A música católica em sua origem é expressão do silêncio de Deus. Sem amorosa compreensão sobre o silêncio de Deus, a ação do Espírito Santo encontra dificuldades para ser bem entendida.
Os sons encantam a vida e o coração. O maior trabalho do cristão consiste em conquistar um coração puro e ser manso e humilde como Jesus, exatamente onde reside o ponto central da expressão: música do coração! No entanto, há muita confusão sobre o tema. Cantar a liturgia com o coração não é colocar para fora nossas emoções particulares, muitas vezes fundamentadas em ilusões, vaidades e afetos narcisistas. Não! Cantar a liturgia é estar despojado de si mesmo e mergulhado no silêncio de Deus. A liturgia garante a escola da Eucaristia na celebração e no coração e, como exorta o Papa Bento XVI na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, “a melhor catequese é a liturgia bem celebrada” (64). Alguns sons levam ao vazio e alguns silêncios à iluminação. O silêncio de Deus é a plenitude do Espírito Santo. São João da Cruz resume a voz do Pai em uma única palavra: “Uma palavra disse o Pai, que foi seu Filho; e di-la sempre no eterno silêncio e em silêncio ela há de ser ouvida pela alma”.
O silêncio de São José é a referência sonora a todo músico católico. Quem se empenha em acolher de todo o coração o exemplo de São José não encontrará dificuldade alguma em entender e amar o silêncio de Deus e cantará o Magnificat mergulhado no entendimento de Maria Santíssima. São José escutou e abraçou o coração de Maria fazendo do lar de Nazaré verdadeira harmonia do coro dos anjos. Quanto se defende entre ideologias e conceitos o valor da família. Quanto barulho! Bastaria aprender a ser pai e esposo como São José e transformar o lar em ressonância de paz, o que serve também aos sacerdotes e superiores religiosos muitas vezes tão ruidosos e sem o espírito de oração; pouco ou nada aprenderam do silêncio de Deus.
Para ser pai e mãe suficientemente bons é preciso aprender com São José e Maria Santíssima. É necessário silêncio, silêncio interior. Silenciar afetos egoístas. Se um lar deseja ser cristão, necessita escutar com sabedoria. Só Deus sabe o que é melhor aos filhos em um lar e aos fiéis na Igreja. A criatura não está aqui para fazer sua vontade própria, mas a vontade de Deus. É preciso promover a escuta do silêncio de Deus para que o Espírito Santo atue na vida de cada um. Pais, sacerdotes e superiores devem tomar o máximo cuidado com a língua e com a voz proveniente do egoísmo. O Espírito Santo não atua no coração ensurdecido.
São José conduziu a Sagrada Família e zelou pela mãe e pelo Filho nas pautas da partitura de Deus. Seja ele nosso regente, o arranjador da nossa música interior e a escola de harmonia sagrada rumo ao silêncio de Deus! Cante seu hino em nossos corações:
“Te, Ioseph, celebrent agmina caelitum,
te cuncti resonent Christiadum chori,
qui, clarus meritis, iunctus es inclitae,
casto foedere Virgini”.
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