Todo batizado é chamado a missão. Entenda mais essa afirmação neste artigo de Rodrigo Santos da série sobre o Catecismo da Igreja Católica.
Entre os imperativos mais firmes efetuados por Jesus Cristo a Seus apóstolos, estão aqueles relacionados à missão, ao anúncio do Evangelho a todos os povos. Não apenas o povo judeu era destinatário da Paz que o Messias veio anunciar, mas todos os povos, raças, línguas e nações. Devido à gravidade dessa catolicidade da Igreja, o Catecismo dedica, então, alguns parágrafos sobre a temática da missão:
“Enviada por Deus às nações, para ser o sacramento universal da salvação, a Igreja, em virtude das exigências íntimas da sua própria catolicidade e em obediência ao mandamento do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. ‘Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo quanto vos mandei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até ao fim do mundo’ (Mt 28,19-20)” (CIC 849).
Ser missionário é estar aberto a um constante compromisso de despojamento em prol da obra de Deus. Nem todos os batizados são vocacionados a deixar seu estado, sua pátria etc. Porém, todos são chamados a sair da terra do egocentrismo e ser missionários na realidade em que se encontram: No seio da própria família, comunidade, trabalho, faculdade, bairro etc. “O mandato missionário do Senhor tem a sua fonte primeira no amor eterno da Santíssima Trindade: ‘Por sua natureza, a Igreja peregrina é missionária, visto ter a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na missão do Filho e do Espírito Santo’. E o fim último da missão consiste em fazer todos os homens participantes na comunhão existente entre o Pai e o Filho, no Espírito de amor” (CIC 850).
A pergunta que muitos se fazem é: “Qual o motivo e razão de ser desse mandato missionário?” O Catecismo responde: “É ao amor de Deus por todos os homens que, desde sempre, a Igreja vai buscar a obrigação e o vigor do seu ardor missionário: ‘Porque o amor de Cristo nos impele…’ (2Cor 5,14). Com efeito, ‘Deus quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade’ (1Tm 2,4). Deus quer a salvação de todos, mediante o conhecimento da verdade. A salvação está na verdade. Os que obedecem à moção do Espírito da verdade estão já no caminho da salvação. Mas a Igreja, à qual a mesma verdade foi confiada, deve ir ao encontro dos que a procuram para a levar. É por acreditar no desígnio universal da salvação que a Igreja deve ser missionária”(CIC 851).
Quando se fala desse mandato missionário, entra em cena, junto ao batizado, uma pessoa de importância essencial, trata-se do Espírito Santo. Ele é a grande promessa do Pai, efetuada e anunciada pelos lábios de Nosso Senhor Jesus Cristo.
“‘O protagonista de toda a missão eclesial é o Espírito Santo’. É Ele que conduz a Igreja pelos caminhos da missão. E esta ‘continua e prolonga, no decorrer da história, a missão do próprio Cristo, que foi enviado para anunciar a Boa-Nova aos pobres. É, portanto, pelo mesmo caminho seguido por Cristo que, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja deve seguir, ou seja, pelo caminho da pobreza, da obediência, do serviço e da imolação de si mesma até à morte – morte da qual Ele saiu vitorioso pela ressurreição’. É assim que «o sangue dos mártires se torna semente de cristãos” (CIC 852).
Essa evangelização e catequese precisaram ser cooperadoras inseparáveis ao longo dos séculos. Ir constantemente atrás de novas ovelhas para o rebanho do Senhor, mas sem se descuidar das que já estão no redil. Isso, no entanto, não se efetiva sem combate, sem provações, sem perseguições. Provações que muitas vezes resultam de fraquezas e inconsistências de seus próprios membros. Por isso, a Igreja também é consciente de quão distante está o ideal do que ela anuncia dos limites de seus membros. Daí a constante necessidade de intercessão e exame de consciência. O ser missionário da Igreja supõe ir onde estão os destinatários do anúncio.
“Pela sua própria missão, ‘a Igreja faz a caminhada de toda a humanidade e partilha a sorte terrena do mundo. Ela é como que o fermento e, por assim dizer, a alma da sociedade humana, chamada a ser renovada em Cristo e transformada em família de Deus’. O esforço missionário exige, portanto, paciência” (CIC 854).
O olhar paciente auxilia na missão, contribui ainda no processo de aprendizagem com os próprios erros. Surgem, daí, ainda críticas iluminadas por novas descobertas sobre o homem, sobre a vida, enfim sobre a própria natureza. Outro forte hiperativo provocado por esse mandato missionário da Igreja é a unidade dos cristãos. A missão exige o esforço rumo à unidade dos cristãos (cf. CIC 855). Implica ainda um diálogo respeitoso com os que ainda não aceitam o Evangelho (cf. CIC 856).
Que o Espírito Santo não desista do povo do Senhor. Que a dureza de coração se renda às propostas da graça.
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