A importância da celebração eucarística
A celebração Eucarística é, por excelência, a mais completa forma de celebrar a fé e a vida. Se toda a liturgia é ponto de chegada e ponto de partida da vida da Igreja (cf. SC 10), muito mais se pode dizer da Missa. A presença do Ressuscitado é sinal de esperança e coragem, para que vençamos nossa história cotidiana de paixão e vejamos florescer, em nosso meio, os sinais da vida em plenitude. Para a Catequese, a celebração Eucarística tem um sentido muito forte. Na verdade, a catequese inicial tem na Eucaristia uma das suas maiores referências. Ainda que a Eucaristia não seja ponto final da caminhada catequética, mas passagem sempre constante e renovadora, ela ocupa grande parte da atenção e esforços do processo catequético.
Tem sentido “Missa com Crianças”?
Há um antigo documento da CNBB, “Diretório para missas com grupos populares”, número 11, que traz interessantes considerações sobre a Missa com crianças. Lá se lê: “Portanto, os catequistas devem se empenhar nessa tarefa, a fim de que as crianças, conscientes de um certo sentido de Deus e das coisas divinas, experimentem, segundo a idade e o progresso pessoal, os valores inseridos na celebração eucarística, tais como: ação comunitária, acolhimento, capacidade de ouvir, bem como a de pedir perdão, ação de graças, percepção das ações simbólicas, da convivência fraterna e da celebração festiva.”
A comunhão eucarística ocupa posição relevante dentro da celebração da Missa. É uma das maneiras privilegiadas da presença do próprio Senhor na vida de seu povo (cf. SC 07), venerada e amada pela Igreja desde seu início. É a ceia do Senhor, memória daquela noite santa em que o próprio Jesus deixou o seu Corpo e seu Sangue como alimento, sob as espécies do pão e do vinho.
O mesmo Deus, que se dá em alimento no mistério do Pão e do Vinho consagrados, também se oferece em alimento na sua Palavra, que antecede e prepara a comunhão eucarística, na unidade das duas “mesas”. A constituição conciliar sobre a Palavra de Deus, Dei Verbum, já proclamava: “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa, tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo do Cristo, o pão da vida, e o distribui aos fiéis” (21).
Sendo assim, a Missa com Crianças tem mais sentido e é realmente uma iniciação à Eucaristia se conta com boa participação daquelas crianças que já fizeram a sua Primeira Eucaristia, e também com a presença de adultos que comungam. O exemplo de amor e devoção à Eucaristia é assimilado na co-participação das crianças na mesma assembléia litúrgica, ainda que não participem do Pão e do Vinho consagrados. Todos, no entanto, são alimentados pela Palavra, assim como tantos que estão excluídos do Sacramento da Eucaristia são exortados à escuta da Palavra na celebração da Missa (cf. Encíclica Familiaris Consortio, 84).
Isso não dispensa, pelo contrário, incentiva outras modalidades de celebração, com alguns elementos comuns à própria Missa. Sobretudo a escuta da Palavra deverá marcar esses encontros celebrativos, além de símbolos que ajudem na oração e conduzam à participação mais plena e consciente da Missa (cf. SC 11) e à vivência do ano litúrgico (cf. SC 102).
O que levar em conta na preparação Missa e celebração da Palavra com crianças?
Não basta que haja um grupo de crianças e um padre, dispostos a celebrar. Há toda uma estrutura especial que precisa ser pensada, organizada e executada, que exige dos catequistas e equipes de liturgia um jeito apropriado de se organizar. Não é demais lembrar que a Missa é com crianças e não para elas, o que exige que tudo facilite a sua participação. Elas constituem a assembléia orante prioritária, e são, juntamente com os adultos, os celebrantes e sujeitos da celebração.
a) A linguagem apropriada
Essa deverá levar em conta as crianças, ainda que adultos também participem da Missa. No entanto, deve-se tomar o cuidado para que essa linguagem não seja infantilizada, isto é, reduzida a conceitos e imagens por demais enfadonhos, superficiais, esvaziando, assim, os conteúdos teológicos e espirituais da Liturgia. Há textos e orações próprias para crianças, bem como lindas orações eucarísticas.
b) O carisma do animador e do presidente da celebração
Quem faz a animação, cuide para não se transformar num mero “narrador” de acontecimentos, como quem transmite um jogo de futebol. Evite os comentários desnecessários e explicações, o que torna a celebração muito discursiva e pouco orante. Atenha-se a convidar para a oração, fazendo pequenas monições e chamando a atenção da assembléia para alguns aspectos relevantes da celebração. Pela postura orante, o(a) animador(a) é sempre um referencial seguro para toda a assembléia celebrante. Para tanto, precisa ter uma boa formação litúrgica.
Quanto ao padre presidente, esse deve se esforçar para aproximar-se das crianças na linguagem e no afeto. Conseguirá naturalmente isso se for amigo delas! É importante que ele não esqueça que seu ministério litúrgico é central na celebração e dele depende muito o bom andamento da mesma.
c) Os variados ministérios litúrgicos
A proclamação da Palavra pode ser feita por crianças, desde que essas saibam fazê-lo bem, sem prejuízo para a assembléia que deseja ouvir e entender a Palavra de Deus. É importante que haja, na comunidade, um grupo de crianças capacitadas para esse serviço litúrgico. Aprendam elas as questões básicas de postura, uso do microfone, comunicação com a assembléia e, sobretudo, a valorização e o amor à Palavra que proclamam!
Outro ministério de fundamental importância é o dos responsáveis pela animação musical. Há uma variedade de canções, compostas e gravadas especificamente para Missas com Crianças. Elas respeitam a linguagem das crianças e suas melodias são bem simples e, principalmente, belas! Seria de muito valor que se organizassem grupos de crianças para cantar e tocar instrumentos nas suas celebrações. Com a assessoria de adultos capacitados, que as próprias crianças escolham as músicas apropriadas para a Missa e facilitem a participação, sempre alegre, das outras crianças e também dos adultos presentes na celebração.
Outros serviços litúrgicos podem ser confiados às crianças, como a distribuição de folhetos de canto, o manuseio de fantoches, a participação nas procissões de entrada, da Palavra e da apresentação dos dons, o cuidado das crianças menores, etc.
Por Pe. Vanildo Paiva – Especialista em Catequese e Liturgia, via Missa com Crianças
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