Assim como não se nasce cristão, mas se torna; também não se nasce santo, torna-se. Todos nascemos com o mesmo chamado à santidade, porém, com o peso das imperfeições, dos defeitos, dos pecados… e de longa ou curta lista que se quiser acrescentar.
O curioso é que, quando se tenta fazer a imagem mental de qualquer santo, seja um dos primeiros cristãos, um santo da época medieval ou um santo dos nossos dias, o que vem à nossa cabeça é a imagem de uma pessoa feita, diferente dos mortais. Sem carne nem ossos, sem sangue.. sem fome nem sede, sem dias bons ou maus, sem defeitos e, acima de tudo, sem esforços, medos ou dúvidas quando se trata de ser coerente com a fé.
Por muitos anos, alguns biógrafos de santos insistiram em ignorar ou omitir as fraquezas dos seus biografados. Como a madre superiora do convento de Lisieux que, ao rever os escritos originais da jovem Santa Teresinha do Menino Jesus, apagou um parágrafo em que, com a maior simplicidade, ela confessou que nunca tinha conseguido rezar um terço completo sem se distrair. Eles temiam, provavelmente, que os leitores se escandalizassem ao ver os santos como homens e mulheres como nós. E justamente aqueles de nós que ainda estamos longe da amizade que Deus busca em nós, precisamos verificar (porque nos estimulará muito) que os que estão nos altares não são de gesso ou de madeira, mas, como todos, mortais, de carne e osso… sofrem dores e carregam suas cruzes.
Na vida dos santos não faltaram defeitos, pois eram gente como nós, com suas fragilidades e debilidades. No entanto, acima de tudo, houve conversão, reparação, muito amor a Deus e generosa entrega ao próximo. Souberam vencer-se por amor a Deus.
Isto acende nossa esperança, porque mostra como, lutando contra os nossos defeitos, e voltando sempre ao nosso Pai, podemos atingir alta meta a que nos chama a santidade.
Contamos com um Deus humilde que não se rodeou de uma elite de perfeitos, mas com uma comunidade de gente, pecadora e santa.
É por isso que os santos pequenos fazem muito bem para este Deus humilde. E ainda bem que isto nos permite, nós que amamos a fogueira (ou o fósforo). E nunca chegaremos ao seu amor por um vulcão.
Por: Frei Paulo Gollarte, O.Carm
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