A Páscoa é a celebração da ressurreição de Jesus Cristo. Em Cristo ressuscitado a vida vence a morte, a graça destrói o pecado, a luz ilumina as trevas e o senhorio de Deus prevalece sobre as insígnias do mal. Ao ser morto e sepultado, na Sexta-feira da Paixão, Cristo acorda os que dormem no vale tenebroso das sombras da morte: “Com a sua morte destruiu a morte e com sua ressurreição deu-nos a vida” (Missal Romano, prefácio da Páscoa I).
A celebração da Páscoa nos permite conhecer a existência humana de Cristo. Sua vida, morte e ressurreição são a gramática para entender o grande amor de Deus pela humanidade. Jesus é o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo. Seu sangue derramado na cruz resgatou a raça humana das garras da morte e da corrupção do pecado. Em Jesus Cristo fomos salvos da destruição eterna. Nesse sentido, diz o Papa Bento XVI: “A sua Páscoa é também a nossa Páscoa, porque em Cristo ressuscitado é-nos dada a certeza da nossa ressurreição”.
Portanto, Jesus não morreu na cruz como espetáculo, mas foi fisicamente torturado e morto por nossos pecados. Sua morte na cruz é o preço do resgate da nossa liberdade. Entretanto, diz Bento XVI, “No decorrer da história muitos consagraram suas vidas a causas consideradas justas e morreram! E permaneceram mortos”. O Papa Emérito explica que o que diferencia o sacrifício de Jesus dos demais é a sua ressurreição. Ela “(…) é ‘prova certa’, é certeza de que quanto Ele afirma é verdade que vale também para nós, para todos os tempos. Ressuscitando-o, o Pai glorificou-o”.
A Páscoa cristã encontra sua raiz na Páscoa judaica, que celebra a passagem do povo de Israel, a pés enxutos, pelo mar Vermelho. Desde sua origem a Igreja proclama que “a ressurreição do Senhor é a nossa esperança” (Agostinho, Sermão 261, 1). O bispo de Hipona afirma que “Jesus ressuscitou para que nós, apesar de destinados à morte, não nos desesperássemos, pensando que a vida acaba totalmente com a morte; Cristo ressuscitou para nos dar a esperança” (cf. ibid.).
A realidade atual, marcada por tantos desastres, frutos da irresponsabilidade humana e do desprezo pela vida dos irmãos, faz-nos intuir que a cada dia vivemos gotas de ressurreição.
Os que emergem das lamas de Mariana e Brumadinho são partículas de ressurreição. Os que se libertam de quaisquer vícios vivem uma fração de ressurreição. Os que promovem a paz e o diálogo entre os povos criam frações de ressurreição. Na verdade, a vida humana é feita de pequenas ressurreições que nos preparam a ressurreição definitiva, em que veremos Deus face a face.
Caríssimos, celebrem a Páscoa de maneira intensa em suas famílias e comunidades! Que os batizados e crismados, Igreja viva, Esposa de Cristo, saibam anunciar a ressurreição e a vida em todos os lugares e tempos.
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