O segundo passo
Tendo como primazia a busca pela Voz de Deus e vontade de Deus na nossa vida, nós podemos caminhar para o segundo momento: Olhar para a nossa humanidade; nosso querido amigo, o autoconhecimento. Meus irmãos, até o mundo secular já entendeu que não é possível avançar sem se conhecer, sem conhecer nosso corpo, nossa mente e até mesmo utiliza disso para nos manipular.
Por que não utilizar o ensinamento do próprio Cristo e da Igreja e seus santos para buscar sua essência? Sua essência está em Deus e não nas vozes do mundo! Sua essência está no Chamado fundamental: Na vida que te foi dada por Deus!! Não tenha medo de acolher o DOM BELÍSSIMO que Deus te deu: Sua vida.
Tenha coragem de reconhecer quem é Deus e quem é você (S. Francisco de Assis). O pecado original e o mundo podem até ter manchado a imagem de Deus em você, porém eles não são maiores que a Graça de Deus e a Voz de Deus na sua vida! Tomai ânimo!! Reconhecer suas doenças é o primeiro passo para sua cura.
O caminho de intimidade com Deus, de autoconhecimento vão te gerar um movimento de Conversão, de mudança de vida. E aqui é como um um jogo… Se você perder alguma fase, recomece com todo o aprendizado e experiências que já tem. Quantas vezes forem necessárias, a última fase desse jogo é o Céu, a Vida Eterna…Continue até que você possa dizer com toda convicção: Zerei a Vida! hehe
Terceiro passo
O terceiro passo é a revelação divina se dá a cada um de nós de maneira muito específica – Vocação significa chamado. Ou seja, Deus chama, por Sua livre escolha, a cada um de nós. Primeiro à vida, depois a santidade e na vida da santidade cada um de nós tem uma missão. Olhe para a vida dos Santos: a Santo Inácio de Loyola Deus o chamou através dos livros e ele foi um grande intelectual; a Santa Teresa através de Cristo flagelado e ela recebeu o dom da oração e do Matrimônio Espiritual; a Madre Teresa através de um pobre e se tornou a santa da Caridade Cristã, e seu santo de devoção, seu Santo Padrinho como foi o chamado deles?
Conosco também acontece dessa forma…Tudo bem que nem a todos Deus dá uma vocação mística ou uma graça fundante como dos santos que citei acima, mas a cada um de nós Deus chama a uma missão. E aqui (somente após os passos acima da intimidade, autoconhecimento e conversão) chegamos ao passo do discernimento.
O discernimento propriamente dito
O discernimento antes de qualquer coisa é um dom o qual precisamos clamar incessantemente a Deus (pegue a dica de Salomão). Discernir na linguagem cristã para além de significar diferenciar o certo e o errado, também se trata de diferenciar as vozes que estão dentro e fora de nós.
O discernimento da Voz de Deus não é exterior. É “descobrir” algo que já está impresso desde quando Deus nos pensou. E exemplificou da seguinte forma: é como se a Voz de Deus fosse uma bolinha escondida em uma bacia de água cheia de espuma. Precisamos retirar a espuma primeiro para encontrá-la.
Muitos de nós não conseguimos esperar a água parar e retirar as espumas (vozes, apegos, má-inclinações e até mesmo atividades lícitas, porém que não são Vontade de Deus para nós) para encontrar a verdadeira vontade de Deus. Muitos de nós agitamos as águas e ficamos em desespero (igual naqueles circuitos do Acamps! hehe) e, nas nossas agitações, demoramos mais e corremos o risco de até mesmo não encontrar a Vontade de Deus. E tenho certeza que, se você está lendo até aqui, não é isso que você quer!
Tenhamos sempre em mente: intimidade com Deus, o autoconhecimento e a constante conversão. A partir disso, reconhecemos a revelação de Deus. E pedimos a Deus o Dom do discernimento para nos auxiliar a acertar nas decisões.
A busca do discernimento está também no conhecimento
Após perceber um possível chamado de Deus para você, busque conhecê-lo. Primeiro o conhecimento de Deus, e da doutrina Católica (tenha como guia a Bíblia o Catecismo da Igreja e o DoCat – compêndio da doutrina social).
Depois o conhecimento dos carismas, das vocações que existem na Santa Igreja.
Confirmação da Igreja
Percebendo os traços da Voz de Deus nós buscamos a confirmação da Comunidade Cristã, a Igreja. São Paulo, por exemplo, teve sua confirmação por Ananias. Quem somos nós então para negar a confirmação de nossa Mãe e nossos irmãos? Mais uma vez a vida dos santos tem muito a nos ensinar. Todos eles buscaram a confirmação da Igreja. E aqui um ponto importante: santos não só na vida religiosa, mas também como leigos tá? Santos dos altares e escondidos que viveram a obediência a Santa Mãe Igreja no ordinário de suas vidas.
Esse é o momento de buscar uma direção espiritual, seja de um Sacerdote, de uma Congregação Religiosa ou de uma Nova Comunidade. Busque ajuda para que Deus através deles te fale. Comece a exercitar pequenos atos próprios da vocação a qual você se sente chamado(a).
Ainda sobre a direção espiritual, busque pessoas que tenham uma vida de radicalidade evangélica e reze por eles, para que eles sejam coerentes com a Voz de Deus na sua vida.
Prontinho: agora vivendo esses passos você está em um caminho de discernimento vocacional.
Dicas bônus
1 – Viva esse tempo como um tempo entre você e Deus, silencie internamente e externamente. Partilhe apenas com pessoas mais próximas. Cuidado com partilhas que poderão confundir você e colocar mais “espumas” na sua bacia.
2 – Esteja aberto(a) a mudanças de percurso. Caso no caminho do discernimento você e seu acompanhador(a) espiritual percebam que não era bem o que pensavam no início. A Voz de Deus não muda, porém nós sim e por isso precisamos ficar atentos à pedagogia de Deus em nós.
3 – Caso você se frustre. Chore com Deus e em Deus, brigue com Deus, mas que seja como a luta de Jacó, que brigou mas Deus venceu. Encontre sua Verdade em Deus e nela estará sua autêntica plenitude de Vida.
4 – Lembre-se que existem situações na nossa vida que podemos admirar mesmo sem ter. Como um dia Santa Teresinha percebeu que já que não podia ser tudo o que queria, seria “no coração da Igreja, o Amor!”. Eu não sou chamada ao sacerdócio obviamente, mas cabe a mim admirá-los e amá-los! Para que você encontre e ame sua vocação, aprenda também amar as outras vocações.
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