Dia 24 de Julho, domingo, comemorou-se o segundo dia mundial dos avós e dos idosos. Foi uma data importante para as pessoas nesta etapa da vida humana a fim de que sejam reconhecidos os seus direitos e os seus deveres, sejam amadas pelos seus familiares, parentes e amigos e amigas. É preciso que haja políticas públicas para as pessoas idosas. O jovem de hoje é o idoso de manhã. Todos passarão por esta etapa, a idade de ser pessoa idosa.
O Papa Francisco enviou para todo o mundo, uma mensagem por ocasião deste dia tendo como tema: Dão fruto mesmo na velhice (Sl 92,15)[1]. É uma mensagem de esperança e de amor para todas as pessoas que estão nesta fase da vida e também para aquelas pessoas que ainda não chegaram à velhice. O pontífice disse que não se pode olhar a velhice com desprezo, mas com muita alegria porque é a idade de bênçãos do Senhor, de uma vida longa muitas vezes permeada por sofrimentos, pela doação, pelo trabalho familiar e comunitário, pelo seguimento ao Senhor. As pessoas idosas e avós dão frutos abundantes para a seara do Senhor, para a vida da comunidade e do mundo.
O Papa Francisco falou da superação da cultura do descarte, no sentido do medo de algumas pessoas em relação aos idosos, evitarem o contato com os idosos, parecendo que sendo os seus familiares não dizem respeito à vida deles. É preciso querer-lhes bem, amá-los porque eles foram os educadores de seus filhos e filhas, e também com os netos e as netas. Os anciãos são uma benção de Deus, sinais vivos da benevolência de Deus que efunde a vida em abundância. O Papa Francisco afirmou que é bendita a família que guarda um ancião, uma anciã, que quer bem a eles e a elas. É bendita a família que guarda com carinho e amor os seus avós[2].
O Papa Francisco teve presente o tema para o dia mundial dos avós e dos idosos, dão fruto mesmo na velhice ( Sl 92,15). O Salmo tem presente as diversas etapas da vida, na confiança com o Senhor, quando chega a velhice, com os cabelos brancos, no Senhor continuará a dar vida e não deixará que o idoso, o avô ou a avó sejam oprimidos pelo mal. O envelhecimento não é apenas uma deterioração natural do corpo, ou a passagem inevitável do tempo da velhice, mas é o dom de uma vida longa. Desta forma a velhice não é uma condenação, mas é uma benção do Senhor[3].
O Papa Francisco colocou a importância de ter uma vida idosa ativa, essa dada também do ponto de vista espiritual, cultivando a vida interior, através da leitura da palavra de Deus, da oração diária, dos recursos aos sacramentos e na participação na liturgia. Haja também o cultivo com a família, com os filhos, filhas, os netos, as pessoas pobres e atribuladas, para se fazer próximo com a oração e com a ajuda, reconhecendo sempre a presença do Senhor em todos os fatos da vida, pois os idosos e os avós são uma benção para quem está próximo deles e delas[4].
A seguir nós veremos como os santos padres, os primeiros escritores cristãos tiveram presentes os idosos, os anciãos e os avós, pessoas importantes na vida de todos os seguidores e seguidoras de Jesus Cristo e de sua Igreja.
Aristides de Atenas, padre apologista do século II afirmou que os cristãos tinham uma vida normal, pois não se diferenciava dos outras pessoas, mas eles e elas testemunhavam o seguimento a Jesus Cristo e a sua Igreja, com fidelidade e com amor. Eles não desprezavam a viúva, não entristeciam o órfão, aquele que possuía, fornecia para aquele que nada tinha. Quando os cristãos viam um forasteiro, acolhiam-no sob o seu teto e alegravam-se como a pessoa porque não se chamavam irmãos ou irmãos segundo a carne, mas segundo a alma[5].
Tertuliano, padre do norte da África, séculos II e III teve presentes os anciãos como parte integrante da comunidade. Na descrição da comunidade ele afirmou que as pessoas se encontravam para ouvir a Palavra de Deus, meditá-la em suas vidas, receber a eucaristia pelo presidente, no caso era o bispo na comunidade. Ele falou que participavam às reuniões anciãos de provada virtude, alcançados por tal honra não por prêmio, mas por testemunho comum dos seus merecimentos[6], pelo fato de que os anciãos viviam bem o seguimento a Jesus Cristo e tudo era demonstrado na vida familiar, comunitária e social.
Santo Ireneu de Lião, bispo dos séculos II e III especificou a importância dos anciãos na tradução das Sagradas Escrituras do hebraico para o grego. Ptolomeu, filho de Lago, fundou em Alexandria uma biblioteca, desejando enriquecê-la com os escritos de toda a humanidade na época, de modo que ele pediu aos judeus de Jerusalém uma tradução em grego das Sagradas Escrituras, isto é dos livros do AT. Esses que estavam na época submetidos aos macedônios, enviaram a Ptolomeu setenta anciãos, os mais competentes nas Escrituras e nos conhecimento das duas línguas, a fim de executar o trabalho que o rei desejava. O rei os pôs à prova e por medo de que eles concordassem entre si em falsear a verdade das Escrituras, na sua tradução, separou-os uns dos outros e mandou-os que todos traduzissem toda a Escritura e fez assim com todos os livros[7].
Quando os anciãos se reuniram com Ptolomeu e confrontaram entre si as suas traduções, Deus foi glorificado e as Escrituras foram reconhecidas divinas, na sua essência, pois todos, do inicio ao fim, exprimiram as mesmas coisas com as mesmas palavras, de forma que também os pagãos presentes reconheceram que as Sagradas Escrituras foram traduzidas sob a inspiração de Deus[8].
O segundo dia mundial dos avós e dos idosos é uma data comemorativa pela vida que eles e elas levaram, sendo uma etapa bonita ser idoso, idosa, avô ou avó. O Papa Francisco falou em benção do Senhor a família que cuida de seus avós, de seus idosos. O mundo de hoje deve valorizar sempre mais os idosos porque se tornam uma grande parte da população de modo que a vida se prolonga sempre mais, fazendo a inclusão do ser como pessoas humana, um direito, um dever para o bem dos avós e dos idosos e da glória do Senhor.
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[1] Cfr. II Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, 2022: «Dão fruto mesmo na velhice» | Francisco (vatican.va).
[2] Cfr. Idem.
[3] Cfr. Idem.
[4] Cfr. Idem.
[5] Cfr. Aristides de Atenas. Apologia, 15,6-7. In: Padres Apologistas.São Paulo, Paulus, 1995, pg. 52.
[6] Cfr. Tertulliano, Apologetico, XXXIX, 5, a cura di A. Resta Barrile. Bologna, Oscar Mondadori, 2005, pg. 137.
[7] Cfr. Ireneu de LIão. III,21,2. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 343.
[8] Cfr. Idem, pg. 343.
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