“Quantas vezes, durante estes primeiros meses do Jubileu, ouvimos falar das obras de misericórdia?” Foi com essa pergunta que o Papa Francisco começou mais uma audiência geral na Praça São Pedro, convidando todos os presentes para fazer um sério exame de consciência sobre o tema.
O Santo Padre afirma que é bom nunca esquecermos que a misericórdia não é uma palavra abstrata, mas sim um estilo de vida: “Uma pessoa pode ser misericordiosa ou não misericordiosa, é um estilo de vida. Prefiro viver como misericordioso ou como não misericordioso. Uma coisa é falar de misericórdia e outra é viver a misericórdia”.
Parafraseando as palavras do apóstolo Tiago (cf. 2, 14-17), o pontífice ressalta que, sem obras, a misericórdia está morta em si mesma. O que torna viva a misericórdia é o seu dinamismo constante, para ir ao encontro das carências e necessidades dos que vivem em dificuldades espirituais e materiais. A misericórdia tem olhos para ver, ouvidos para escutar e mãos para levantar.
De acordo com o papa a vida cotidiana nos permite tocar com a mão muitas solicitações que dizem respeito às pessoas mais pobres e mais provadas, exigindo de nós uma atenção particular, que nos leva a perceber condições de sofrimento e necessidade em que se encontram numerosos irmãos e irmãs nossos. E afirma: “Às vezes passamos diante de situações de pobreza dramática e parece que elas não nos comovem; tudo continua como se nada fosse, numa indiferença que no final nos torna hipócritas e, sem nos darmos conta, acaba numa forma de letargia espiritual, que torna o espírito insensível e a vida estéril”.
Pessoas que passam a vida sem enxergar a necessidade do próximo, sem perceber as numerosas necessidades espirituais e materiais, segundo o papa são “indivíduos que passam sem viver, são pessoas que não servem ao próximo”. E recorda: “Quem não vive para servir, não serve para viver”.
“Quem experimentou na própria vida a misericórdia do Pai não pode permanecer insensível diante das necessidades dos irmãos”, completou Francisco, que citou as obras que estão contidas no Evangelho de Mateus: assistir que tem fome, sede, quem está nu, refugiado, doente e na prisão. “As obras não são temas teóricos, mas testemunhos concretos. Obrigam a arregaçar as mangas para aliviar o sofrimento”.
O Santo Padre explica que não podemos nos esquivar diante de uma pessoa que sente fome, “é preciso dar-lhe de comer, é isto que Jesus nos pede”. As obras de misericórdia não são temas teóricos, mas sim testemunhos concretos e, para que os sofrimentos sejam aliviados, “somos obrigados a arregaçar as mangas”.
Por causa das mudanças do mundo globalizado, multiplicaram-se algumas formas de pobreza material e espiritual. “Demos espaço à fantasia da caridade para identificar novas modalidades de ajuda. Desse modo, o caminho da misericórdia torna-se cada vez mais concreto. Por conseguinte, exige-se que permaneçamos vigilantes como sentinelas, a fim de que não aconteça que, perante as formas de pobreza produzidas pela cultura do bem-estar, o olhar dos cristãos se debilite a ponto de se tornar incapaz de visar o essencial”, frisou o papa.
O pontífice finaliza a reflexão proposta dizendo que devemos sempre visar o essencial. “Olhar para Jesus, fitar Jesus no faminto, no encarcerado, no enfermo, na pessoa nua, em quantos não têm um trabalho e devem e são responsáveis por uma família. Fitar Jesus nesses nossos irmãos e irmãs; ver Jesus em quantos estão sozinhos, tristes, em quem erra e tem necessidade de conselhos, naquele que precisa percorrer o caminho com Ele, em silêncio, para se sentir em companhia. São essas as obras que Jesus nos pede! Ver Jesus neles, nessas pessoas. Por quê? Porque é assim que Jesus me vê, é assim que Ele vê todos nós”.
Por Redação
Texto adaptado da edição de setembro. Para ler os conteúdos na íntegra, clique aqui e assine a Revista Ave Maria.
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