vezes denota a covardia de quem não tem princípios éticos, morais e altivez de caráter.
Jesus dá apoio a quem tem reta intenção e procura fazer o bem: “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado e nada há de escondido que não seja conhecido…. Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mateus 10,26.28). De fato, se a pessoa de bem desanimar de realizar sua missão por causa de críticas e oposições, dará margem a que o mal reine. Quando mais ela se unir a quem possa engrossar a fileira da defesa de valores e de causas importantes para a comunidade, mais sua grandeza moral cresce e dará o resultado desejado de sua importante missão.
O próprio Messias fala da recompensa divina a quem sofre perseguição por causa de Deus: “Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês , por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu” (Mateus 5,11). Precisamos muito dos que não têm medo de se exporem para defender valores e causas justas em bem da pessoa humana e da sociedade, mesmo não sendo compreendidos e sendo criticados. Aliás, quem não vive e luta pelo bem do semelhante para não ser criticado, não realiza uma vida cheia de amor a Deus e ao próximo. É melhor errar tentando acertar do que não errar sem nada fazer em bem do próximo. É bom lembrar que a árvore que recebe pedradas é a que tem frutas!
Com a ressurreição do Mestre os discípulos se encheram de coragem para realizar a missão de que foram incumbidos por Ele. Não tiveram medo de perseguição. Até deram a vida para mostrar sua convicção de colocar em prática o que o Senhor lhes indicou. Os mártires, de fato, testemunham a coragem de dar a vida, sem medo de perdê-la por causa do Mestre! Felizmente continuamos a ter inúmeros mártires de propulsão, defesa e prática do bem, da verdade e da justiça!
Só superamos o medo de fazer o bem quando temos intimidade e contato diuturno com Aquele que supera a morte e nos dá a certeza da vida plena, o Filho de Deus. Ele nos anima: “Neste mundo vocês terão aflições, mas tenha coragem; eu venci o mundo”(João 16,33). Para nos ajudar Ele nos dá o Espírito Santo!
Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)