Estamos vivendo o Ano da Misericórdia proclamado pelo Papa Francisco à Igreja, que é o povo de Deus. Logo no início da Bula de proclamação desse Jubileu, o pontífice nos diz que “Jesus é o rosto da misericórdia do Pai”. É sobre isso que quero refletir nesse texto.
No Evangelho de João (Jo 8, 1-11), vemos Jesus como mestre da misericórdia. Para aquela mulher adúltera, Ele mostra o rosto do Pai através da misericórdia. Enquanto os mestres da Lei queriam viver a Lei pela Lei, apedrejando a mulher, Jesus, por outro lado, vive a Lei pela misericórdia, dando-lhe uma nova chance.
Jesus conhece e sabe da nossa miséria quando pecamos, como também sabia da miséria daquela mulher. Mas, principalmente, Jesus também sabia que não era de pedras que ela estava precisando, mas de amor, de misericórdia e, ainda mais, de perdão. Portanto, Jesus se porta como Pai (e aqui vemos o rosto do Pai), que nos acolhe como acolheu o filho pródigo. É a graça do perdão de Deus que corrige os nossos pecados, e não o castigo da Lei.
A misericórdia de Deus nesta terra não tem limites, o homem não pode impor-lhe limites. Jesus acredita sempre que nós podemos mudar, e Ele viu que aquela mulher, como eu e você, também podia assumir um rumo novo em sua vida. Jesus liberta e revela uma novidade apenas com três palavras: “Não peques mais”. Isto também se aplica a nós: “Não peques mais”.
O Papa Francisco, na mensagem para a Quaresma deste ano, diz que Jesus vai ao extremo do extremo da nossa miséria para nos resgatar. O Cristo também foi ao extremo da miséria daquela pecadora e mostrou-lhe algo que ela ainda não tinha visto: o rosto do Pai. Jesus não usa de uma falsa misericórdia que muitos querem pregar por aí, Ele não passa a mão em nossa cabeça e diz que não nos condena e está tudo bem. Não é isso. Ele nos mostra uma vida nova, adverte-nos para vivermos na graça, na santidade e longe do pecado.
Portanto, Jesus é para nós modelo. De que? De como devemos ser misericordiosos com o nosso próximo. Como? Mostrando-lhe o rosto do Pai. A atitude mais perfeita e correta que devemos ter diante da miséria do nosso próximo é a postura de Jesus misericordioso.
Quando nós nos olhamos no espelho, diferentemente dos fariseus que não se olham, vemos nossa fragilidade e nos lembramos de que fomos alcançados pela misericórdia de Deus. Nesse momento, nosso coração deveria imediatamente se encher de misericórdia diante da miséria do próximo; porque nos lembraríamos de que um dia estávamos também naquele estado e Deus agiu com misericórdia para conosco, e continua a agir. É tocando na miséria do outro que nos abrimos à misericórdia.
Quando aqueles que queriam apedrejar a mulher adúltera saiam um a um, “só duas pessoas permaneceram, a miserável e a Misericórdia”, diz Santo Agostinho. Assim acontece no confessionário: só ficam duas pessoas, a miserável e a Misericórdia. Peçamos a graça de um coração misericordioso como o de Jesus. Shalom!
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