“O discernimento faz parte da vida, tanto nos momentos solenes das grandes escolhas quanto nos momentos cotidianos das pequenas decisões. Ele está ligado ao fato de sermos livres e, portanto, expressa e realiza, dia após dia, a vocação humana comum e a identidade particular e única de cada um de nós”, disse o Papa. Segundo o Pontífice, “é um trabalho fatigoso, de ouvir o Senhor, a si mesmo e aos outros; é também um tempo fatigoso de oração, de meditação, de espera paciente e, depois, de coragem e sacrifício, para tornar concreto e operacional o que Deus, sem nunca impor Sua vontade sobre nós, sugere ao nosso coração. Ao mesmo tempo, porém, é também uma grande experiência de felicidade, porque «tomar uma boa decisão, uma decisão acertada» dá alegria”. “E o nosso mundo tem uma grande necessidade de redescobrir o gosto e a beleza de decidir, especialmente no que diz respeito às escolhas definitivas, que determinam uma virada decisiva na vida, como a escolha vocacional”, disse ainda o Papa, acrescentando:
Precisa, portanto, de pais e mães que ajudem, especialmente os jovens, a compreender que ser livre não significa permanecer eternamente numa encruzilhada, fazendo pequenas “escapadas” para a direita o para a esquerda, sem nunca tomar um caminho. Ser livre significa apostar – apostar! – no caminho, com inteligência e prudência, claro, mas também com audácia e espírito de renúncia, para crescer e progredir na dinâmica do dom, e ser feliz, amando segundo o projeto de Deus.
A seguir, o Papa refletiu sobre o segundo aspecto: a formação. Segundo Francisco, “a vida religiosa é um percurso de crescimento na santidade que abraça toda a existência e no qual o Senhor molda constantemente o coração daqueles que escolheu”. Nesse sentido, Francisco recomendou a todos a assiduidade na oração, mas aquela oração que é uma relação com o Senhor, pessoal, que escuta, que espera; a oração comunitária e também pessoal, e também a vida sacramental, e a adoração. “Hoje, perdemos o sentido da adoração, devemos recuperá-lo”, frisou.
De fato, somente quem humildemente e constantemente se reconhece “em formação” pode esperar ser um bom “formador” ou “formadora” para os outros, e a educação, em qualquer nível, é sempre, antes de tudo, compartilhar percursos e comunicar experiências, naquela alegre busca pela verdade, “que deixa o coração de todo homem inquieto até que encontre, habite e compartilhe a Luz de Deus com todos”.
“Também neste sentido”, disse ainda o Papa, “a sua missão é, hoje, decididamente profética, num contexto social e cultural marcado pela circulação vertiginosa e contínua de informações, mas, por outro lado, dramaticamente pobre nas relações humanas. Há uma necessidade urgente no nosso tempo de educadores que saibam tornar-se com amor companheiros e companheiras de viagem das pessoas que lhes são confiadas”.
Por fim, o último aspecto: a caridade. “Todas as suas quatro fundações foram criadas para apoiar e educar jovens carentes que, sem a ajuda necessária, não teriam acesso a uma educação adequada para seu futuro, e nem mesmo responder à sua vocação. Santa Madalena Sofia Barat, São Justino Maria Russolillo, a Venerável Maria Antonia Lalia e Madre Caterina Molinari viram neles um sinal de Deus para a sua missão”.
Da mesma forma, será bom para vocês também, especialmente nestes dias de discernimento comunitário, manter o rosto dos pobres constantemente diante dos olhos e estar vigilantes para que em suas assembleias, o impulso da gratuidade e do amor desinteressado, graças ao qual a presença de vocês na Igreja começou, esteja sempre vivo e pulsante.
Por fim, o Papa disse: “Por favor, não descartem as pessoas, não selecionem as pessoas com critérios mundanos: quão importantes elas são, quanto dinheiro elas têm… esses critérios mundanos estão fora. Não descartem, mas acolham, abracem a todos, amem a todos. Esta cultura que vem do individualismo e da fragmentação, infelizmente domina nossos tempos”.
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