O significado de iniciação no processo catequético
26/01/2017Cartão (Tiro pela Culatra)
27/01/2017Confira as orientações para o catequista de Crisma:
1. Seja positivo e propositivo. Só positivamente se vai dar catequese. Esse sempre foi o princípio de Jesus Cristo para cativar os corações e evangelizar. A mensagem de Cristo só ressoa no coração se ela vier de uma fonte positiva: você. Sem amor, nenhuma evangelização vai dar fruto. Gente que só vê defeitos, pecados e fala mal não consegue ser apóstolo de Cristo, faz mais mal do que bem, inclusive na catequese! Proponha em vez de criticar.
2. Parta sempre da vida. Não se esqueça de comparar o que estiver falando com assuntos e exemplos diários do mundo cultural dos crismandos. O Evangelho tem que atingir a vida. Não considere tudo o que não é explicitamente religioso como pecado: Deus se vale dessas coisas para nos ir ensinando a chegar mais perto dele. Jesus valorizava o campo para os camponeses, as citações bíblicas para os doutores da lei, etc. É a partir da vida que devemos dar nossa catequese, fazendo os jovens ir vendo como Deus se manifesta na história do povo, da comunidade e na nossa história pessoal.
3. Fale apenas o que vive e viva o que ensina: catequese quer dizer fazer ecoar. É preciso que a Palavra de Deus ecoe primeiro em nós para ter força de ecoar nos outros. Catequese não é “aula de religião”: na aula eu ensino o que não vivo; na catequese, só posso ensinar o que vivo. Por isso, para despertar amor à Igreja e a Cristo é necessário amar Cristo e a Igreja antes. Partilhe o que você sabe, mas partilhe a sua experiência vivida sobre aquele assunto. Nada melhor do que um catequista que vive o que ensina.
4. Prepare antes o que vai falar e fazer. Por favor, não vá para o encontro despreparado para falar e fazer qualquer coisinha: não enrole! Ninguém gosta de gente que brinca de fazer alguma coisa. Ninguém gosta da aula chata do professor que não prepara, do sermão mal-preparado do vigário, da informação errada de quem não se comporta como profissional, né? Pois é, não faça a mesma coisa que você critica…
5. Programe horário. Não fique só no falatório: programe começo, meio e fim. Veja formas diferentes de dizer uma coisa. Procure recursos que estejam dentro da discussão (cartaz, dinâmica, música, mapas, vídeo, brincadeira, trechos de filmes, poesias, etc.) e leve a sério a programação do encontro. Se for preciso, marque horários para começar e para acabar uma atividade. Assim se evita que alguma coisa tome o tempo todo (prejudicando o conjunto) e que fique chato. Ah!, não se esqueça de chegar antes (e não depois) de todos…
6. Catequese é assunto orante. Há catequistas que se lembram de tudo, menos da oração. Catequese não é aula, mas partilha da fé vivida. É preciso orar para preparar o encontro e orar durante os encontros (no começo, no meio ou no fim) com os adolescentes. Assim, você vai motivando e formando a fé dos seus discípulos.
7. Ajude os seus catequizandos a se concentrar. Muitas pessoas, ao vir para o encontro, passaram por problemas, estão agitadas, mal-humoradas, desanimadas ou sem disposição. Acolha com alegria e carinho (todo mundo gosta de ser bem tratado e um sorriso largo desmonta o mau-humor). Mas não se esqueça de ajudá-los a estar no encontro de corpo e alma. Já vi muitos catequistas que brincam e falam tanto que atrapalham os próprios encontros. No momento da catequese você não deve ser só mais um amiguinho, mas um amigo que cresceu na fé e quer partilhar isso com eles.
8. Dê catequese por amor a Cristo e à sua Igreja. Tenho visto muitos catequistas que querem estar ali por muitos outros motivos: paquerar, sair de casa, se enturmar, etc. Se você é algum desses, revise as suas motivações e – se for preciso – dê um tempo para você, para sua comunidade e para os seus catequizandos. Vamos ser honestos, a catequese de crisma não é lugar para arrumar namorada(o), nem para outras finalidades. Quem é catequista deve estar lá servindo a Cristo como membro da comunidade dele. Outras motivações devem ser purificadas e deixadas de lado.
9. Tenha sempre uma carta na manga. Não esqueça que todo mundo gosta de uma surpresinha: apimenta o encontro e dá um sabor novo. Procure, de vez em quando, mudar algo. Você vai ver que efeito produz. Normalmente, a surpresa age positivamente nas pessoas.
10. Avalie os encontros com os crismandos. Ninguém melhor do que os próprios adolescentes para lhe dizer o que estão achando e lhe fornecer sugestões. Dê oportunidade para a sinceridade rolar entre vocês e tudo irá bem. Não precisa avaliar todo dia, mas pode ser a cada bloco de encontros. Mas não seja apenas formalidade: leve a sério e mude o que precisar.
11. Conte com a participação. Alguns catequistas morrem de medo de cobrar algo dos crismandos: assim eles vão ficando cada vez mais passivos. Programe tarefas e passeios comuns e vá dividindo as responsabilidades. Você é catequista e não papai ou mamãe deles. Deixe-os falar, peça opinião, valorize a participação, mas freie quando falarem demais ou passarem dos limites. Você não tem um cargo eletivo pra zelar, mas deve ser testemunha da fé. Aja com responsabilidade e peça isso deles também.
12. Engaje todos os crismandos durante o ano em sua comunidade. Nem todos têm os mesmos dons e os mesmos talentos. Aos poucos (não deixe para os últimos encontros!), vá encaixando os crismandos nas tarefas e nos compromissos com sua comunidade: tenha sempre em mente que o objetivo a ser alcançado é o engajamento do maior número possível de crismados na comunidade de fé. E não cobre só dos jovens: cobre também da sua comunidade e dos responsáveis por ela (padre, irmã, coordenadores, ministros, etc.) que os jovens tenham seu espaço, sua vez e sua voz. Mas vá com calma! Não precisa pegar pesado ou criar uma briga na comunidade: conversando todo mundo se entende.
13. Conte com o apoio dos grupos de sua paróquia. Se você quiser que eles se engajem, é preciso contar com a liderança de sua comunidade. Grupo de vicentinos, Apostolado da Oração, legionários, grupo de jovens, Terceira Idade, grupo de terço, vocacional, etc. Antes do final do ano, todos os adolescentes devem ter visitado todos os grupos da paróquia e escolhido um para participar. O coordenador do grupo é que vai dar o seu parecer sobre a recepção ou não da crisma, de acordo com o amadurecimento da pessoa.
14. Programe atividades extras para confraternização e amizade. O grupo precisa se sentir unido e ter uma identidade própria. Assim, quando acabar a catequese, o grupo vai querer continuar como grupo de jovens. Se isso acontecer, a catequese foi boa e frutuosa! Passeios, retiros, vigílias, gincanas, noite de talentos, festival de canção católica, concurso de teatro e encontros com grupos de outras paróquias ajudam muito. Aproveite a Campanha da Fraternidade do ano como inspiração…
15. Não faça da sua catequese uma arma: fale apenas o que sabe, não invente nem aumente. Você é instrumento de Deus e fala em nome da sua Igreja. Você não está ali para falar de sua fé pessoal, mas para transmitir a fé da Igreja de Cristo. Veja músicas, textos bíblicos e dinâmicas para motivar o encontro.
16. Trabalhe em grupo. Catequese só pode ser dada em comunidade. Peça que outras pessoas de fé lhe ajudem nos encontros. Não falte á reunião de preparação com outros catequistas. Discuta antes, com seu padre, com a irmã ou com outro catequista, o encontro: peça dicas, aceite sugestões, programe a oração inicial ou final, etc. E conte com a participação dos crismandos também.
17. Vá aos poucos, progressivamente. Você que deve ter muita coisa a dizer, deve ir parcelando as coisas aos poucos, durante o ano. É melhor fazer dois encontros de uma hora e meia do que um de três horas.
18. Catequize pais e padrinhos. A catequese de sua comunidade programou o que, para pais e padrinhos? Você precisa tê-los como aliados e precisa catequizá-los também. O grupo de catequese programou como será a participação e a catequese deles durante a preparação dos adolescentes?
19. A leitura da Bíblia nos ajuda a olhar e ver a realidade. Não o contrário. Não faça política, mas não se esqueça que a leitura da Bíblia serve mesmo é para ver a realidade que está aí. Não tenha medo de discutir e ver, sob a ótica da fé, assuntos atuais e candentes. A fé não é pra ficar na sacristia, mas serve para viver com a realidade presente e modificá-la. Não faça da fé “ópio do povo”, mas “motor de ações” que ajude a melhorar a realidade e a sociedade. A fé nos inspira a todos para ser e fazer a diferença.
20. Liturgia e catequese são da mesma família da fé. Catequizando que se preza, precisa ter participação ativa na liturgia. Agora, não basta mais vir à missa. É preciso contribuir com a comunidade de fé. Contribuir concretamente, o jovem que não quer mesmo, deve ser aconselhado a repensar a sua opção de ser crismado. É como alguém querer namorar uma garota e se recusar a ficar perto dela… (É ruim, não é?)
Pe. Paulo F. Dalla-Déa
Doutor em Teologia, membro da Sociedade Brasileira de Catequetas e da SOTER – Sociedade de Teologia e Ciências da Religião.